44 - Aquele com o confronto.

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🎨 | Boa leitura!

Ele ficou estranho comigo o dia inteiro

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Ele ficou estranho comigo o dia inteiro. Tentei agir da mesma maneira de sempre, perguntei se estava tudo bem e tudo o que recebi foi um olhar vazio e silêncio total. O ouvi reclamar brevemente do trabalho enquanto estávamos focados em nossas tarefas. Ele ficou atrás de sua mesa dizendo que não está satisfeito e que poderia cair o fora da empresa mesmo que não estivesse tão seguro disso. Eu disse que ele deveria chutar o balde e ele respondeu com um simples resmungar, como se o que eu dissesse não fosse importante.

Engoli esse sentimento de insegurança que me assolou durante o dia, mas eu tinha que confrontá-lo ou não dormiria à noite. Por isso, na hora do jantar, entrei na cozinha e o peguei de surpresa ao abraçá-lo por trás. Christopher não me afastou, o que foi um alívio. Ele tocou suavemente uma das minhas mãos e apertou de leve. Sentei em meu lugar habitual e fiquei quietinha enquanto ele me servia. Em silêncio, ele sentou de frente para mim e não disse uma palavra, mas eu pude notar seu olhar vagando para o relógio redondo na parede da cozinha.

— Vai me dizer o que houve com você? — pergunto com a voz de quem está exausta.

Christopher ergue os olhos para mim e para me observando por um instante. De repente, ele larga os talheres, se recosta contra a cadeira de modo a deixar sua postura ereta e inspira o ar profundamente uma única vez.

— Geralmente, eu corro para conversar sobre as coisas que me incomodam assim que elas me incomodam. — começa. — Mas isso... Não sei como lidar com isso.

— Deixa eu te ajudar. — ofereço.

— Como poderia se o problema é com você?

Recuo um pouco para trás como se tivesse sofrido um ataque. Franzo a testa e entreabro os lábios pensando em qual pergunta fazer, mas na verdade eu nem preciso, porque ele me dá a resposta antes disso.

— Você mentiu sobre conseguir o emprego em Nova York só para ficar comigo?

Isso me pega de surpresa e devo estar transparecendo isso em meu rosto, porque ele se adianta em explicar.

— Eu percebi que você não estava me contando alguma coisa, então eu falei com a minha mãe. E então, Dulce, fez isso por minha causa? — seus olhos parecem suplicar por algo quando ele faz essa pergunta.

Mas o que eu poderia lhe dar além da mais pura verdade?

— Sim, eu menti.

— Por que?

— Não quero que isso pareça maior do que é.

— Como não? Mas e a sua carreira? Seu sonho? — seu tom de voz começa a ficar mais preocupado.

— Sonhos mudam. Prioridades também.

— Dulce, me diga que não está fazendo isso por mim. — me encara com seriedade.

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