Please, Say No.

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Scarlett om
New York
Sexta-feira


Billie e eu já estamos um bom tempo sentadas aqui, conversando sobre coisas aleatórias e rindo das pessoas que caiam fazendo as manobras de skate. Era um tombo pior que o outro.

As risadas que ela arrancava de mim com suas piadas idiotas e de duplo sentido eram as melhores. Eu nunca gargalhei tanto assim em minha vida.

Tudo bem eu confesso, sair com ela não era tão ruim assim. Estava começando a gostar mais dela.

– Meu Deus! Castrou o cara. - ela diz rindo. Eu não tinha visto sobre o que ela estava falando.

– Como assim? Eu não vi, me explica!

– O cara ali estava parado observando aquele menino - aponta - Não sei o que aconteceu, mas o skate desse menino deu uma voada nas bolas do cara, eu só vi esse momento.

– Aí que dor! - faço uma expressão de dor - Ainda bem que eu não tenho um pau.

– E se tivesse certeza que ia ficar balançando ele o dia todo.

– Pelo amor de Deus, Billie - bato minha mão na testa.

Ela não sabe falar coisas decentes não?

– Estou mentindo? Também faria isso.

– Está, nojentinha. Da onde você tira essas coisas? Até parece que já viu um.

– Mas eu já vi um. - ela diz, me deixando chocada. Que safada!

– Pera aí, se você já viu então quer dizer que já...

– Calma aí, não confunde as coisas. Eu vi foi o do meu irmão. - coloco a mão na boca, começando a rir - E era bem pequeno, se eu tivesse um seria maior.

– Não fala isso! Você é má até com seu irmão.

– Mas é a verdade! Era desse tamanho - demonstra com as mãos.

– Chega desse assunto! Não quero saber sobre a intimidade do seu irmão. - digo ainda rindo.

– Só estou comentando! Se ele tivesse uma namorada, coitada dela.

– E se você tivesse um namorado, coitado dele! Porque teria que te aguentar todo dia e o dia todo.

– Na verdade os meninos correm atrás de mim e eu não dou a mínima atenção a eles. No máximo eu só beijei um pra saber se valia a pena.

– E valeu a pena?

– Não mesmo. Me arrependo até hoje.

– Foi tão ruim assim? Coitado!

– Coitado nada! Além de ele ser nojento ele beija super mal.

– E tem como beijar mal?

– Claro que tem, não sabia disso?

– Eu não, estou por fora dessas coisas de namorados e beijos.

– Então nunca beijou? Nem um selinho?

– Nunca.

– E não tem vontade? - pergunta me olhando nos olhos, com aquele olhar intimidador dela, me fazendo arrepiar.

– Não sei... Talvez eu não goste disso.

Billie Eilish on

Estou tentando controlar o máximo que posso a minha felicidade por ter descoberto que ela nunca tinha beijado.

Eu não sei porque estou feliz a esse ponto, eu já beijei outras pessoas antes, até mesmo fiquei com uma. Mas eu sinto que tem algo nela que mexe comigo, algo diferente.

Sei que é muito estranho sentir isso por uma pessoa que conheci praticamente a quase uma semana atrás, mas o amor é inexplicável. Ele te faz se apaixonar por alguém em qualquer lugar e a qualquer momento. Você não decide por quem irá se apaixonar, o tempo colabora com o amor.

Isso não é só um crush, e eu sei disso, mas eu tento mentir para mim mesma falando que é. E se ela não gostar de meninas? E se eu estiver me fazendo de boba mais uma vez?

– Por que não beija alguém pra saber se gosta?

– Porque não tem nenhum menino que eu goste, e que eu queira beijar.

– Então gosta só de meninos?

Por favor, fala que não.

– Não sei, nunca pensei sobre isso.

– Sabe que não é errado beijar meninas, né?

– Claro que sei, não tenho nada contra isso. Mas não sei se ficar com meninas é para mim.

Merda.

– Hm... Entendi.

– Mas por que da pergunta? Você gosta de meninas? - meu coração gelou antes mesmo de ela terminar a frase.

O que eu falo? Eu conto ou não? E se ela se afastar de mim se souber que gosto de meninas?

– Não, por quê? Está interessada? - tento ser sarcástica e esconder meu nervosismo. Queria tanto que ela dissesse que sim.

– E se eu estivesse? - chega bem perto de mim, me provocando.

Meu coração está acelerado e minha barriga cheia de borboletas, mas não vou demonstrar isso para ela. Eu não quero quebrar minha cara mais uma vez.

– Eu sei que você quer uma gostosa que nem eu, LaBlanc.

– Coitada - ela se afasta - Não cansa de ser convencida não?

– Nunca.

– Pois deveria.

– Eu sei que se eu parasse não iria te irritar tanto, então por isso não vou.

Vejo ela revirar os olhos. Talvez ela poderia estar revirando eles assim na minha cama.

– Bills, podemos ir pra casa? Já está começando a escurecer. - diz olhando seu celular.

Olho o horário no meu telefone, já eram 18:00.

– Nossa, já se passaram três horas. Mas você está comigo, não tem perigo ficar mais um pouco.

– Realmente, mas é por conta dos meus pais. Eles me enchem o saco depois.

– Eu já estou começando a odiar eles, não deixando você fazer nada!

– Isso é porque você não sabe da história toda. - ouço ela suspirar triste.

–  Que história? Se sente confortável em contar? - a olho, mas ela não diz nada por uns segundos - Não precisa se não quiser.

– Você me promete que não conta pra ninguém?

Contar pra quem?

– Não sou boa em prometer as coisas, mas tentarei.

– É sério, eu não estou brincando.

– Tá, eu prometo.

– Vamos pro seu carro, me sinto melhor falando lá. - assinto com a cabeça.

Ela ficou estranha, e isso não é bom.

𝘽𝙀𝘼𝙐𝙏𝙄𝙁𝙐𝙇 𝙎𝘼𝘿𝙉𝙀𝙎𝙎 ᵇⁱˡˡⁱᵉ ᵉⁱˡⁱˢʰOnde histórias criam vida. Descubra agora