xxxvii. juízes 16:6

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sei que estou atrasadíssima na postagem desta história, mas ando muito ocupada e lotada de coisa para fazer. aliás, também não tive tempo de revisar/editar este capítulo, qualquer erro ou incoerência me avisem aí nos comentários. vou tentar não demorar para voltar com os capítulos finais desta segunda parte. bjs.


Quando chegaram em casa, Brooklin tirou as botas de cano curto que usava e jogou as chaves em cima do aparador. A frustração que emanava de todo o corpo dela era palpável e vibrava em ondas que atingiram Stella como um choque elétrico. O silêncio entre elas só foi quebrado quando Stella a chamou para se sentar no sofá um pouco ao perceber que Brooklin estava prestes a subir para o quarto.

— Não consigo entender você, Stella — ela murmurou depois de um momento, visivelmente atordoada pela mudança abrupta de comportamento de Stella. — Não sei por que ainda insisto em tentar... Você quer desistir, é isso que você quer?

— Não — Stella respondeu, surpreendo a si mesma com a sinceridade que encontrou em seu coração. — Mas talvez você queira.

— Por que você diz isso?

— Tem algumas coisas que você precisa saber sobre mim, Brooklin — ela disse, cruzando as pernas ao tentar organizar seus pensamentos. — Antes da gente seguir com isso, eu preciso que você esteja ciente de que não sou uma pessoa fácil de lidar. Não só isso, eu sou instável.

Brooklin riu, como se aquilo não fosse uma grande novidade. Em vez de esbravejar, como sentiria vontade de fazer se estivessem em outra situação, Stella apertou os olhos e respirou fundo antes de dizer o que precisava ser dito. Brooklin merecia saber com o que estaria lidando dali em diante.

— Eu sou bipolar — ela conseguiu dizer, evitando o olhar de Brooklin para não esmorecer. — Eu faço tratamento desde que descobri, mas nem sempre os remédios parecem fazer efeito. Às vezes eu sinto que piora e isso afeta o meu humor, a minha percepção de espaço, de tempo. Já faz quase um ano que eu não tenho uma crise depressiva, mas a última crise que tive foi tão forte que quase desisti de tudo. Não sei até que ponto vou ser útil para os seus trambiques. A última coisa que quero é empacar seus planos com as minhas demandas e limitações. Você tem sido incrível comigo e eu não quero retribuir a sua generosidade sendo um estorvo na sua vida.

Quando finalmente ergueu os olhos para encará-la, Stella encontrou Brooklin em completo estado de estarrecimento. Ela estava atônita, petrificada, confusa, e não foi capaz de emitir um som sequer. Em silêncio, Stella a observou com uma ansiedade prematura.

— Não sei o que dizer — ela murmurou, piscando freneticamente como se precisasse impedir os olhos de umedecerem.

— Não precisa dizer nada — Stella a livrou do peso de ter que reagir a algo tão inesperado, de ter que dar um parecer a respeito de um assunto sobre o qual não estava preparada para discutir. — Pensa nisso. Não vou me ofender se você concluir que não sou "wife material" para você.

Ela deu uma risadinha seca, achando graça por retomar a expressão estrangeira usada por Brooklin, cuja face naturalmente pálida havia se desmanchado em melancolia e seriedade. Os olhos, sempre tão profundos e azuis, estavam focados na mão que Stella tinha repousada sobre o joelho.

Depois de tudo o que viveu naquele dia, Stella se sentia exausta. Ela precisou se recolher para recuperar um pouco da energia que gastou tendo que se expor de tantas maneiras diferentes. Quando deitou a cabeça no travesseiro para dormir, ela se deu conta de que um pedaço de si mesma ficou para trás.


Stella só voltou a ver Brooklin dois dias depois, quando saiu do quarto para tomar café e se deparou com a cozinha em desordem. Sobre a ilha estavam as frutas cortadas, o café passado e diferentes tipos de pães. Stella roubou um pão de queijo do cesto e viu de perto quando Brooklin se virou assim que terminou de lavar a louça, o que fez Stella sorrir ao se dar conta de que ela estava cumprindo com a parte do acordo de não deixar louça na pia.

No Final Tudo Faz SentidoOnde histórias criam vida. Descubra agora