03 - Aquele com a ursinha.

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🎨 | Boa leitura!

Estou há dez minutos com o celular no viva-voz sobre a bancada da cozinha ouvindo a minha avó me dar o sermão mais longo que eu já ouvi na vida

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Estou há dez minutos com o celular no viva-voz sobre a bancada da cozinha ouvindo a minha avó me dar o sermão mais longo que eu já ouvi na vida. Eu sabia o que ia acontecer assim que eu avisasse da situação com o colega de quarto surpresa, mas ouvir todo esse discurso está me deixando realmente envergonhada, como se eu fosse a pessoa mais burra do mundo e tivesse tomado uma decisão idiota. Não estou dizendo que isso não é verdade, mas de que outra forma eu vou conseguir ficar com o apartamento?

Continuo guardando minhas compras na minha parte do armário depois de Christopher e eu termos discutido sobre como dividir o espaço. O rabugento pegou até mesmo uma fita métrica para não ter nenhuma diferença sequer, mesmo que milimétrica. Aposto que foi sua primeira tática de irritação, por isso não me deixei abater.

Venha direto para casa, ok? Eu mando um dos seus irmãos ir te buscar. Depois você pega as suas coisas, apenas saia daí!

Se eu sair, ele vence.

Sério, ursinha!? — ela berra irritada. — Você acha que a vida é brincadeira? Você não conhece esse homem!

Ele também não me conhece, dona Beth. — solto um suspiro.

Quando me viro para pegar mais algumas coisas que estão sobre a mesa, vejo Christopher se aproximando. Faço sinal para que ele fique em silêncio e aponto para o meu celular sobre o balcão.

— Nós não nos conhecemos, então estamos no mesmo barco aqui. — digo claramente para a minha avó.

Mas eu te conheço e você não é uma sociopata. Não sabemos se ele é!

Christopher ergue as sobrancelhas, cruza os braços e me encara.

— Bom, estamos sozinhos há horas, ele teve muitas chances de me matar e não fez isso.

Porque sabe que você tem família e sabemos onde te encontrar. Deve estar planejando a hora certa.

Christopher toca o queixo com o indicador e balança a cabeça um pouco como se estivesse deliberando sobre essa ideia. Lanço um olhar tedioso para ele e tento finalizar o assunto com a minha avó.

— Tenho que ir, vózinha. Não se preocupe, ok? Ele irá embora em breve.

— Na verdade, vózinha... — ele começa a falar e eu automaticamente arregalo os olhos. — Eu pretendo ficar com o apartamento e, sim, acho que eu terei que planejar como me livrar da sua neta se ela não for embora por conta própria.

E depois disso, sem deixar que eu ou a minha avó reagíssemos, ele pega o meu celular e finaliza a ligação.

— Você ficou maluco!? — grito. — E se ela for hipertensa? Se tiver um problema do coração? Ela não conhece você, não pode fazer essas coisas!

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