17. Hostilidade

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A conversa com as mulheres Nogueira fluía tão facilmente que por um segundo eu me esqueci dos motivos para não querer vir a essa festa.

_ Isa, eu não estou vendo seus irmãos em nenhum lugar. - Minha mãe fala após olhar em volta e quando meus olhos pousam em duas pessoas vindo em nossa direção, eu tenho a certeza de que minha mãe sabe sim onde os trigêmeos estão.

_ Eu vou procurá-los. Nunca se sabe o que aqueles três vão aprontar sozinhos. - Falo me apresando ao máximo para sair e pelo visto eu não sou a única.

_ Eu vou com você Isa, os gêmeos também não estão por aqui e eu acho que sei aonde eles foram. - Mel enlaça seu braço ao meu e rapidamente nós nos distanciamos. - Eu não suporto essa Eva . - Mel me confessa quando estamos longe o suficiente para não sermos ouvidas e nós duas nos viramos um pouco para ver o momento em que ela e uma mulher, que eu deduzo ser sua mãe, cumprimentam minha mãe e as mulheres Nogueira.

_ É muito bom saber que eu não sou a única. - Falo e nós duas sorrimos. - Agora me diz, onde estão os nossos irmãos? Porque apesar de ser uma boa desculpa para sair dali, o sumiço deles é sempre preocupante.

_ Vem comigo.

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AMETISTA

_ Tenho certeza que seus filhos estão bem. Eles e os gêmeos devem ter ido para a sala de jogos lá no porão. - Diz Valentina depois que as meninas se distanciam de nós. - Cá entre nós, eles estão se divertindo bem mais do que a gente.

_ Disso eu não tenho dúvidas. E eu também sei que eles estão bem, mas as vezes é melhor prevenir do que remediar. - Faço um meneio de cabeça em direção a dupla dinâmica vindo em nossa direção e Valentina faz um "ahhh" exclamativo, compreendendo o que acabei de fazer.

_ Acho que perdemos a oportunidade de ir com elas. - Ela fala assim que Eva, e uma mulher, que eu deduzo ser sua mãe, se aproximam de nós e eu não posso deixar de concordar.

_ Angel, acho que vocês ainda não se conhecem. Essa é minha mãe Clarice. - Eva inicia as apresentações e eu tenho que segurar o riso quando vejo Valentina revirar os olhos. - Mãe, essas são, minha sogra Angel, minha cunhada Hanna, minhas concunhadas, Valentina, Micaela e Laís. E essa e a senhora Grimald, esposa do magnata das jóias Phillip Grimald. - Eva me apresenta por último e eu tenho que conter minha vontade de corta-la e dizer que eu não sou só a esposa de alguém, mesmo esse alguém sendo o amor da minha vida.

Ao longo dos anos eu tenho me esforçado ao máximo para ser a esposa que Phillip precisa que eu seja, não que ele ao menos tenha cogitado a idéia de me pedir isso, mas eu sei que existem muitas expectativas e responsabilidades em ser esposa de alguém como ele, então eu mudei. Tento ser mais calma e menos expressiva com meus sentimentos e apesar de ainda me irritar com várias coisas, eu aprendi que fugir nem sempre é a solução, as vezes fazer cara de paisagem pode ser tão, ao até mais eficaz.

_ É um prazer conhece-las. Eva já falou tanto sobre vocês que é como se já as conhecesse. - Clarice faz uma média com as mulheres Nogueira, mas o olhar de Angel em sua direção me diz que ela não gostou nada da mulher a sua frente. - Minha filha admira muito você Angel.

_ Ela não é mesmo uma graça?! - Angel fala com tanto sarcasmos que se fosse eu no lugar delas, apenas recolheria minha insignificância e iria embora em silêncio, mas aparentemente elas não pensam assim.

_ Minha Eva é realmente uma menina de ouro. - Clarice elogia a filha como se não houvesse notado o sarcasmos gritante na  declaração de Angel, e eu me pergunto se ela não percebeu ou apenas decidiu ignorar. - Fico muito feliz que minha filha tenha encontrado um homem tão bom como André para dividir sua vida.

_ O meu irmão é realmente um gentleman, pena que seja tão ruim em julgamento de caráter. - Hanna fala descontraídamente e em segundos eu me torno espectadora de um massacre.

_ Mas a vida é isso, não é mesmo Clarice. - Angel fala sorrindo. - Nós criamos os filhos para serem a melhor versão de si mesmo e quando menos se espera, eles se tornam uma decepção. - O sorriso no rosto de Angel não vacila um segundo, mas a expressão de mortificada no rosto de Clarice é impagável e isso só piora quando uma das mulheres que eu mais admiro no mundo decide que essa conversa acabou. - Agora se me derem licença eu vou para qualquer outro lugar, porque olhar para vocês já me cansou. - E enquanto Angel se vira e vai embora, eu me pego pensando se um dia eu serei tão boa quanto ela.

_ Ela me odeia. - Eva fala em prantos ao nosso lado e eu foco meus olhos na ruiva a minha frente.

_ Ela não te odeia minha princesa, ela só não te conhece o suficiente. - Clarice tenta consolar a filha, mas Hanna não parece tão disposta a concordar com isso.

_ Ah, ela conhece sim. Mas ao contrário do meu querido irmão, minha mãe julga o caráter como ninguém. E vai por mim, ela nunca se engana.

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ISADORA

_ Nossa, isso aqui é muito legal. - falo assim que terminamos de descer os últimos degraus até o porão e eu me deparo com uma sala de jogos incrível, com vídeo games, totó, fliperamas, sinuca e uma tv de tela plana que ocupa uma parede inteira.

_ Minha avó projetou esse lugar quando meu pai ainda era pequeno, desde então ele já sofreu muitas alterações e adesões, o que só o fizera se tornar um dos melhores cômodos da casa.

_ É realmente incrível. - Falo com ela enquanto nos aproximamos dos nossos irmãos que estão distraídos jogando um jogo de luta no Xbox.

_ O que é incrível, é o que eu estou vendo aqui. - Mel fala alto e todos os olhares são direcionados a nós, principalmente os do homem agora sem gravata e sem terno, que nos olha com a culpa estampada em seu rosto. - Muito bonito seu André, fugindo da própria festa de noivado.

TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora