15 - Aquele em que ela não chega lá.

995 125 143
                                    

🎨 | Boa leitura!

Ela simplesmente saiu correndo

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Ela simplesmente saiu correndo. Antes disso, a maneira como ela me olhou foi dolorosa, não havia raiva ou rosnados que demonstrassem indignação. Não entendo o motivo de ficar tão chateada por causa de umas flores idiotas.

Pego o bilhete que ela deixou para trás e o leio. É quando começo a entender. Ela nunca ganhou flores e essas teriam sido suas primeiras. Ainda acho uma bobagem, mas entendo o porquê para a Dulce isso seja importante. O que eu não entendo é esse aperto no meio do meu peito.

Ela ficou o resto da tarde e a noite toda no quarto. Eu fiz o jantar para nós dois como sempre e até tentei chamá-la, mas ela não abriu a porta e não me respondeu. E esse incômodo continuou me perturbando até ser tarde da noite e eu ir dormir. Não é possível que eu vou ficar com remorso por causa de uma dúzia de rosas vermelhas idiotas. São as flores mais impessoais do mundo, uma escolha de preguiçoso.

Na manhã seguinte, como sei que ela só acorda bem tarde, saio de casa e começo a fazer uma procura pela cidade. Odeio estar tomando essa decisão, mas quero que essa sensação dentro de mim acabe e esse parece ser o único jeito. Se ela queria as flores, ela vai ter. E se um buquê genérico de rosas vermelhas é o bastante, que se dane, vou entrar na primeira floricultura que eu encontrar.

E foi exatamente o que eu fiz. Dei uma pequena olhada e estava prestes a pedir o buquê de rosas, quando outra vez tive a sensação de que isso não estava certo. Pedi o catálogo, dei uma olhada nos tipos de flores e no final, saí de lá de mãos vazias. Visitei mais algumas floriculturas e quando já estava desistindo e voltando ao plano das rosas vermelhas, passei por um lugar todo colorido que tinha uma proposta de criar flores únicas.

Escolhi um buquê que considerei ser a cara dela e comprei um cartão para que eu pudesse escrever algo. Voltei para casa torcendo para Dulce ainda estar dormindo às onze da manhã e por sorte, ela ainda não tinha saído do quarto. Eu estava até começando a ficar preocupado.

Deixei o buquê com o cartão apoiado em um dos seus cavaletes e depois comecei o meu trabalho, que já estava mais do que atrasado porque eu resolvi bancar o cara legal. Me sinto meio trouxa parando para analisar.

Vinte minutos mais tarde, Dulce entra na sala e sequer olha para mim. Quando vai até o seu local de trabalho, ela para ao ver as flores e eu a observo de relance. Ela engole em seco e se aproxima do buquê como se estivesse se aproximando de uma cobra. Primeiro ela pega o cartão e eu fico assistindo suas reações enquanto lê. Minhas mãos estão suando em expectativa.

São rosas brancas pintadas artificialmente pra que as pétalas pareçam aquarelas. Isso sim se parece com algo que você gostaria de ganhar, não um buquê genérico de rosas vermelhas que aquele coach mandou. Deveria me agradecer por tê-lo destruído.

Eu não assinei, porque não precisava. Dulce ergue os olhos para mim com o semblante surpreso e eu me mantenho sério, mesmo sentindo a pulsação no meu pescoço ficar forte por alguma razão.

Room HatersOnde histórias criam vida. Descubra agora