xxvii. ponte sobre um problema

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Depois daquele dia, Stella pensou que não fosse encontrar Brooklin tão cedo, mas não ficou surpresa ao vê-la na casa recém-construída que Georgia projetou para viver com a esposa. Stella foi conduzida pelos corredores extensos da casa, perdendo-se em meio à elegante decoração de Natal em toda a casa. Desde que começou a dividir o apartamento com Vick, Stella só se lembrava do Natal quando Otelo mandava mensagem para lembrá-la de levar a sobremesa à ceia na casa dos pais.

— Preciso que você vá até a minha casa e me ajude com a sobremesa que tenho que levar para a ceia — ela desviou os olhos da árvore de Natal montada no canto da sala, ao lado das janelas enormes cuja vista para o jardim de Helena tomou a atenção de Stella. — Pensei em aparecer com um pudim de padaria, mas ficaria muito óbvio que não tive interesse em tentar fazer alguma coisa. Me ajuda?

— Ajudo, mas você vai precisar ficar de olho na Madá — Helena disse, apontando para a filha do outro lado. — Ela gosta de subir nas coisas.

— Não sei lidar muito bem com crianças, mas posso ficar de olho nela e impedir que ela atente contra a própria vida.

— Combinado. Quer me fazer companhia na cozinha? — Helena gesticulou para onde ela preparava a comida. Stella sentiu o cheiro de feijão e abóbora que vinha do outro cômodo.

— Vou falar com a Georgia primeiro.

Helena assentiu antes de deixá-la sozinha para retornar à cozinha. Stella deu uma última olhada no jardim, ouvindo o som característico do grilo que se escondia entre as plantas de Helena. Sentada no meio da sala, calçando meias coloridas, Brooklin ajudava Madá a construir uma cidade com blocos de madeira reflorestada, enquanto Georgia trabalhava com um MacBook no colo.

— Oi, Madá — Stella se sentou no sofá, perto da poltrona na qual Georgia estava sentada, notando o porte físico dela com um olhar curioso. — Ei, você jogava vôlei no colégio, não jogava?

— Vôlei? — Georgia olhou para ela com os lábios franzidos. — Só nas aulas de Educação Física. Por quê?

— Acho que você tem porte de jogadora de vôlei — ela disse, avaliando os atributos físicos de Georgia com um sorriso sincero. Apesar de não ser tão alta, ela podia facilmente se encaixar na posição de líbero. — A Vick gosta de rever os jogos da seleção todo fim de ano, é um ritual nosso, mas nunca tinha prestado muita atenção nos jogos até me deparar com a Rosamaria. Eu acho que ela deveria ser a minha esposa.

— Nunca vi um jogo sequer, mas a Helena assiste com a Madá quando passa na TV — ela retornou os olhos cansados para a tela do computador, torcendo os lábios ao emendar com o semblante pensativo. — Gosto de tênis, acho que eu deveria voltar a jogar.

— Tênis? — Stella fez uma careta. — Que sem graça. Vôlei é muito melhor, as mulheres do vôlei são as mais saborosas. É possível que eu esteja obcecada.

Georgia riu, mas não teve tempo de reagir ao que ela disse, já que Brooklin resolveu escolher aquele momento para atrapalhar a conversa delas. Naquele dia, ela usava calça jeans larga e camiseta branca que deixava à mostra metade da barriga lisa dela. Com o corpo esculpido pela deusa Afrodite, não era de se estranhar que ela era modelo.

— Eu devo estar surda — ela comentou despretensiosamente —, porque não ouvi você me cumprimentando quando chegou.

— Cumprimentei você em pensamento — Stella respondeu no mesmo tom, observando com interesse a igreja e as duas casas que ela havia construído com Madá. — Que casinhas lindas, Madá. O que mais vocês estão montando aí?

— É uma escola — ela disse com um sorriso enorme no rosto rubro que combinava com a cor dos cabelos dela. Helena tinha feito uma cópia de si mesma. — Agora vamos fazer uma fazenda com muitos bichinhos.

No Final Tudo Faz SentidoOnde histórias criam vida. Descubra agora