Bad Liar.

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Billie Eilish on
New York
Segunda-feira

Cadela correndo atrás do próprio rabo? Fala sério, se eu fosse cachorra seria uma de alta classe, não cadela. Na verdade, sou tão linda que não seria uma cachorra, e sim uma gata.

- Calma aí esquentadinha, é tão mimada que não consegue escutar a verdade? - digo em um tom de humor, fazendo ela cruzar os braços com a expressão fechada - Que foi? Vai fazer birrinha? - imito um rosto de bebê chorão.

- Você é uma idiota.

- Pelo menos uma idiota gostosa. - na hora que falo ela revira os olhos, ficando mais brava ainda. Não era por nada, mas ela ficava bonitinha estressada - Tem pavil curto é?

Antes que ela pudesse responder batidas na porta são ouvidas, acompanhada pela voz de minha mãe me chamando para ir embora. Que pena, minha diversão acabou.

- Vê se não deixa seu pavil chegar no final, se não vai explodir. Já está até vermelha - lanço a frase de forma provocativa e com uma risada no final, apenas para irritá-la - Tchau - saio dali o mais depressa que posso, só faltava eu para irmos embora.

Momentos depois

Já faz um certo tempo desde que saí da casa dos LaBlanc, e agora estou em minha nova casa. Aqui não é ruim, é uma puta de uma casa. Acho que alguns cômodos daqui nunca iremos usar. Meu quarto é muito sem graça, acho que vou precisar colocar minhas mãos para trabalhar e redecorar todo o cômodo, tirar aquelas cores sem graça e trazer vida. Dizer que quem dorme ali não é nada mais nada menos que Billie Eilish.

- Gostou da casa? - minha mãe aparece falando atrás de mim, me assustando.

- É, nada mal. Preferia a de Los Angeles.

- Billie não seja assim, não vamos voltar pra lá, não tão cedo. Podemos começar uma vida melhor aqui, você vai fazer novas amizades, tenho certeza. Na verdade, acho que a Scarlett já é sua amiga.

- Credo mãe! Achei que me conhecesse de verdade. Não sou amiga de mimados, ainda mais de quem tem a voz irritante.

- Você e essa sua mania de julgar a todos sem os conhecer de verdade. Eu achei ela um amor de pessoa. Super educada.

- As aparências enganam, mãe.

- Vamos lá, dê uma chance a coitada! Não irá custar nada.

- Irá sim, meu tempo. Olha, não me force fazer amigos aqui, eu já não gostei da ideia de nos mudarmos. Não quero perder meu tempo com uma menina fazendo birra só por conta que um de seus empregados não fez o que pediu, ou que recebeu uma roupa sem ser de marca.

- Você deve estar presumindo isso só por conta da casa dela. Mas eu sei que você vai se render a sua amizade. - diz com um tom de esperança em sua voz, saindo logo em seguida.

Posso não ter gostado dela, mas certamente gostei de a deixar irritada. Acho que se eu tivesse a irritado mais um pouco teria explodido ali mesmo.

Quebra de tempo

O dia passou muito devagar, eu odeio dias assim. Eu tentava me distrair jogando no telefone ou explorando a casa, mas isso não me mantia muito longe de meus pensamentos. Tentava mandar mensagem para minha melhor amiga, Zoe, mas sem sucesso, ela provavelmente estava ocupada demais. Ou já tenha até se esquecido de mim.

Embora eu tentasse me ocupar com coisas fúteis, algo não saía de minha mente: o trabalho de meu pai. Por que de tanto segredo? Por que coisas escondidas de mim? Eu sei que não vão me contar, mas uma hora eu vou descobrir, e em uma coisa que sou boa é descobrir coisas que ninguém quer que eu saiba. Ninguém esconde nada de mim.

Como de manhã, iríamos voltar à casa dos LaBlanc, para um jantar de boas-vindas, ou seja, eu veria Scarlett novamente. Mais uma oportunidade de fazer aquela pequena bomba relógio explodir. Vai ser divertido.

Saio de meus pensamentos, me verificando do horário, já eram 18:30. Iríamos sair às 19:00, e todos já estavam quase prontos, exceto eu. Não preciso me arrumar demais, sou linda e gostosa por natureza.

Sigo em frente ao meu novo quarto, tomo meu banho quente e logo me produzo com o básico: minhas roupas largas e estilosas, brincos, colares e anéis, perfumada com uma fragrância... excitante, vamos dizer. Não passo nenhum tipo de maquiagem, não gosto dessas coisas.

- VAMOS BILLIE - escuto meu pai gritar do andar de baixo. Pego meu telefone e vou até o resto da família, e por Deus, para que se arrumarem tanto pra apenas um jantar?

Entramos todos no carro e fomos para a casa dos LaBlanc, não demorou muito para chegarmos lá e sermos recebidos por Michael. Estávamos todos na sala de estar, mas duas pessoas não estavam ali. Lorraine e a bombinha relógio. Será que não vou ter a oportunidade de me intreter deixando a loirinha nos nervos? Não não não, isso não vai acontecer. Não quero ficar no meio de adultos que só falam de assuntos irritantes.

- Michael, e a Scarlett?

- Está no quarto com a mãe, Billie. Sabe como é, meninas demoram para se arrumar. - diz me olhando de uma forma... diferente? Não consegui decifrar seu olhar, mas esse homem não é flor que se cheire.

Esperei uns minutos e saí disfarçadamente do meio deles, indo em direção ao quarto de Scarlett. Coitada, está achando que vai ter paz. Paro em frente a porta de seu quarto, mas antes de bater pude escutar algo vindo de lá de dentro. Era seu choro.

" - Para mãe, por favor! Para! Isso dói..." - diz a mais nova, entre lágrimas e soluços.

" - Cala a boca! Cala essa sua boca e engole esse choro, não quero ver mais nenhuma lágrima! " - Lorraine exclama autoritária e brava, e apenas pelo som que vinha do ambiente era perceptível que a garota estava tentando. Mas por que ela estava chorando?

O som de um tapa pode ser ouvido, não sei porque, mas senti meu sangue ferver um pouco. Lorraine batendo na filha?

Deixo batidas na porta, e um silêncio se estabelece. Segundos depois a porta é aberta pela mais velha, com um sorriso no rosto como se nada tivesse acontecido ali dentro.

- Oi, Scarlett tá aí? ‐ a encaro, com minhas mãos nos bolsos de minha calça.

- Oi querida! Está sim, terminando de se arrumar.

- Posso entrar? - Lorraine me encara por uns segundos com a feição preocupada, mas não a deixo responder e apenas entro, dando de cara com Scarlett sentada na penteadeira com um sorriso no rosto me olhando pelo espelho, como se nada tivesse acontecido. Seus olhos avermelhados a entregavam.

- Já íamos descer, né meu amor? - ouço ela perguntar à Scarlett. Ela não se enxerga não? Que frase mais falsa.

- Sim...

- Na verdade eu pedi para ela fazer minha maquiagem quando eu chegasse aqui. - minto, eu sei que tem algo acontecendo aqui - Então pode nos dar licença pra ela começar?

A vejo olhar para a filha e para mim desconfiada, mas abre um sorriso falso, acompanhado de "claro" e saindo dali. Me sento em sua cama sem dizer uma palavra, observando a garota que estava de cabeça baixa. Era visível algumas marcas vermelhas sobre seu braço.

- E aí, não vai começar a me maquiar? - tento puxar assunto pra descontrair aquele clima horrível que tinha ficado no quarto. A mesma levanta o rosto para me olhar com uma expressão confusa. Tomara que ela não acredite que eu quero que ela faça uma maquiagem em mim.

- Usa maquiagem?

- Não. - digo rindo.

- Então por que pediu?

- Sabe o porque.

- Não...não sei.

Já descobri um ponto negativo dessa garota, é péssima em mentir. E coloca péssima nisso.

𝘽𝙀𝘼𝙐𝙏𝙄𝙁𝙐𝙇 𝙎𝘼𝘿𝙉𝙀𝙎𝙎 ᵇⁱˡˡⁱᵉ ᵉⁱˡⁱˢʰOnde histórias criam vida. Descubra agora