Capítulo 27

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João Neves

O dia tinha corrido mal, vejo a Carolina com aquele, aquele, tanso, e depois vou ao Benfica Campus e vejo a Beatriz.

Conhecia-a desde que entrei para o Benfica, e ela sempre teve um fraquinho por mim, não vou mentir, ela era uma boa pessoa, inteligente, talentosa e era bonita.

Aproveitei-me disso tudo.

Se era errado, usar uma rapariga, claro que era, mas queria apenas, suspiro, queria apenas apagar os sentimentos que tenho pela rapariga que não me pode ver a frente.

A Beatriz aceitou ir ao jantar e dizer que era minha namorada, ela não era parva, por isso disse que só fazia aquele favor, mas para eu dizer a verdade, disse que iria dizer.

Pedi-lhe desculpa imensas vezes e chorei a frente dela, ao jantar, correu tudo mal, porque eles perceberam, e a Carolina se já me odiava, agora piorei a situação.

Estava a chorar, mais uma vez, quando sinto a Margarida.

- Não digas a ninguém que me viste a chorar. - disse baixo e ela aproxima-se de mim.

- Não digo.

- Eu gosto da Beatriz, mas odeio amar a Carolina. - Admito de uma vez por todas, a verdade que já todos sabiam. - Eu não quero magoar ninguém, mas eu sei que a Carolina nunca vai gostar de mim.

- Achas que é assim que vai começar? - Neguei.

- Eu não mereço o amor de nenhuma das duas, e sim o ódio de ambas.

- Vais continuar a mentir as duas?

-  O que faço então?

- Diz a verdade.

- Custa.. - Olho diretamente para ela.

- Sim, custa muito, mas vais-te arrepender por mentires, e olha que eu tenho experiência com isso. Não mintas. Mentir não leva a lado nenhum.

- Já mentiste há alguém sem ser ao António?  - Pergunto a parar de chorar.

- Menti a Carolina muitas vezes para ela não chorar comigo. - Ela olhou para baixo e depois para mim, vem bomba.

- O que fizeste? - Pergunto, já arrependido.

- O pai biológico da Carolina está vivo! - Engasguei-me com a minha própria saliva.

- Como assim está vivo? - Ela puxou-me para fora do apartamento.

- No dia do acidente, dois dos corpos foram levados para o hospital já sem vida, um deles, encarcerado, estava vivo, fraco, mais vivo. - diz devagar para eu acompanhar. Lembrava-me vagamente de ler a notícia, apenas por curiosidade, um acidente muito grave.

- O Pai da Carolina, sobreviveu misteriosamente sem saberem porquê, devido as grandes lesões internas e queimaduras muito graves, puseram-no em coma, para o corpo recuperar. - Ela respira fundo antes de continuar. - Ele está em coma há 14 anos, e na altura os médicos da Carolina, e a inspectora Chefe da Judiciária, acharam por bem da saúde mental da Carolina que era melhor que ambos os pais tivessem morrido naquela tarde. Ele é um autêntico vegetal e o meu pai que era advogado dos pais dela, disse que ele está irreconhecível e para ele doeu-lhe muito ver um amigo  assim naquele estado.

Ela teve que parar.

- Se não quiseres contar mais.. - Ela nega.

- O meu pai contou-me antes de ir para a Alemanha, pois ouvi uma conversa dele com a minha mãe a dizer que se o pai da Carolina morresse ela ficaria com os bens que são dela, achei estranho, os pais da Carolina eram abastados de dinheiro, e as vezes acho injusto porque ela precisa e os pais adotivas dela não conseguem, a Carolina não é de gastar dinheiro, não é mimada, mas ela não merece isto, é um fardo enorme, olhar para ela e saber que ela sofre todos os dias com isto, dos pais dela, e se ela souber que o pai esta há 14 anos sozinho num hospital e desconfiar que eu sei, ela nunca mais me fala. É um fardo, e não queria ter perguntado nada. - acaba.

Erro No Sistema (João Neves E António Silva) Onde histórias criam vida. Descubra agora