— A escuridão foi uma das primeiras coisas que notei. Compreendo ser necessário manter o interior do castelo escuro para que os membros do clã sintam conforto, mas isso não quer dizer que todas as janelas devom estar sempre fechadas. Acredito que seja possível conciliar as coisas sem prejuízo para os Suppasits.
Emocionado, Mew depositou a taça de vinho sobre o pano, invadido por um certo sentimento de culpa ao reconhecer que Gulf tinha razão. A maneira como ele falava, sobretudo, demonstrava que aceitava sua natureza. Num impulso de ternura, ele o abraçou, pensando que poderia se considerar o mais feliz dos homens.
— Eu o convidei para comer bolinhos de mel! — Gulf fingiu zanga quando ele passou a beijá-lo e a desabotoar sua camisa.
— De repente sinto apetite para um mel mais doce do que o dos bolinhos...
Mew o fez deitar sobre o tecido, e então tirou-lhe a roupa desnudando-o totalmente. A combinação do ar fresco da noite com o calor interior que sentiam aumentavam o prazer de ambos, e de repente ele ergueu os braços de Gulf e os prendeu contra o solo, enquanto passava a beijá-lo nos mamilos e no ventre. O fato de se sentir preso e não poder se mover o excitava ainda mais, e Gulf não tentou se desvencilhar. Contudo, seu corpo se retraiu em choque quando Mew deslizou a face mais para baixo e o colocou na boca.
— Não me negue este Mel, meu amor! — Mew passou a chupa-lo de modo profundo na parte mais íntima de seu corpo.
As carícias da língua de Mew fizeram Gulf cerrar os olhos, entregando-se aquele contato que provocava sucessivas ondas de prazer e calor. Inebriado, Gulf foi conduzido a um estado de total abandono, até atingir um êxtase profundo e mais úmido que nunca. Pouco depois, Mew o penetrou de uma maneira quase selvagem, mas bem-vinda e que outra vez incendiou o corpo de Gulf. Unidos num só corpo, seus movimentos se sincronizaram, e outro êxtase o atingiu. Por fim, a consciência de ambos se perdeu num turbilhão de prazer.
Os dois ainda permaneceram unidos algum tempo, mas afinal Mew rolou para o lado, ergueu o rosto e o fitou com um sorriso. Embaraçado, Gulf desviou o olhar, então Mew se aproximou e o beijou.
— Não estou acostumado a me abandonar assim. Jamais havia experimentado um clímax tão profundo seguido de outro.
— Será que estou falhando como marido? — Perguntou Mew em tom de brincadeira.
— Pode ser seu marido, mas jamais se tornará seu companheiro de sangue — soou uma voz tenebrosa de repente.
Horrorizado Gulf mal teve tempo de reconhecer Art antes que o sinistro homem empurrasse Mew para longe, fazendo-o rolar sobre o solo até bater fortemente a cabeça contra uma rocha. Em seguida Art o puxou violentamente e o fez levantar, segurando seus braços com tanta força que lhe impedia de se movimentar. Enquanto isso, Mel jazia desacordado.
Usando toda a força que possuía, Gulf conseguiu se libertar, e ia correr quando Art o agarrou pela cintura. Adivinhando que também seria jogado contra uma rocha, Gulf se virou e enterrou as mãos na cabeça de seu agressor, agarrando seus cabelos antes de ser atirado longe, Art soltou um medonho ruivo de dor quando teve as mechas de cabelo arrancadas, mas Gulf não pode saborear a vitória, ocupado em se curvar em pleno ar, ao mesmo tempo que tentava proteger o ventre e defender o ser que agora sabia gerar dentro de si.
Ao atingir o solo, a respiração de Gulf estava pesada e dolorosa, como se lhe apertassem os pulmões, e a forte pancada na cabeça quase eu fez perder os sentidos. Seus braços, contudo, cobriam a barriga para protegê-la e as mãos serradas ainda seguravam os cabelos arrancados de arte.
— Quem é você? — Art aproximou-se, com um filete de sangue escorrendo pela testa.
Gulf permaneceu no chão e se encolheu o quanto pode para proteger o ventre, mas afinal Mew levantou-se e correu para eles, com expressão ainda mais bestial no rosto do que ostentará durante a luta que sucederá o casamento.
— Ele é meu marido, meu companheiro de sangue — disse Mew antes de erguer Art e o atirar longe.
Art voou vários metros de distância; mal tocará o chão, e já seguia para contra-atacar. Mew ergueu os braços num gesto ameaçador, que teria afugentado qualquer mortal, mas Art o encarou e caminhou em sua direção também erguendo os braços e abrindo a boca, pronto para literalmente atacar com unhas e dentes.
Apesar de tonto devido à queda e a dor na cabeça, Gulf conseguiu se erguer, e já estava em pé quando braços fortes o ampararam pela cintura. Sua primeira reação foi de choque, mas logo reconheceu Thonr e Raibeart ao seu lado. Surpreso, Raibeart fitava os tufos dos cabelos de Art que Gulf trazia nas mãos.
— O senhor é pequeno mas muito forte — comentou o cavalheiro Suppasit.
— Pensei que Art houvesse matado Mew. Não vão ajudá-lo?
— Somente se nosso lorde estiver em desvantagem — disse Thonr.
Aquele comentário não bastou para aliviar o horror e o medo de Gulf. Cada vez mais tonto e prestes a desmaiar, ele observou Mew e Art lutarem como feras, até ele atirar o oponente longe então quebrar um galho de uma pequena árvore para usar como lança de madeira. Art começava a se erguer, mas Mew foi mais rápido e enterrou o galho em seu coração, fazendo-o soltar um horrível grito de dor. Art tornou a cair no solo, com o corpo tremendo, enquanto Mew o fitava de pé a seu lado. Pouco a pouco o tremor de Art diminuiu; ele tentou erguer-se, mas não conseguiu. O senhor de Cambrum, que até então o fitava com o olhar de vitória, afinal pareceu se condoer.
— Não era necessário que isso acontecesse.
— Sempre me disseram que minha ira me seria fatal — Art murmurou. — Este mortal o roubou de mim, e por isso o quis matar, meu lorde.
— Eu nunca fui seu, Art, nem nunca você desejou de fato a mim. Queria apenas ser o senhor de Cambrum. Quanto a Gulf, ele me aceitou, quis ser meu marido mesmo sabendo quem eu era.
— Posso sentir que você não consumou a união de sangue.
— Esperarei até ter certeza absoluta de que nossa união não vai horrorizá-lo, e de que Gulf aceitará também esta faceta de meu ser.
— Você é um tolo... — Art conseguiu sorrir, embora suas forças o abandonassem com rapidez, indicando que em breve morreria. — Ainda terá surpresas inesperadas, e sinto não mais estar aqui para saborear seu choque quando souber o que ainda não sabe.
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Cavalheiro da Noite
FanficPrólogo Dois homens unidos por Laços de Sangue e por uma maldição que assombra seu clã, estão condenados a uma vida sombria e submetidos a desejos estranhos e incontroláveis. Somente o casamento com homens que não compartilham a natureza desses...