37. A verdade

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_E como é que você sabe disso, e nós não. - O senhor Grimald pergunta com o cenho franzido e um olhar de poucos amigos.

_ Isadora e eu nos tornamos muito próximos...

_ O que isso quer dizer? - Samuel me pergunta, enquanto se aproxima de forma perigosa.

_ Nós fomos imprudentes. - Começo a falar sem conseguir conter minha voz e apesar de saber que não deveria fazer isso, eu me vejo proferindo essas palavras, o pior é a certeza de que não me arrependo delas. - Eu sou o responsável. Sou o pai do bebê.

_ Seu desgraçado! - Eu não pude prever o soco que levei de Samuel, que veio como um cão raivoso para cima de mim e me lanço ao chão. - Eu vou te matar!

_ Ja chega! Você perdeu o juízo Samuel?! - A senhora Grimald repreende o filho, enquanto Alfred o segura. - A violência nunca resolveu nada, e não vai começar agora.

_ Como você pode ficar do lado dele, sabendo que ele seduziu ela! - Samuel esbraveja enquanto ainda está sendo contido por Alfred, e essa é uma excelente oportunidade para desmentir minhas palavras, mas enquanto eu me levanto, o que eu digo é algo totalmente fora da realidade.

_ Não se preocupe, eu vou me responsabilizar por tudo. - Digo, enquanto limpo o rastro de sangue e é nessa hora, enquanto estou distraído, que sou surpreendido por outro soco, agora do senhor Grimald, que estava em silêncio até o momento.

_ É Claro Que Você Vai Se Responsabilizar! - Ele fala enquanto vem em minha direção. - Nem que para isso eu tenha que quebrar todos os ossos do seu corpo.

_ Phillip! - A senhora Grimald se coloca entre o marido e eu, o impedindo de se aproximar, e seu olhar em minha direção é um pedido silencioso para que eu me cale, o que eu sei que deveria fazer. É uma pena que minha boca não parece estar obedecendo o meu cerebro.

_ A Isadora é uma mulher especial e eu a A....

_ Cale a boca André! - A senhora Grimald me corta e em seguida se vira para Alfred. - Leve-o para longe daqui antes que uma tragédia aconteça. - Ela pede, e o homem que ainda estava segurando Samuel, o solta, vindo a passos largos em minha direção. - Quanto a vocês dois; - Ela se direciona ao marido e ao filho, que tem os olhos escuros de ódio. - É melhor se controlarem. Eu não quero mais saber de brigas aqui dentro deste hospital! - Ela é ríspida e eu ainda posso ver os dois homens murcharem em sua revolta antes que Alfred me leve para longe.

_ Você não deveria ter mentido rapaz. - O homem alto me diz, assim que chegamos a recepção.

_ Como pode ter tanta certeza de que estou mentindo? - Pergunto ainda firme em meu posicionamento.

_ É bem simples. Eu conheço aquela garota desde quando ela era apenas um toquinho de gente, com seus longos cabelos cacheados e fala enrolada. Minha princesa jamais se contentaria em ser a outra, nem por você nem por ninguém.

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ISADORA

Abro os olhos vagarosamente e a claridade do dia me incomoda. Meu corpo dói e minha cabeça parece que se esplodirá a qualquer minuto.

As lembranças do acidente e de tudo que se seguiu depois disso me atingem causando ainda mais dor de cabeça, mas uma dor diferente me faz abrir os olhos e me sentar na cama.

Passo a mão sobre meu abdômen e a incerteza me aperta o peito de tal forma que eu não percebo minha mãe entrando no quarto.

_ Você acordou. - Ela fala com um sorriso enquanto coloca uma garrafa com água e um copo na mesa ao lado da cama.

TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora