7. Amizade

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Desço do táxi em frente ao teatro e respiro profundamente antes de entrar.

Passo pela bilheteria e assim que entro na grande arena, uma certa nostalgia me toma.

Me lembro da primeira vez que pisei neste palco. Eu era apenas uma menininha nervosa por sua primeira apresentação como primeira bailarina, mas assim que as cortinas se abriram, eu nunca me senti tão bem. Eu estava em casa.

_ Então é isso? c'est la fin?(É o fim?) - Sorrio melancólica ao ouvir a voz de madame Olímpia e nem preciso olhar em sua direção para saber que ela está me observando.

_ Como sabe? - Pergunto ainda com os olhos focados no palco a minha frente.

_ Eu conheço esse olhar saudoso. Só não entendo o por que de tamanha decisão.

_ Eu tenho muito o que fazer aqui. Não posso esquecer de tudo e simplesmente fugir. Não posso fingir que nada aconteceu.

_ Então vai desistir de tudo o que lutou tanto para conseguir. Vai desistir dos seus sonhos?!

_ Não. Apenas vou substituí-los por novos sonhos.

_ J'espère que tu seras heureux,(Espero que seja feliz) e que encontre o que procura.

_ Muito obrigada por tudo madame Olímpia. Nunca esquecerei o que fez por mim. - Me viro em sua direção e lhe dou um abraço apertado, que ela retribui prontamente.

_ Você sempre terá um lugar conosco. Não se esqueça que esta também  é a sua casa e nós também somos sua família.

_ Você, com certeza é.

🍎🍎🍎

Depois de conversar com madame Olímpia por algum tempo sobre o que pretendo fazer do futuro, e ter seu total apoio, sigo para casa com o coração mais tranquilo

Sei que abrir mão de um dos meus maiores sonhos da vida, foi algo extremo, mas por incrível que pareça, eu não estou arrependida. Existem ciclos que precisam ser concluídos para que outros sejam iniciados e fazer parte da golden sneakers foi um desses ciclos.

_ Isa?! - Escuto meu nome ser chamado e assim que me viro toda a paz que eu estava sentindo se esvai.

Viro-me novamente, decidida a ir embora, mas assim que me ponho a andar eu escuto elas me chamarem mais uma vez e sei que estou sendo seguida.

_ Isa espera. - Escuto Laís me chamar, mas eu não paro.

_ Isa por favor, nós só queremos conversar.- Escuto Marlin e apesar de nunca mais querer vê-las de novo, eu paro. - Nós tentamos te ligar por dias. Fomos até sua casa e você não nos recebeu. Mandamos várias mensagens e você não nos responde... - Ela volta a falar, mas eu não me viro para olha-la.

_ Por que está nos evitando?- Laís me pergunta parecendo magoada, mas eu pouco me importo com isso. - Pensei que fossemos amigas.

_ Eu também pensei que fossemos; - Falo me virando em direção a elas e já sentindo o ódio me queimar por dentro. - Até que vocês destruíram a minha vida.

_ Do que está falando? - Marlin me pergunta confusa e eu não consigo acreditar que um dia eu as considerei minhas amigas, minha família. - Eu não estou entendendo.

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