QUATRO GAROTOS E EU [ HARÉM REVERSO ]

40| ÚLTIMO DIA

ALLANNY SOARES POV'S

Um pedaço de mim iria ficar aqui quando eu enfim retornasse para a Califórnia. Não é nada fácil fazer intercâmbio fora.

Acredito que isso seja uma das coisas que os intercambistas que publicam suas experiências devessem falar mais sobre. Falar o quanto é difícil se mudar para um país que você não conhece ninguém, estudar fora em um lugar que você só conhece por fotos.

Mas, apesar de você se sentir gratificada por estar realizando um sonho, o seu coração ainda fica dividido se você deve ir ou não estudar em um país diferente, se você deve ou não mudar a sua vida desta forma.

Pensa em; nossa, eu realmente vou realizar os meus sonhos. E ao mesmo tempo o seu coração pensa; nossa, eu vou deixar muita coisas para trás só para realizar um sonho?

Sem falar que se você faz faculdade fora, ainda é preciso fazer um prova para poder atuar nesta área no seu país de origem. E pelo que dizem, essa prova realmente não era nada fácil.

Então, porque eu escolhi estudar fora quando metade do meu coração me falava que era para eu ficar e fazer uma faculdade no Brasil mesmo? Afinal, eu tinha passado na UFBA, a primeira faculdade de medicina do Brasil, daqui da Bahia mesmo.

Na verdade é uma pergunta difícil de se responder, até porque não foi eu que escolhi esse futuro para mim, na verdade não foi apenas eu que escolhi. Era um sonho do meu pai, que sempre sonhou em estudar fora, e quando pequena eu disse que realizaria esse sonho por ele.

E quando eu realmente passei na faculdade dos EUA, eu não pensei duas vezes antes de finalizar minhas malas e me preparar para poder viajar e mudar a minha vida da forma mais louca e intensa possível.

Mas era óbvio que a saudade era enorme. Até porque, sempre que eu me via aonde estava, eu me lembrava do meu pai, e isso só fazia com que eu sentisse ainda mais vontade de ir para o nosso lugar, que nunca deixou de ser na Bahia.

Mas sabe o que me deixava ainda mais triste? Saber que em alguns meses eu voltaria de vez pra o Brasil, deixaria toda a vida que eu construí em alguns meses fora para trás, incluindo os meus meninos, os meninos que aos poucos se tornaram mais do que especiais para mim. Aqueles que me fizeram me sentir viva novamente, aqueles que trouxeram cor para minha vida depois de anos.

Era por pensar nisso que eu estava com os olhos lacrimejando enquanto olhava para os meninos dormindo atrás de mim de forma calma, como se nada no mundo fosse pudesse acontecer.

Continuei olhando para eles pelo espelho da escrivaninha, e quando finalmente terminei de fazer um penteado do cabelo, eu me levantei e sai do quarto, fazendo o menor barulho que eu conseguisse.

Não foi surpresa quando eu entrei na sala e encontrei Lydia sentada no sofá enquanto assistia alguma coisa no celular, e quando viu um movimento, levantou o rosto em minha direção e me olhou com um sorriso no rosto.

- Sua safadinha, você transou com os quatro? - Lydia perguntou me seguindo da sala até a cozinha, parando apoiada na bancada enquanto me via preparar o café da manhã.

- Bom dia, Lyadia, estou bem sim, e você? - Perguntei revirando os olhos mesmo que ela não pudesse ver, peguei a panela e coloquei água, logo depois coloquei no fogo para poder fazer café.