23 - Aquele com a mãe.

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🎨 | Boa leitura!

Parece que o ar está encontrando dificuldade de encontrar o caminho correto até os meus pulmões

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Parece que o ar está encontrando dificuldade de encontrar o caminho correto até os meus pulmões. E eu não consigo ficar quieto também, movendo os dedos das mãos enquanto observo as pessoas andado para todos os lados no aeroporto. O dia até amanheceu diferente, nublado e mais frio, o que é estranho para essa época do ano no Texas. É a chegada dela, tenho certeza. Até o meio ambiente sente a energia pesada. E sou eu, cético e pé no chão, dizendo isso.

Odeio como a minha mãe me faz sentir. Mesmo depois que eu cresci e me tornei um homem adulto, ela ainda tem o dom de me fazer sentir pequeno com um único olhar. Basta ela olhar para mim e algo nas minhas entranhas se encolhe.

Depois de um tempo e com a maturidade, eu entendi que é tudo resultado das críticas. Enquanto de um lado estava o meu pai, que não se importava com nada e negligenciava totalmente a atenção sobre mim, minha mãe se importava de forma negativa, sempre enxergando apenas os erros em tudo o que eu fazia. Ela sempre tinha do que reclamar, não importando o quanto eu me esforçasse. E é isso o que eu sempre espero dela, talvez por isso a sensação de encolhimento quando ela chega perto. De certa forma, é o meu inconsciente tentando me proteger da próxima palavra ácida.

Sinto uma mão pequena e macia dentro da minha e olho subitamente para o meu lado direito. Me lembro de que não estou sozinho. Dulce lança um sorriso para mim que é pequeno e doce, e que me tranquiliza como se ela tivesse colocado um cobertor quentinho em meus ombros. Acolhedor é a palavra que estou buscando.

— Você está suando. — ela diz esfregando seu polegar nas costas da minha mão.

— Então me solta. — sugiro.

— Não.

Seguro o olhar nela mais um pouco, querendo muito perguntar o porquê de ela estar fazendo isso. Ela não precisa. Na verdade, é até benéfico que ela me jogue aos leões. Nesse caso, à leoa. Mas por que ela está aqui, segurando a minha mão suada e sorrindo como se estivesse tudo bem?

Fico de frente para ela e ergo minha mão para o seu rosto. Ela fica totalmente séria e arregala um pouco os olhos quando eu toco abaixo da sua orelha, esfregando para limpar a mancha azul da sua pele.

— Estava sujo de tinta. — explico e mantenho minha mão ali mesmo depois de a mancha sumir.

— Ah! — ela ri e solta uma lufada de ar que traz o aroma do capuccino que ela bebeu mais cedo até o meu nariz.

Ainda estamos de mãos dadas e eu estou perto o bastante para que ela seja a única pessoa no meu foco, o seu cheiro de flores e café servindo de fundo para o ambiente. Os olhos castanhos dela brilham ao reluzir as luzes brancas do aeroporto, se tornando a coisa mais fascinante que eu já olhei. Eu poderia ficar aqui olhando para ela por horas ao invés de receber a minha nada amável mãe.

E por falar nela, tenho certeza de que é essa presença que acaba de parar perto de nós. Respiro fundo e desvio o meu olhar da Dulce de forma bem relutante. Continuo segurando a mão da minha falsa namorada quando me viro de frente para Alexandra Uckermann.

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