Capítulo 22

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(DEPOIS DE PENSAR MUITO, VAI AQUI MAIS UM)

Margarida Gomes

De todas as coisas que podiam ter acontecido, nunca iria imaginar que acabaria assim, talvez soubesse que ele me iria trair, mas com a Leonor? Foi demasiada informação.

Fui para a praia, onde encontrei-me mais cedo com o António, sentei-me no areal e comecei a chorar.

Talvez não tenha pensado bem antes de pedir ao Spencer para vir ter comigo hoje, mas agradeço a mim própria por tê-lo feito, iria saber mais cedo ou mais tarde.

Limpo as lágrimas, mas continuavam a cair como se fosse uma torneira e não queria sentir-me assim novamente, uma merda!

Estava distraída a chorar que não percebi que o António se aproximou, apenas senti-o já com ele sentado ao meu lado.

- Vim para aqui pensar, estar sozinha, não preciso de ti aqui? Aliás como é que me encontraste?

- Ouvi dizer que gostavas da praia, e como estavas aqui antes, foi um palpite. - Já se passou 3 horas desde aquele acontecido, não sei há quanto tempo estava ali.

- Vai-te embora.

- Não te vou deixar aqui sozinha. Magui.

- Eu não te quero aqui. - digo.

- Mas eu não quero ir embora. Cometi um erro.

- Jura!

- Vá lá Magui, olha para mim. - Olho para ele, após resistir muitas vezes.

- O que foi?

- Ele não te merecia?

- Quem merece afinal? - Ele não me respondeu apenas aproximou-se de mim.

- Lembraste de como nos conhecemos?

- Sim! - digo. - Fui sincero, gosto mesmo de ti.

- O que queres dizer com isso?

- Não quero afastar-me de ti, não quero que te afastes de mim, eu preciso de ti ao meu lado, preciso que me dês na cabeça. És minha amiga Magui e eu vou sempre querer proteger-te.

- Eu... - Olho para baixo. - Eu tenho uma coisa para dizer, e isso pode afetar a nossa relação, eu não quis dizer, mais cedo, porque... - Ele agarra na minha cara e aproxima o seu rosto do meu.

- Eu amo-te Magui. - disse. - Não apenas como amigo, não sei como, nem sei porque, tentei ver na Leonor, algo que vi em ti, e não encontrei, procurei-te nela, esta semana, e não acredito que quase te perdi.

- O que te faz pensar que me ganhaste? - Pergunto e ele sorriu.

- Não ganhei. - disse e afasta-se.

- Somos amigos não somos? - Pergunto.

- Somos! - disse.

- Só isso que somos? - Pergunto para me fazer entender. Ele vira-se novamente para mim e cola os nossos lábios.

Como queria aquele beijo.

Ele não desfaz o contacto corporal, apenas afasta os seus lábios dos meus quando o ar entre nós acaba.

- Não quero apenas ser teu amigo, mas não quero estragar o que temos.

- Então o que fazemos António?

- Eu vou sair da casa!

- Vais-te afastar de mim?

- Eu só quero saber se isto é mesmo verdade ou não.

- Tu não podes chegar, dizer que me amas, beijares-me e ires embora.

- Eu não quero estragar a nossa amizade.

- Mas assim vais estraga-la. Tu amas-me ou não António?

- Amo! Mas dá-me tempo. Acabámos uma relação agora estamos ambos alterados, ressentidos, tristes, não é bom começarmos uma relação assim.

- Eu não sou nenhuma doença que precisa de recuperação.

- Tu não, mas eu preciso! Desculpa se sou antiquado, mas eu quero que isto, nós, corra bem, e não vai correr bem, neste momento não vai correr bem.

- Okay! Acho que tens razão. - digo. - Precisas de sair, para teres tempo para pensar?

- Não... - diz e eu ri. - Mas não podemos beijarmo-nos outra vez.

- Okay. - digo.

- Não precisamos começar agora... quando chegarmos a casa, parámos...

- E isso não é mau?

- Mais ou menos... - Sorri.

- Adoro o teu sorriso, é lindo! - Coro.

- Vá para... eu tenho fome..

- Boa... vamos comer. - Eu vim de uber, por isso apanhei boleia com ele. Fomos até ao Mac, apesar da discórdia entre nós, mas eu disse a ele, que uma vez por outra não fazia mal, e que a nutricionista dele não precisava de saber. Ele acabou por ceder.

Comemos e depois regressámos a casa, gostava de ter demorado mais.

A cena seguinte, pode prejudicar alguns espectadores.

Não era bom.

- EU VOU ESTRANGULAR-TE.

- NÃO ESTAVAS A DIZER ISSO AINDA A BOCADO, PARA DE ME BATER COM A ALMOFADA.

- TENS SORTE DE NÃO SER UMA FACA!EU ODEIO-TE!

- TENS SORTE PORQUE EU TAMBÉM NÃO GOSTO DE TI.

- INÚTIL!

- CAROLINA!

- E O MEU NOME PORRA!

- PARA!

- AHHHH IDIOTA! - Ela para de bater nele e vai-se embora de casa, passando por nós em passo de corrida. - Vou trabalhar! Adeus!

- Eu juro que acabo com ela. - Ouvimos a porta do quarto do Neves bater.

- Parece que voltou tudo ou normal. - disse um dos vizinhos a passar.

- Oh Meu Deus, mas o que se terá passado?

- Nem quero saber, nem quero saber! - disse o António a entrar.

Iria atrás da Carolina e falaria com ela no bar, mas acho que ela precisava de algum tempo para respirar, nunca a vi tão vermelha na vida, e olhem que fizemos medicina juntas e algumas coisas eram mesmo feias.

Fui para o meu quarto e o quarto cheirava ao perfume do Spencer, horrível, um perfume caro que tresandava.

Mudo os lençóis e ponho-os a lavar, quando me deito na cama acaba de lavar, percebo que naquela semana tinha sido uma péssima pessoa para as pessoas aqui da casa, mas o passado está lá atrás e não posso fazer grande coisa para o mudar.

Fiquei curiosa para saber o que se passou na minha ausência e na do António, mas a minha mente vagueava entre o beijo e o beijo de despedida no carro. Ainda me fazia arrepiar só de pensar.

- Ai... - digo e sorri para o teto.. Eu beijei o meu melhor amigo.

Tinha umas mil sensações, mas a melhor delas definitivamente foi saber que foi o melhor beijo que já dei na minha vida.

Erro No Sistema (João Neves E António Silva) Onde histórias criam vida. Descubra agora