It's Okay To Cry.

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Billie Eilish on
New York
Sexta-feira



– Está se oferecendo pra ser minha amiga? Que generosa, Eilish. - diz sarcástica.

– Hahaha, engraçadinha.

– Se você parar de me irritar e encher o saco podemos tentar fazer dar certo.

– É, então não vai rolar.

– Por que gosta tanto de me irritar?

– É legal te ver estressada, ainda mais quando você responde de volta, linguinha afiada.

– Tenho a língua afiada mesmo, se me provocar eu retribuo da mesma forma.

– Então se continuar me respondendo quando eu te provocar, irei cortar sua língua a fora.

– E eu corto o seu pescocinho a fora para não ter mais que te ouvir! - falo bem baixinho somente para ela ouvir.

– Assassina! Estou saindo com uma assassina, não acredito nisso. - me finjo de assustada.

– E eu com uma pessoa que dirige feito louca.

– Silêncio.

Dou mais umas colheradas em meu sorvete, deixando Scarlett continuar a conversa. Ou melhor, deixando ela puxar assunto.

– Você ainda estuda ou já terminou a escola?

– Terminei ano passado.

– Sortuda. Você ia presencialmente?

– Sim, mas confesso que era um saco. Pelo menos eu tinha minha melhor amiga lá. - ouço ela dar uma risada. Sinceramente, não sei se somos mais melhores amigas. Desde o dia em que eu me mudei ela nunca mais respondeu minhas mensagens. Talvez ela esteja brava por eu ter me mudado ou já tenha se esquecido de mim. ‐ E você?

– Estudo em casa, com uma professora particular.

– Aí credo, você vive em uma prisão ou o quê? Não sai nem para ir à escola.

– É chato, mas agradeço porque assim não tenho que lidar com outras pessoas.

– Isso é verdade. - digo fazendo uma expressão de quem concordava. - Me faça outra pergunta.

–  Deixa eu pensar... Você fazia algo a mais além de ir a escola?

– Eu dançava.

– Então Billie Eilish dança! Uau.

–  Dançava. Eu amava dançar, era literalmente minha escapatória para os problemas. - falo cabisbaixa. Eu odeio relembrar disso.

– Você não dança mais?

– Não, sofri uma lesão na placa de crescimento do meu quadril uns anos atrás. Depois disso eu nunca mais pude dançar novamente.

As lembranças do dia em que me machuquei e de quando descobri que nunca mais poderia fazer o que amava voltaram. O dia em que meu mundo caiu.

Dança era minha vida, eu sonhava em me tornar uma profissional. Eu conseguia me expressar através disso, era uma sensação perfeita, mas por conta da lesão todo o meu sonho foi para o ralo, me deixando completamente triste.

Eu sentia meu nariz arder e meus olhos lacrimejarem. Droga, eu não posso chorar na frente dela.

– Eu sinto muito Bills - a loira coloca sua mão por cima da minha, me reconfortando. Ela tinha percebido que fiquei sensível pelo assunto.

– Desculpa - passo minha mão livre pelo meus olhos limpando eles e respirando fundo, conseguindo levantar a cabeça e a olhar.

Está tudo em bem chorar, eu sei como se sente.

𝘽𝙀𝘼𝙐𝙏𝙄𝙁𝙐𝙇 𝙎𝘼𝘿𝙉𝙀𝙎𝙎 ᵇⁱˡˡⁱᵉ ᵉⁱˡⁱˢʰOnde histórias criam vida. Descubra agora