O que meu pai Astor Casquel, me ensinou

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Dinheiro é um tabu em muitas casas, mas nunca foi na minha. O que é uma pena, já que falar sobre isso desde cedo pode nos proteger muito dos solavancos financeiros ao longo da vida.

É apenas o relato de um filho que aprendeu muita coisa sobre isso com o pai.

Meu pai é um homem muito realista. Me ensinou desde cedo que se deve gastar menos do que se ganha, que é preciso lutar pra ter o que se quer e que nada cai do céu.

Foi muito com o incentivo dele que comecei a trabalhar, primeiramente nas empresas da família e depois estudando a moda de vários países, Astor Casquel me ensinou também a  programar tudo o que eu queria fazer com o meu primeiro salário.

Nessa época eu fazia pequenos desfiles e campanhas publicitárias, mas logo me tornei um super modelo.

Mas os ensinamentos dele foram além disso. E hoje, quero dividi-los com vocês.

Primeiro foi "O valor do dinheiro"

Quando eu tinha uns 16 anos, morávamos em um apartamento no centro de Los Angeles, que ficava quase ao lado de uma loja que vendia revistas na cidade.

Toda santa vez que passávamos por ela, na volta do colégio, eu olhava pra dentro e via aquelas prateleiras forradas de gibis de diversos heróis e de mangás. Eram segundos valiosos de pura contemplação pra mim.

Naquele momento apenas ficava olhando e com certa curiosidade. Foi meu pai que também me apresentou esse universo.

Mas só fui realmente me interessar anos mais tarde, Astor Casquel falava que eu amadureci rápido demais. Havia perdido parte da minha infância e adolescência.

Com Ella pedindo livros de romance todos os dias (mesmo que não ganhasse), meu pai decidiu que era hora de me ensinar a ter noção sobre o controle e as escolhas que o dinheiro nos impõe.

Confesso que teve uma época da minha vida que simplesmente fiquei perdido, e boa parte por causa do dinheiro.

Comecei a ganhar um salário muito cedo, antes dos 14 anos. E com aquele dinheiro, eu teria que comprar tudo o que queria em longos 30 dias.

No primeiro mês, eu gastei toda a mesada comprando diversos CDs (A Viagem Internacional) no primeiro dia de "pagamento". Dias depois, recebi uma grande quantia por um ensaio fotográfico, agora, pra comprar roupas e acessórios.

Meu pai se sentou do meu lado, e me explicou que o dinheiro que eu ganhava vinha quase todos os dias e que eu tinha que começar a controlar melhor os meus gastos ao longo das semanas. Eu era um adolescente privilegiado, mas também deveria ter responsabilidade.

Ele foi comigo até à diversas lojas diferentes e começou a fazer conta. "Ellyus, separe uma parte, como se fosse a mesada, você pode comprar inicialmente alguns gibis e ainda sobra dinheiro pra comprar alguns doces. Ou pode comprar gibis, e mangás e guardar o restante para o próximo mês".

Vocês não fazem ideia do quanto eu me senti adulto depois daquilo. Eu entrava nas lojas e consegui me controlar. Depois ficava horas escolhendo uma única revistinha por semana. A ideia era sempre diversificar. Tomei gosto pela leitura, minha psicóloga dizia que isso iria me manter mais centrado.

"Batman eu já comprei na semana passada, então agora vamos de outro gibi".

Até fiz amizade com a dona do comércio, que tinha toda a paciência do mundo de me ver folheando os gibis 1001 vezes antes de optar por um deles. Aquilo era uma terapia pra mim e acabei arriscando, escrevendo frases curtas, algumas mensagens e pensamentos que surgiam de vez enquanto.

Ouvia sempre de Astor Casquel que relações com dinheiro envolvem honestidade, e aprendi bem a lição.

Meu pai trabalhava muito. Fazia plantões de 48h em cidades vizinhas, atendia em hospitais, nos postos de saúde em alguns bairros mais carentes da cidade e no consultório. O cansaço era tanto, que já vi ele cair de sono e quase se afogar num prato de sopa durante o jantar. Isso tudo antes dele aceitar ser sócio de seu marido Marcello Savalla.

Ellyus - Sedução & AtraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora