CAPÍTULO 21

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LUCIANO

Chego em meu apartamento e Joana estranha.

_ Ué. Pensei que não viria almoçar.

_ Pois é mas nada saiu como o planejado.

_ O que aconteceu?

_ Bernardo ouviu uma conversa minha e do Adriano e interpretou da pior maneira, ele está puto e não quer me ver nem pintado de ouro.

_ Nossa, eu sinto muito. Você estava tão feliz.

_ Sim mas eu não irei desistir como a cinco anos atrás. Irei pensar numa forma de o reconquistar, está um pouco difícil pois ele mudou bastante.

_ Mudou como?

_ Ele agora é um CEO milionário, gosto refinado, cobertura de milhões em bairro nobre, só a cueca dele paga o seu salário do mês. Poxa eu não sei mais do que ele gosta.

_ Eu acho que ele gosta exatamente das coisas que gostava. Ele ficou muito rico e pode comprar o que quer mas isso não quer dizer que deixou de gostar das coisas que antes gostava.

_ Você acha?

_ Eu acho.

_ Ele era romântico, gostava de flores, doces, surpresas, essas coisas.. sem esquecer do dogão do seu Toninho.

_ Hum.. seu Toninho faz uma batata frita também que é de comer de joelhos..

_ Aquela batata frita gordurosa cheia de queijo, bacon e chedar?

Pergunto fingindo estar horrorizado e ela ri.

_ Humrum essa mesma.

_ Credo que delícia. Aquilo só da pra comer uma vez na vida e outra na morte dona Joana. Aquilo é letal.

Sigo pelo corredor dos quartos e ela fica rindo. Almoço com ela e depois vou a uma floricultura perto de casa e compro um buquê de rosas e uma cesta de chocolates, escrevo um bilhete e peço pra entregar no endereço de Bernardo.

BERNARDO

Três dias depois

Hoje é dia de eu voltar ao hospital pra retirada dos pontos, depois tenho terapia e nutricionista também, marquei tudo hoje pois amanhã volto a trabalhar. Meus pais foram embora logo cedo, estavam comigo desde que chegaram de viagem no dia que tive alta do hospital, eles moram em São Paulo. Nesses dias em casa tive que escolher meu segurança, escolhi dois pra me acompanhar, minhas exigências é que saibam lutar, manusear arma, não tenham aparência de guarda roupas e que não usem terno todo tempo, pelo amor de Deus fico agoniado só de pensar num guarda roupas de terno preto me seguindo chamando a atenção de geral, escolhi Wendel e Fernando. Wendel é mais desinibido e fala pelos cotovelos, Fernando é sério e calado mas gostei dos dois. Montei um escritório e um quarto pra cada um em meu apartamento, o bom é que não tira minha privacidade pois é bem afastado. Aqui e na empresa tem botões estratégicos pela casa pra chama los quando precisar e aplicativos no celular também, achei exagero mais depois do que passei não posso reclamar.

Visto um conjunto de moletom cinza claro e um tênis e vou ao hospital junto com Wendel. Hoje é bem capaz de eu encontrar o coisinha no hospital ja que ele trabalha la, Luciano provavelmente está aproveitando as férias. Ele deixou uns doces pra mim quando apareceu no meu apartamento enquanto eu dormia, o que resultou numa pequena discussão minha com Melissa, ela disse pra eu conversar com ele pois ouvi a conversa e interpretei errado, estava disposto até a tentar conversar mas ele sumiu depois de ter me mandado um buquê de rosas, uma cesta de chocolates e um cartão dizendo que me ama e que se eu precisar dele é só ligar, que o número dele era o mesmo. Eu é que não vou ligar tenho o meu orgulho, e ele não precisa saber que adorei tudo que ele deixou pra mim.

Chegando ao hospital faço a ficha na recepção e Wendel me acompanha. Logo sou chamado e sou atendido por um médico que nunca vi na vida, eu estranho um pouco mas não comento nada, o coisinha deve ter desistido de ser meu médico, eu realmente não ligo.

O médico ve minha cicatrização e autoriza a retirada dos pontos, logo sou atendido por Leonardo que abre um sorriso ao me ver.

_ Oi Bernardo, como está? Nossa que legal, os roxos dos seus braços praticamente sumiram.

_ Sim, a pomadinha que me passaram é boa.

Eu reluto mas não me aguento e pergunto.

_ O Luciano tem aparecido por aqui?

_ Sim. Apesar das férias doutor Luciano levou uma advertência e agora ele e o doutor Adriano estão na sala do diretor, parece que ele os chamou pra uma conversa.

_ Como assim advertência? Porque?

Ele me olha e da um sorriso.

_ Você não soube?

Balanço a cabeça em negativa.

_ Não. O que rolou?

_ Ele e o doutor Adriano discutiram feio, se não tivessem os segurado eles teriam trocado socos.

Eu fico aturdido enquanto Wendel pergunta achando que Leonardo está brincando.

_ Isso é sério? Dois médicos brigando no hospital?

Leonardo olha pra ele e sorri.

_ Sim. Todos ficamos espantados.

_ Sabe o motivo da briga?

Pergunto e ele me olha ficando sem jeito.

_ Acho que foi... parece que foi por sua causa..

_ Minha? O que eu fiz?

Pergunto mais espantado ainda.

_ Eu não sei bem o que aconteceu mas o doutor Luciano ficou puto com a sua alta e arrancou o doutor Adriano da emergência no meio de um atendimento, ai depois só ouvimos gritos e ofensas.

Wendel da risada mas eu fico só pensando e decido tirar isso a limpo ja que pareço estar envolvido na confusão. Infelizmente não sou autorizado a entrar na ala dos médicos mas Leonardo disfarçadamente me leva até la pra eu conseguir falar com Luciano, só Wendel não pode entrar pois a desculpa era eu fazer um exame.

Ele me indica a sala dos médicos e vou até la mas paro ao me deparar com Luciano e Adriano abraçados no meio da sala eles não me vêem pois eu só olho pela fresta da porta dou as costas e vou embora com lágrimas nos olhos.

APRENDER A PERDOAROnde histórias criam vida. Descubra agora