20. Ameaça

163 35 12
                                    

Cristian me imprensa entre a pia e seu corpo, e eu sou obrigada a usar minhas mãos como apoio para não me machucar. Eu sinto cada parte do seu corpo grudado ao meu e sua mão, que agora se encontra em meu pescoço, é só um lembrete de que ele não está para brincadeira.

_ Como eu senti falta desse cheiro. - Ele fala, enquanto cheira meu pescoço, e meu estômago embrulha em repulsa. - Poucas foram as mulheres que realmente me marcaram, mas você.... Esse cheiro não sai dos meus pensamentos.

Aperto a lateral do tampo de mármore da pia com tanta força, que tenho a sensação que ele se partirá em dois. E enquanto meu pesadelo pessoal se repete, tudo que consigo fazer é ficar lá, olhando nosso reflexo refletido no grade espelho a minha frente, vendo seus olhos ditalados com algo muito maior do que só satisfação.

_ Onde está? - Ele pergunta sussurrando em meu ouvido, enquanto sua mão livre passeia pelo meu corpo sem pudor, me queimando como fogo em brasa. - Onde foi parar a mulher selvagem que vi agora a pouco. Onde está a mulher que me desafiou? - Sua mão desliza para a fenda do meu vestido e mesmo que eu queira reagir, mesmo que eu queira arrancar a mão dele e dar para os cães, mesmo que eu queira feri-lo como ele me feriu, eu não consigo, meu corpo está petrificado. E enquanto sua mão imunda brinca com a minha calcinha de renda, eu só consigo me odiar por ser tão fraca. - Nada?! - Ele fala quando, eu não me movo. - O que foi bonequinha, o gato comeu a sua língua? - Sua mão sai da fenda do meu vestido e sobe novamente em um caminho torturante até os meus seios, também em fácil acesso nesse maldito vestido. - Na verdade isso não seria nada mal, assim quem sabe você pense um pouco antes de abrir essa boquinha linda de novo. - A mão em meu pescoço se aperta, fazendo com que os pequenos diamante da minha gargantilha se cravem em minha pele e eu tento em desespero puxar o ar para os meus pulmões, mas isso se torna uma tarefa muito difícil.

_ Você tinha que contar de nós para suas amiguinhas, não é? - Em um instinto de sobrevivência, afasto minhas mãos da pia e tento afrouxar o aperto dele em meu pescoço, mas tudo que consigo e ser empurrada ainda mais para frente, tendo agora meu abdômen sendo esmagado contra a lateral de marmore fria.- Tinha que dizer mentiras a elas, não é sua putinha.

_ Eu.... não.... - Tento dizer a ele que não consigo respirar, mas ele não está me ouvindo.

_ Você quase sujou minha reputação e a da minha família. Ainda bem que eu desfiz toda essa confusão que você causou. Tenho certeza que aquelas duas idiotas entenderam o recado direitinho, mas você..... Você merece uma lição. - Estou quase perdendo a consciência quando ele me solta e eu caio como uma boneca de pano desengonçada ao chão, tossindo e puxando o ar para meu peito com toda a força. - O que devo fazer com você, ah!?

_ Eu.... não.... denunciei... você....- Falo em meio a tosse e a respiração ofegante, enquanto tento retirar a gargantilha que está em meu pescoço e me viro, ficando de frente para ele, ainda no chão.  - O que mais quer de mim?

_ De você eu quero muitas coisas. - Ele se abaixa ao meu lado e segura meu rosto com bastante força, e apesar do sorriso zombeteiro em seu rosto, a escuridão em seus olhos verdes é apavorante. - Mas no momento, eu quero que você aprenda o seu lugar, e fique de boca fechada. Até porque, você não quer que mais ninguém se machuque por sua causa, ou quer?!

_ Não. - Minha voz é só um sussurro quase incompreensível.

_ Foi o que eu pensei. - Ele solta o meu rosto e minha cabeça dá um solavanco para trás acertando a porta de vidro temperado do armário com toda a força, mas apesar da dor e da humilhação que estou sentindo, tudo que consigo fazer é olhar para o homem agora em pé a minha frente. - Eu te darei esse voto de confiança, e para o seu bem e das pessoas que você ama, é melhor não me decepcionar. Agora é melhor voltarmos para a festa antes que alguém de por nossa falta.

TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora