Capítulo 29

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João Neves

Ela foi-se embora, e quando eu saí todos ficaram a olhar para mim.

Neguei apenas e saí do quarto sem dizer mais nada, não tencionava beija-la, nem tencionava dizer que a odiava, odiava-a por fazer-me apaixonar por ela, odiava-a por estar apaixonado e sem hipóteses de voltar atrás e apagar aqueles sentimentos, odiava-a por gostar de uma rapariga que obviamente nunca vai gostar de mim.

Ódio é uma palavra muito forte, mas por mais insano que pareça, eu sentia aquele ódio por ela, não era porque a odiava mesmo, era por ama-la e saber que nunca a poderia ter para mim.

Apaixonei-me pela única rapariga que não quer nada comigo, apaixonei-me pela Mulher que claramente odiava a minha existência e sabem o que é engraçado, e estar apaixonado pela Mulher que desejei nunca ter.

Bato sem querer numa senhora.

- Desculpe! - digo.

- Anda mal de amores! - Olho para a Senhora. - Posso ler-lhe a mão?

- Tenho de pagar por isso? - Ela riu-se.

- Faço-lhe de graça, pela sua cara acertei. - disse. Afirmo com a cabeça e ela faz-me sentar no sofá, senta-se ao meu lado e eu estico-lhe a mão. - Vai ter um futuro promissor. Esconde um segredo que vai ser revelado. Vai haver um acidente. Vai encontrar-se com a sua alma gémea.

- Um acidente?

- É o que posso dizer! - disse e levanta-se.

- É só isto?

- Se quiser mais teria que pagar. - Ela saiu e deixou-me a pensar. Futuro promissor? O segredo seria qual? Qual acidente, mais valia ter ficado calado e ter negado aquela leitura!

Porra!

Regresso ao quarto e já estavam todos a dormir. O Edgar e a Mariana ficaram juntos, por isso fiquei na sala, abro o sofá e faço a cama com dois lençóis e um manta que ali estava.

Adormeci, apesar das insónias.

Acordámos quase todos ao mesmo tempo, arranjamo-nos e fomos tomar o pequeno-almoço.

- Vamos ao Topo da Serra a tarde, okay? - disse a Margarida para todos.

- Okay. - dissemos em Conjunto.

Alugamos um carro de 9 lugares e fomos passear.

Fomos ao Museu de Lanifícios UBI, que ficava ali perto, ao Museu do Pão e do  Brinquedo, e por volta da hora do almoço almoçamos, regressámos ao hotel para mudar de roupa e subir a Serra.

Fui o primeiro a ficar pronto, andava distraído quando bato numa rapariga, conhecia.

- Margarida?

- João Neves! - Andámos juntos na escola.

- O que fazes aqui, Simões?

- Vou-me embora, vim visitar a Serra antes de ir para Londres.

- Em Londres não há Neve? A minha irmã diz que a muita.

- Há, mas os meus pais quiseram ver. Gostei de ver-te! - disse.

O Rúben junta-se a mim.

- Estás melhor daquilo de ontem?

- Achas que pode ser ela a minha alma gémea?

- Poupa-me! A tua alma gémea é só uma, tem nome e mau feitio. - Aponta para a loira que estava a conversar com o André, nojo!

- Ainda vamos a tempo de tranca-lo no quarto.

- Deixa Estar... Não quero confusões com a Carolina.

Erro No Sistema (João Neves E António Silva) Onde histórias criam vida. Descubra agora