x. o dia que não terminou

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eu estava tão ansiosa pra postar este capítulo nem acredito que finalmente chegou meu momento!!! 😭 é a partir deste aqui que a história fica interessante (na minha humilde e enviesada opinião).

***

Uma semana antes de viajar, Stella já estava com as malas prontas para passar duas semanas na casa dos avós. Ela queria ter certeza de que não esqueceria nada em casa, ou toda a viagem seria um caos. Não era novidade para ninguém que Stella dependia de uma rotina, o que era sempre motivo de chacota para suas dezenas de tios e primos. A família por parte de pai era grande e barulhenta — os avós tinham cinco filhos, duas mulheres e três homens.

As mulheres eram as mais espertas do bando: tia Soraia tinha uma filha de dezenove anos; tia Vládia tinha um filho de doze, enquanto os homens, animais que eram, tinham filhos com mulheres diferentes. Só o pai de Stella tinha três. Noah era o mais novo e, portanto, o mais paparicado de todos os netos. O posto de caçula da família seria temporário, já que o tio mais novo de Stella tinha trinta e três anos e já estava na terceira esposa.

Como se precisasse de um exercício mental para aguentar os longos dias que passaria com parentes expansivos, Stella decidiu se aventurar em outro tipo de selva. Do outro lado da cidade, onde viviam os mais ricos, ela se embrenhou no meio dos colegas, cujos pais eram figuras de alto patamar — políticos, empresários e diretores de multinacional —, e sentiu, pela primeira vez, como se de fato pertencesse àquele lugar.

— Não é que você realmente veio — Stella ouviu Georgia dizer ao se sentar na espreguiçadeira ao lado, vestindo um biquíni que mostrava sua figura generosa. — Quase não acreditei quando a Juliana me disse que você estava aqui.

— Eu não queria mesmo vir, mas você me convenceu — ela suspirou, pensando no dinheiro que ganharia de Georgia pelas aulas de tutoria que daria. — Espero não me arrepender. Esse sol está me atazanando...

— Você deveria entrar na água — Georgia disse. — Hoje é um dia perfeito para passar a tarde inteira na piscina. Eu amo dezembro. Uma pena que vou viajar para a Europa.

— Ai, pobrezinha — Stella debochou, cobrindo o rosto com a mão para o sol não derreter a maquiagem de seu rosto. Stella precisava urgentemente fazer as pazes com as sardas em seu rosto. — Deve ser horrível ser você.

— Tem muitas vezes que eu gostaria de não ser eu — ela murmurou para si, soando tão distante que a fez parecer melancólica. — O que você vai fazer da sua vida? — ela perguntou de repente, fixando os olhos em Stella.

— Vou construir uma carreira brilhante na USP, entrar na lista da Forbes Under 30, depois vou me casar e adotar uns três gatos — ela respondeu com simplicidade, incapaz de impedir a imagem de Cacau que invadiu seu pensamento. — Meus pais me criaram para ser quem eu quiser ser, graças a Deus, mas eu sinto que não sou quem eu deveria ser. Não faz sentido, eu sei, mas a adolescência está me matando.

— Faz sentindo, sim — Georgia discordou como se, de fato, compreendesse o que ela queria dizer. — Meus pais me criaram para ser o que eles querem que eu seja, mas isso é impossível porque eu vim com defeito. Não sei bem o que fazer até conseguir deixar isso tudo para trás, às vezes me sinto tão presa.

— Você deixaria tudo isso para trás? — em choque, ela fez um movimento com o dedo indicador para gesticular tudo o que existia ao redor delas. — Não pode ser tão grave assim, Georgia. Você tem um irmão viciado, com todo o respeito. Nada é pior do que isso.

Georgia deu uma risada nada sincera, desviando os olhos para longe. Stella seguiu o olhar dela e não soube dizer para onde ela estava olhando. Havia mais gente na piscina do que o recomendado pela vigilância sanitária.

No Final Tudo Faz SentidoOnde histórias criam vida. Descubra agora