CAPÍTULO 10

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BERNARDO

Acordo com alguém pigarreando, abro os olhos e vejo um enfermeiro me olhando sem graça e percebo Luciano acordando do meu lado também. Ele dormiu sentado segurando a minha mão? Quero nem imaginar o estado da coluna dele que se levanta se espreguiçando e faz uma cara de dor.

_ Bom dia doutor, bom dia Bernardo. Desculpa os acordar mas é que chegou essa bolsa e pediram pra te entregar Bernardo. E também terá que tomar banho e café da manhã pra se preparar pra fazer exames.

_ Que bolsa é essa?

_ Me entrega.

Peço estendendo as mãos e o enfermeiro me entrega.

_ Obrigado. Pode me ajudar com o banho?

Pergunto ao enfermeiro e confiro o conteúdo da bolsa. Separo toalha, cueca, pijama, chinelos e necessaire. Volto a olhar o enfermeiro e Luciano que me olham incrédulos.

_ Que roupas são essas Bernardo?

Luciano me pergunta.

_ Minhas. Pode por favor me trazer algo pra comer que não seja chá com bolacha? Não se preocupe, se precisar pagar eu pago. Quero comida no meu almoço também, se eu ver aquela sopa novamente atiro quem a trouxer por essa janela.

_ Você está internado..

_ Eu sei, mas não é por isso que passarei fome ou ficarei com a bunda de fora. Não uso mais essa bata e nem como mais aquela sopa nem por um decreto do Presidente da República.

Eles me olham e sei que Luciano sabe que eu estou falando sério.

_ Então? Vai me ajudar a tomar banho ou terei que tomar sozinho?

_ Eu ajudo...

_ Eu ajudo Leonardo. Pode se retirar, obrigado.

_ Mas doutor, essa é minha função.

_ Ele está certo Luciano.

Luciano fica com o olhar cravado no enfermeiro que sai sem graça.

_ Eu quero que o enfermeiro me ajude Adriano, o chame de volta.

Ele entra no banheiro do quarto tira sapatos, camisa e logo volta.

_ Vamos Bernardo. Ja que quer mandar no hospital, terá que colaborar também..

_ Eu não quero mandar em ninguém, só não quero ficar com a bunda de fora muito menos passar fome.

Ele suspira parecendo buscar paciência.

_ Ha Luciano, até encarcerado come melhor do que essa sopa.

_ Como eu tentei dizer, você está internado, tem limitações não pode comer o que bem entender. Agora vem. Vou te ajudar no banho.

Olho pra ele e vejo que ele também fala sério. É estranho deixar meu ex marido me ajudar no banho mas ontem depois de cinco anos ele viu o meu pau, então hoje nada mais nos abala. Sigo pro banheiro me perguntando que merda eu fiz pra agora meu ex estar me dando banho? Não foram nas circunstâncias de uma quase morte que os meus sonhos me mostravam nós dois juntos debaixo do chuveiro.

Eu escovo os dentes e ele fica me olhando.

_ Ficará me olhando como se eu fosse uma espécie rara?

_ Você é raro, uma beleza difícil de se encontrar.

Infla meu ego mas não digo nada. Termino de escovar os dentes e ele me ajuda a tirar a bata. Só aceito afinal convenhamos, não é a primeira vez que ele me vê nu e também modéstia a parte eu tenho orgulho do meu corpo, é pra isso que me cuido, pro meu ex perceber o que perdeu.

Ele liga o chuveiro e eu entro embaixo.

_ Vai usar esse shampoo?

Ele pergunta avaliando minha necessaire.

_ Não. Usarei aquele da prateleira do mercado da esquina.

Ele bufa e se aproxima trazendo a bolsa.

_ Você e seu humor ácido..

_ Ultimamente tenho sido só ácido mesmo.

Ele não diz nada e me vira de costas colocando shampoo nos meus cabelos ja molhados e massageando meu couro cabeludo, eu fico tenso com a intimidade, ele para um pouco e eu olho pra trás de soslaio e o vejo arrancando sua calça.

_ O que está fazendo?

Pergunto e o olho de cueca preta, sexy pra caralho. O filho da puta está... duro.. como eu.. Me viro de costas novamente tenso como nunca estive e ele volta a massagear meu cabelo e é bom demais, não sei como pude ficar sem isso por tanto tempo. Ele enxagua meu cabelo e coloca creme voltando a massagear, eu chego a revirar os olhos de tão bom que está, talvez tenha gemido também pois ele se aproxima mais se encostando em mim eu arregalo os olhos ao sentir sua ereção em minha bunda. Eu juro que não estou me aproveitando da situação, só se lembrem que eu levei dois tiros e meus movimentos dos braços estão limitados, é verdade esse bilhete.

Ele suspira cheirando meu pescoço e me abraçando por trás.

_ Luciano... para com isso...

_ Você não quer que eu pare.. porra que saudade..

Ele me vira de frente e eu por mais que queira não consigo o parar e me odeio por isso. O olhar dele pra minha boca está me desconfigurando, ele engole em seco como se pedisse minha permissão, eu abro a boca e não preciso dizer mais nada, sua boca vem de encontro a minha num beijo saudoso cheio de vontade, ele me encosta no azulejo e me beija com tudo de si e eu também, nós praticamente nos devoramos duelando com nossas línguas que se enlaçam parecendo querer se amarrar uma na outra suas mãos que estavam em minha cintura uma delas passeia pelas minhas costas a outra segura minha nuca e conduz o beijo, ja minhas mãos estão pousadas em seus ombros, não sei o que fazer com elas e também não sei o que farei, só sei que esse beijo chegou de voadora nos murros que ergui ao meu redor derrubando todas as minhas defesas.

APRENDER A PERDOAROnde histórias criam vida. Descubra agora