35 - Aquele com o dia de garotas.

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🎨 | Boa leitura!

A atmosfera parece errada e eu sei exatamente o que é isso

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A atmosfera parece errada e eu sei exatamente o que é isso. É um dos meses difíceis, um daqueles em que o meu corpo decide que ser mulher não é o bastante e que eu preciso sentir como se tivesse um milhão de explosivos sendo acionados na minha cabeça. A maldita TPM severa que com certeza vai me fazer chorar por qualquer coisa e querer matar qualquer coisa até que meu útero se esprema e sangre por cinco dias.

Começo a minha manhã de forma forçada, arrastando os meus pés pelo piso até chegar ao estúdio. Christopher não está em lugar nenhum, mas me mandou uma mensagem há algumas horas dizendo que vai passar o dia em um congresso obrigatório e que não teve tempo de deixar nada pronto para o almoço. Motivo do primeiro choro do dia: ninguém vai cozinhar para mim.

Enxugo minhas lágrimas e largo o celular em meio à bagunça da minha mesa. Viro-me para o quadro em andamento. Estou pintando o clímax e choro pela segunda vez com saudade da sensação de estrelas saltando do meu peito. Não faz nem vinte e quatro horas que eu tive um orgasmo e já estou lamentando. Pelo menos ontem à noite eu estava com lágrimas nos olhos por razões melhores.

Decido que esse quadro está me dando gatilhos no momento, então desisto do trabalho e pego o meu celular para ligar para a minha irmã. Sempre que uma de nós tem uma TPM severa, a outra se prontifica a fazer companhia e realizar uma espécie de "dia de garotas". Eu realmente acho que uma máscara de argila e fazer as unhas vai me ajudar.

Infelizmente, ela diz estar presa no trabalho, mas sugere que eu ligue para a Anahi. Anahi também está atarefada e eu resolvo apelar para os meus irmãos. Poncho: preso no escritório com um cliente chato. Christian: no meio de uma negociação que pode lhe render uma fortuna.

Motivo do terceiro choro do dia: ninguém vai vir ter um dia de garotas comigo.

Soluço alto sentada no chão da sala contra o sofá enquanto tento enxugar o meu rosto sem muito sucesso, já que as lágrimas não param de rolar. Tento me controlar quando meu celular toca e eu vejo o nome do Christopher na tela. Respiro fundo e faço o possível para manter a minha voz neutra.

— Oi!

Oi, Dulce, acabei de lembrar que tem uma travessa com o jantar de ontem no congelador. Você não jantou, então sobrou bastante. É só colocar no forno e tirar quando o queijo derreter, não tem segredo.

Meus olhos estão se enchendo de lágrimas de novo e dessa vez eu não seguro o soluço que sai da minha garganta.

Motivo do quarto choro do dia: Christopher se preocupando com a minha alimentação e me ligando no meio de um trabalho obrigatório para se certificar de que eu vou ter o que comer mesmo ele não estando perto.

O que foi? — sua voz soa preocupada. — Você está bem? O que aconteceu?

— É que eu estou sozinha... — respiro fundo. — E eu estou tão triste...

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