Ellyus - Sedução & Atração

O Segredo da Ilha Misteriosa - Parte 1

— Escreva uma anotação especial para o elenco principal, com relação a esta cena, Elizabeth. Deve ser encaixada no começo do filme.

Com a cabeça abaixada, Elizabeth esperava pela longa pausa que se seguiria. O tempo não passava. Tudo ia muito devagar, naquela manhã.

— Escreva uma anotação... Acabei de dizer isso, não é? Hum... diga de novo. Inclua uma nota ao elenco, explicando que essa cena faz toda a diferença, no final do filme. Devem entender que apaixonar-se numa ilha é uma experiência totalmente diferente do que no continente. As emoções são muito mais intensas. De certo modo, isso é porque... — Ellyus pensou, de testa franzida. Por quais palavras estaria procurando? Quais palavras sua irmã Ella usaria nesse momento?... — Vamos tentar de novo. "Estando numa pequena porção de terra, os namorados são jogados um contra o outro. Com água por todos os lados, tomam consciência de que são dois, somente dois, não importa que as pessoas passem de vez em quando por suas vidas. A água, a ilha; morar nesse meio faz o amor mais doce e mais amargo." Essas eram as palavras que Ella havia imaginado anos atrás. Mas o que lhe intrigava era por que a sua irmã sempre o imaginava no lugar do protagonistas nessa história. — Afinal parou, olhou de um modo engraçado para Elizabeth, sentada na frente dele, na mesa da biblioteca, e disse um pouco distraída. — Conseguiu pegar tudo, ou estou ditando depressa demais?

Ela balançou a cabeça, sem dizer que sim ou que não. Alguns dias eram piores do que outros para ouvir aquele tipo de ditado. Para ele, eram ordens dadas aos atores. Para ela, comentários lúcidos sobre sua vida em Verica. Só de imaginar que estava ditando alguma lembrança de um dos amores libertino a deixava apática.

Nessa manhã, ele estava tão implicante, que aquilo que acabava de dizer sobre a ilha até perdia a graça.

A cena que Ellyus tinha ditado era muito emocionante. No filme os amantes fugiam à meia-noite e andavam por uma picada sinuosa, daquele tipo em que ela gostava de andar. Tinham chegado a um ponto de relacionamento no qual não podiam mais fingir. Fizeram amor dentro do nicho de uma pedra, perto do mar, um cantinho conhecido só por eles. e isso a deixava mais estranha ainda. Ellyus estaria misturando as experiências vividas por ele tsnto com outras mulheres como com ela também.

Elizabeth suspirou. Nunca aconteceria nada disso com ela. Lembrou-se de que, se quisesse evitar um daqueles olhares frios de Ellyus, era melhor voltar a atenção para o bloco de notas imediatamente.

Como ele conseguia conservar aquele ritmo, era um mistério. Será que Ellyus já tinha sido calmo e relaxado como os personagens de suas histórias? Apreciava a sua maneira de trabalhar, mas nessa manhã até ele estava inquieto, avoado, e o ditado fluía pesado, pior do que durante o resto da semana que o mesmo havia chegado sem ao menos avisar.

Não explicou sua ausência, não pediu desculpas. Disse, simplesmente.

— Temos que trabalhar um bocado para descontar o tempo perdido, Elizabeth. — Passou a mão pelos olhos, como se para apagar as lembranças dos últimos dias, e ela ficou imaginando por onde teria andado. Estava terrivelmente impaciente e nervoso. Com irritação na voz, exigiu. — Quer fazer o favor de me dar atenção? Estou aqui falando sozinho para as paredes.