CAPÍTULO 1

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BERNARDO

Dias atuais

Depois que botei meu marido pra fora da minha casa e fechei a janela  eu estava com tanto mas tanto ódio que não me permiti chorar como um coitado. Simplesmente peguei um saco de lixo e sai recolhendo pela casa exatamente tudo que era dele não queria vestígios nenhum que aquele puto um dia morou em minha casa, peguei inclusive as chaves pra que ele pudesse pelo menos abrir o portão e sair sem nem olhar pra trás ou um dia se lembrar que eu existi na vida dele. Abri a porta joguei o saco e em seguida celular que pelo estrondo espatifou, joguei também carteira e chaves, ele ainda estava sentado no chão com seu pertences jogados em volta, se levantou rapidamente e veio em minha direção.

_ Amor vamos conversar, aquilo não significou nada pra mim, eu ti...

Apontei o dedo na cara dele possesso.

_ Não ouse dizer que me ama, não ouse se dirigir a mim nunca mais nessa sua vida desgraçada, tenha ao menos um pouco de dignidade e saia por esse portão pra nunca mais dobrar aquela esquina e se aproximar de mim porque eu não irei te perdoar nunca, nem quando se passarem os anos e não restarem mais mágoas ainda assim eu não irei te perdoar..

_ Por favor me deixa te explicar...

_ SAI FORA!!

_ Pra onde eu vou? Eu não tenho pra onde ir..

_ Vai pra porra, pra casa do caralho, pra casa do teu amante, pra puta que te pariu.. some daqui. Irei te dar 20 minutos, se eu abrir essa porta e você ainda estiver aqui, irei tocar fogo nessas suas tralhas com você junto seu filho da puta.

Entro dentro de casa e fecho a porta num estrondo, aquela foi a última vez que olhei naqueles lindos olhos azuis dele que estavam inchados de tanto chorar, nem no nosso divórcio eu o olhei, nem por um segundo sequer eu o encarei, só assinei os papéis e sai sem nem olhar pra trás. E sim, eu cravei os vinte minutos e abri a porta disposto a matar aquele traidor queimado, depois que ele saiu chamei um chaveiro troquei todas as fechaduras de casa e o bloqueei em tudo que era possível, mas também fiquei na cama deitado em posição fetal completamente desintegrado por horas, dias não sei... quem me salvou foi Melissa minha sócia. Ela foi até a minha casa e me fez me levantar praticamente a força, enfiei a cara no trabalho pra tentar esquecer o pior dia da minha vida.

Tivemos a idéia de alugar minha casa com toda a mobília e eu fui dividir o aluguel com ela temporariamente, com o dinheiro do aluguel de minha casa pagava a hipoteca. Tivemos altos e baixos na nossa empresa, nos individamos pensamos várias vezes em desistir mas conseguimos vencer e cinco anos depois somos uma grande empresa de cosméticos que atende o Brasil inteiro e também no exterior, temos a sede aqui em Belo Horizonte onde eu sou o CEO e abrimos uma filial em Nova York onde a Melissa é a CEO.

Agora nesse momento estou aqui em minha cobertura num condômino de alto padrão em Belo Horizonte, tive mais um dos muitos pesadelos que me atormentam a cinco anos. Olho ao meu lado na cama e vejo Felipe ainda dormindo. Eu e Felipe nos conhecemos a dois anos, eu e ele nos damos bem na cama mas é só isso, não temos um título pro nosso relacionamento é só sexo mesmo, e também não é monogâmico. Depois do Luciano eu não assumi compromisso com mais ninguém, vivo pro meu trabalho e faço sexo sem compromisso com quem me der vontade, quanto ao Luciano soube um dia por acaso que ele e o tal amante estavam juntos, que se fodam os dois, que seja muito infelizes bem longe de mim.

Me levanto devagar e vou ao banheiro da minha suíte. Escovo os dentes e entro do jeito que estava debaixo do chuveiro, ou seja, nu. Não demora muito e sinto Felipe me abraçando por trás.

_ Tomando banho sem mim Be? Você não tem sido um bom garoto..

Ele beija meu pescoço e esfrega sua ereção em minha bunda.

_ Abaixa esse pau Fe. Não estou no clima.

Ele me solta e suspira.

_ Outro pesadelo?

_ Sim. Odeio me lembrar daquele dia.

_ Você ainda o ama, é isso.

_ Amo o caralho, eu seria estúpido demais se ainda o amasse depois do que ele me fez e depois de tanto tempo.

_ Acha que tem o poder de virar uma chave e o esquecer? Se fosse assim era é bom.

Eu me virei pra ele.

_ Você ainda ama o Douglas né?

_ Não sei, as vezes me lembro dele mas você consegue preencher boa parte do vazio que ele me deixou.

Eu o abraço e me deixo levar, transamos debaixo de chuveiro mesmo eu sem muita vontade, Felipe é um cara tão do bem que eu não consigo entender como alguém foi capaz de o magoar. Eu estava um pouco ausente em meu casamento e mesmo assim eu não consigo perdoar e seguir em frente, imagina ele que foi deixado pra trás sem nenhuma explicação.

APRENDER A PERDOAROnde histórias criam vida. Descubra agora