19. Pedido

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_ Seu amigo estava nos contado sobre o tempo em que passaram juntos na companhia de balé. Porque não nos apresentou no baile beneficente?

Ainda estou em estado de choque, mas antes que eu consiga encontrar forças para dizer qualquer coisa, Grace chega correndo e todas as atenções são direcionadas a ela, menos a minha, porque meus olhos não conseguem se desviar do lixo humano a minha frente.

_ Mãe, vem rápido, o nariz do Bernardo está sangrando muito. - Grace fala, e eu me pergunto o que esses três aprontaram em tão pouco tempo.

_ Onde ele está? - Minha mãe pergunta em seu modo mãe coruja, e eu sei que se isso for uma brincadeira ela irá mata-los.

_ Vem comigo. - Grace segura a mão dela e sai puxando, enquanto minha mãe se desculpa com Cristian pelo inconveniente.

_ Pai, acho melhor ir com elas. - Falo recuperando minha voz e adquirindo uma força que nem sabia que tinha. - Nunca se sabe o que esses três estão tramando.

_ Você tem razão. Eu já volto. - Ele fala me dando um beijo na testa para logo em seguida sair atrás de minha mãe, e agora eu me vejo diante do meu maior pesadelo. O homem que me destruiu e me assombra diariamente.

_ O que faz aqui. Está  me seguindo? - Pergunto ainda sem sair do lugar e recebo um sorriso zombeteiro em troca.

_ Eu jamais perderia a festa de noivado da minha única irmã, principalmente quando ela está prestes a entrar em uma família tão importante quanto os Nogueira. - Sua voz é controlada, calma e fria, assim como tudo nele. - Mas é claro que te encontrar aqui foi uma grata surpresa. - Ele se aproxima de mim e eu sinto todo o meu corpo se contrair. - Você está belíssima Isa. - Cristian passa sua mão pelo meu rosto e em um impulso eu seguro seu braço com bastante força o afastando de mim.

_ Nunca mais encoste em mim, seu sujo. E agradeça a Deus por eu não ter denunciado você a polícia, porque se tem um lugar ao qual você pertence, é a cadeia. - Falo firme, mas não grito para não chamar atenção desnecessariamente.

_ Cris?! - Alguém o chama e ele me dá um último olhar antes de se virar para a ruiva atrás dele que o abraça prontamente. - Eu já estava pensando que você não viria mais.

_ E perder sua festa de noivado? Nunca.

Observo a sena a minha frente, e o irmão afetuoso que eu vejo, não se parece em nada com o homem que me estuprou em um banheiro sujo de uma boate. E enquanto eu observo a interação dos dois ruivos, eu sinto olhos me vigiando e nem preciso procurar muito para saber de onde vem.

Mais uma vez André me observa, pra falar a verdade ele tem feito isso a noite toda, mas agora é como se ele pudesse ver dentro de mim. O turbilhão de sentimentos rondando minha cabeça, minha alma quebrada e com medo, ele pode ver tudo e por isso... eu fujo.

Me escondo em meio as muitas pessoas que nos cercam e me distancio o máximo que posso, para o mais longe que consigo e só quando me sinto segura, eu me permito chorar.

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ANDRÉ

Tento encontrar Isadora por sob a multidão, mas não a vejo em lugar nenhum. Seu olhar atormentando é sempre um pressagio de problemas, mas quando penso em segui-la, sinto Eva segurar o meu braço, e só um olhar em sua direção é o suficiente para saber que não posso mas fugir por hoje.

_ E aí cunhado. Fazem, o quê, três anos desde a última vez que nos vimos. - Cristian me cumprimenta com um abraço de "mano", e eu não posso deixar de pensar que o tempo que passamos sem nos ver não foi o suficiente.

_ Faz realmente bastante tempo. E como tem andado? - Pergunto de forma cordial.

_ Em turnê pela Europa e Ásia. Mas podemos deixar esse assusto para outro momento, agora eu quero saber mais sobre vocês e o motivo desse noivado ter demorado tanto para acontecer. Desde que eu mudei para Madri que estou ouvindo sobre esse relacionamento de vai e volta de vocês. - Ele fala sorrindo, enquanto segura a mão dá irmã, e eu agradeço muito aos céus porque nesse momento Clarice resolveu aparecer e nos interromper.

Ela abraça o filho e depois de lhe passar uma bronca leve, sua atenção é direcionada a mim novamente.

_ Todos os convidados estão presentes e se socializarem o bastante. Acho que já está na hora de fazer o pedido. - Ela me intima, e eu apenas aceno com a cabeça antes de segurar minha bela noiva pela mão e leva-la até o palco improvisado onde os músicos tocam uma música calma.

_ Com licença. - Pego o microfone, assim que os músicos param de tocar. - Eu gostaria da atenção de todos por um minuto. - Falo e todos os olhares são direcionados para nós.- Essa é uma noite muito especial, porque celebra um novo passo no nosso relacionamento. - Falo com Eva que sorri amplamente. - Hoje mais do que nunca, eu quero dizer o quanto te amo e eu serei o homem mais feliz do mundo.... - Me ajoelho em sua frente e retiro do meu terno a caixa de veludo preta com seu anel de noivado. - Se você Eva Lannister, aceitar ser minha esposa.

Revelo o anel de ouro rose, cravejado com pequenos diamante em volta de um diamante maior, e os olhos cheios de lágrimas de Eva só demostram o quão boa atriz ela é, porque para todos os presentes é como se ela visse o anel pela primeira vez, mesmo sendo ela mesma a escolher.

_ Sim, mil vezes sim.- Ela fala em meio as lágrimas e eu coloco a aliança em seu dedo anelar direito antes de me levantar e beija-la apaixonadamente, e é nesse momentos que eu acredito estar fazendo a coisa certa, mesmo que minha mente não consiga parar de pensar em uma certa morena com olhar triste e perdido.

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ISADORA

Nem sei quanto tempo eu passei presa nessa varanda até finalmente parar de chorar e tomar coragem para voltar para festa. O ar fresco da noite é um acalento para o meu nervosismo e até as vozes que insistem em me perturbar, se mantem em completo silêncio.

Enxugo os olhos, retoco minha maquiagem e tenho que respirar bem fundo algumas vezes antes de seguir de volta pelo corredor que agora está mortalmente vazio.

Tento acelerar o passo o máximo que meus saltos permitem, mas antes que eu me de conta, uma mão grande cobre minha boca e meu corpo é puxado para outro corredor, tão ou mais vazio que o primeiro.

Sou levada para dentro de uma salinha que se acende assim que entramos, e quando percebo onde estou, todas as lembranças e medos me suforam, me oprimem, me paralisam.

_ Xiiiu! É melhor ficar bem quietinha, ou você pode se machucar.

TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora