Miracle.

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Billie Eilish on
Domingo
New York.



A música suave e angelical, vozes em tom de sussurro e choros de tristeza de Amélia e minha mãe atrás de mim soavam apenas como um eco em minha cabeça, enquanto eu via o caixão de Scarlett ser enterrado aos poucos em minha frente.

A minha ficha ainda não caiu de que estou em seu funeral. Ainda não entrou em minha cabeça que eu realmente perdi a garota em que eu amava. Na verdade, a garota em que eu amo.

Ninguém vai substituir o amor que eu sinto por ela, ninguém vai a substituir. Scarlett é especial e única.

Me sinto tão culpada pela forma que nossa despedida aconteceu, e ainda mais que eu fui dura com ela. Todos os nossos momentos juntas passavam que nem um raio em minha mente, se repetiam constantemente enquanto eu olhava sua lápide, que continha uma pequena foto sua sorridente e alegre, igual uma criança ao receber o que gosta.

E ela era uma por dentro, a minha criança.

Essa foto eu que havia tirado um dia antes de tudo aquilo acontecer. O seu último momento feliz registrado nesse mundo, ao meu lado.

Nenhuma lágrima descia mais pelo meu rosto nesse momento, já esgotei todas as lágrimas que haviam em mim e certamente meu corpo não estava conseguindo produzir mais. Meus olhos ardiam mais do que tudo.

Patrick me olhava de forma triste praticamente o tempo todo, mas eu sei que na verdade ele está se sentindo culpado pelo o que aconteceu com ela.

E vamos encarar os fatos, ele sabe que tudo isso é culpa dele.

Eu o avisei, disse para não deixar Scarlett naquela casa enquanto estivéssemos lá, mas não me ouviu. Patrick conseguiu estragar de certa forma uma parte da nossa relação de pai e filha.

– Meu amor, precisamos ir agora. - a voz doce de minha mãe diz em meu ouvido, com suas mãos acariciando minhas costas - Vamos?

– Não, eu não vou entrar no mesmo carro em que meu pai.

– Qual o motivo disso agora? Filha, estamos em um momento delicado para entrarmos em mais confusões.

– Qual o motivo? - pergunto incrédula - A culpa é dele!

– Não fala assim, não é culpa de ninguém aqui.

– É sim! Eu disse a ele para não deixar ela naquela casa enquanto as coisas estivessem acontecendo, mas não me ouviu. E olha aonde as coisas chegaram!

– Minha intenção não foi essa filha... - o homem finalmente se pronuncia - Nunca foi minha intenção machucar nenhum de vocês e nem ela.

– Mas machucou! Se tivesse me ouvido e deixado ela em casa com minha mãe, não estaria morta agora.

– Não é culpa minha de que ela saiu correndo atrás de você, Billie.

– Mas é sua culpa de ter insistido na coisa toda e assustado ela dizendo as coisas que poderiam acontecer, quando eu disse não!

– Eu não sou o monstro da história! - altera o seu tom de voz, se aproximando para cima de mim. - Pare de falar assim comigo!

Quer me enfrentar, papai? Venha então, vamos ver quem sai apanhando.

– Abaixa o seu tom de voz pra falar comigo! - aponto meu dedo em seu rosto, ficando bem perto dele - É meu pai, mas não vou aceitar que altere o tom de voz para mim.

– Parem vocês dois! - Finneas entra em nosso meio, nos separando - É sério que vocês vão entrar em uma discussão no meio do funeral da Scarlett? Que ridículo de ambas as partes.

– Não se intromete, ninguém te chamou na conversa Finneas. - digo irritada.

– Billie, todos nós sabemos que você perdeu uma das pessoas mais importantes para você e que seus nervos estão à flor da pele mas isso não é motivo de sair culpando as pessoas, principalmente nosso pai!

– Não estou culpando, só estou falando a verdade que até ele mesmo sabe e está se remoendo por dentro com isso.

– Você está sendo tão estúpida,  sinceramente.

Meu irmão revira os olhos ao falar, me irritando mais ainda. Eu "estúpida "? Haha, me poupe.

– Deixe ela meu filho, apenas está em negação. - meu pai diz - Logo essa fase vai passar e ela vai aceitar o que está acontecendo.

É, e talvez essa negação está começando a se tornar em raiva.

Meus punhos estavam fechados de uma forma bruta, minhas mãos pediam socorro por conta de que minhas unhas estavam as fincando. Se algum deles abrir a boca novamente para falar mais alguma coisa eu dou a louca e soco a fuça de um.

– Billie... - uma voz calma me chama, mas dessa vez soa como um eco - Amor, acorda.

Scarlett?

– Billie! - a voz aumenta um pouco e me corpo se chacoalha de leve.

Abro meus olhos lentamente, vendo a figura de minha mãe ao meu lado me chamando. A mesma sorri ao me ver acordada.

Isso tudo não passou de um pesadelo.

– Finalmente acordou, faz tempo que estou aqui ao seu lado. - meu rosto estava com uma expressão confusa, a deixando da mesma forma - O que meu amor? Está com dor?

– Não, é que... nada, esquece. - balanço minha cabeça negativamente e retribuo o sorriso - Apenas dormi demais.

– Deve ser por conta de algum remédio. Está se sentindo bem? Fiquei preocupada quando Finneas me disse que foi baleada.

– É, não está tão ruim assim... Ficou sabendo de tudo?

– De cada detalhe, e tenho uma notícia ótima para te dizer.

Seu tom animado me deixa desconfiada. Notícia boa? Estranho.

– Sobre o quê?

– A Scarlett está viva. - diz rápido e alegre, me deixando em um estado de choque por uns segundos - Você não a perdeu, ela aguentou por você!

Eu não acredito.

Porra, ela tá viva! Scarlett LaBlanc, qual eu segurei morta em meus braços está entre nós, não nos deixou. Cacete, ela aguentou!

Minha felicidade agora é inexplicável. Lágrimas de felicidade rolavam por meu rosto enquanto meu sorriso ia de orelha a orelha, meu coração estava totalmente acelerado e gritos de alegria eram deixados por mim pelo quarto, enquanto Maggie ria de meu ato.

– Os médicos não acreditam quando o coração dela voltou a bater, não conseguiram achar uma resposta para isso.

– Eu sabia! Algo em mim dizia que ela não havia me deixado aqui! - exclamo entre meu choro, recebendo um abraço forte de minha mãe.

– Fiquei tão animada quando descobri, tanto que não estava aguentando mais esperar você acordar para te contar!

– Por que não me acordou antes? Podia ter me acordado! Essa é a melhor notícia que eu recebi até agora mamãe, eu te juro!

E realmente, não tem notícia melhor que eu poderia receber. Nem a minha própria mãe estava se aguentando, começou a chorar de felicidade também.

– É tão bom receber notícias boas, não é? - me pergunta e concordo com a cabeça - Os médicos disseram que isso é um milagre.

Eles estão certos, coisas assim não acontecem com muita frequência.

Scarlett é um milagre, não só para ela mesma mas também para mim e para os médicos.

𝘽𝙀𝘼𝙐𝙏𝙄𝙁𝙐𝙇 𝙎𝘼𝘿𝙉𝙀𝙎𝙎 ᵇⁱˡˡⁱᵉ ᵉⁱˡⁱˢʰOnde histórias criam vida. Descubra agora