Tentação

12. Sorria

Pavor.... Esse é o sentimento que me define nesse momento, enquanto olho para o homem com a mão estendida para mim.

Eu não consigo respirar....

Seu sorriso dissimulado, seu olhos esmeralda me queimando, me desafiando.

Eu não consigo respirar....

Tudo nele grita perigo, e mais uma vez eu me sinto emudecer. Congelar.

Eu não consigo respirar...

_ Filha, você está bem? - Sinto a mão de minha mãe tocar o meu ombro, o que me desperta, e só há uma coisa a fazer.

_ Eu preciso ir. - Me levanto e saio da mesa sem nem olhar para trás e enquanto me distancio daquele homem, ainda posso sentir seus olhos sobre mim.

Eu preciso sair daqui....

Ando pelo salão tentando a todo o custo controlar minha vontade de correr.

Eu preciso sair daqui...

Meu coração bate acelerado em meus ouvidos, e minhas mãos estão suadas.

Eu preciso sair daqui...

As vozes em minha mente me dizem que não importa para onde eu vá, não posso fugir da realidade.

EU PRECISO SAIR DAQUI...

"Você não tem para onde fugir"

🍎🍎🍎

ANDRÉ

Estaciono em frente ao salão de festa e já me preparo para a chuva de fotos.

Saio do carro, ando pelo tapete roxo, sigo para o rol de entrada e ignoro toda e qualquer tentativa de conseguir uma entrevista comigo. Não, eu não gosto de ser o centro das atenções. Não, eu nunca quis a fama ou a midia que meu sobrenome me trás. E definitivamente eu não queria estar aqui, mas como Nogueira, eu tenho obrigações sociais a cumprir, e apesar do meu desagrado eu estou aqui pagando o preço da riqueza.

Vou distraidamente em direção ao salão principal onde o evento está acontecendo e antes que eu passe pela porta, sou atingido em cheio por alguém que parece estar tão ou mais distraida do que eu.

_ Me desculpa, eu.... - Olho em direção a mulher que me atingiu e que agora deu um passo para trás, e quando meus olhos encontram os dela meu coração acelera.

_ Isadora. - Falo sem nem me dar conta de que estava pensando alto, e assim que ouve minha voz, ela finalmente parece me ver.

_ André.- Seus olhos sempre cheios de vida estão marejados, e eu posso ver a angústia transbordando deles.

_ O que aconteceu? Você está bem? - Pergunto, e eu a vejo olhar para trás como se procurasse por algo ou alguém.

_ Eu preciso sair daqui. - Sua voz é cheia de medo e vê-la assim me deixa em alerta.

_ Vem comigo.

Seguro a mão de Isadora e sigo por um dos corredores, que agora está vazio, até a escada de incêndio. Eu sei a onde estou indo. Então subo com ela os dois lances até o terraço e assim que passamos pela porta eu a sinto desabar no chão, mesmo que sua mão continue presa a minha.

Me abaixo ao seu lado e a envolvo em meus braços, deixando que ela chore livre e ruidosamente. Seu corpo treme pelos soluços e tudo o que eu mais quero é tirar a dor dela, ou quem sabe, matar de força dolorosa e lenta o responsável por suas lágrimas, mas não há nada que eu possa fazer, e saber disso é muito frustrante.