CAPÍTULO 5

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BERNARDO

Depois de tanto chorar e orar pedindo uma intervenção divina acho que cochilo pois me assusto quando ouço barulho de tiros, antes de me recuperar do susto a porta do quarto onde estou é arrombada e eu grito de pavor.

_ CALA A BOCA PORRA.

O bandido parte pra cima de mim com uma faca e eu choro de medo implorando por misericórdia pois achava que ele iria me matar, mas ele corta as cordas que me seguram e me puxa da cama encostando a arma desengatilhada em minha cabeça. Abaixo e olhar e me vejo sujo de sangue só aí percebo que ele cortou meu pulso ao cortar as cordas mas não sinto nada, só muito medo.

_ O que está fazendo?

Pergunto num sussurro sem conseguir soltar a voz.

_ Fodeu... fodeu... fodeu..

O outro bandido entra no quarto falando.

_ Está tudo cercado, ta cheio de polícia aqui.

_ Porra eu vou matar esse playboy.

_ Tu cortou os pulsos dele? Cara ele é a  nossa garantir pra sair vivo daqui, agora se ele morrer como a gente fica?

Eu me desespero, volto a olha o ferimento que ele fez e estou jorrando sangue, percebo que ele ja me matou e não tenho nada a perder chega de ser humilhado. Num reflexo dou uma cotovelada em seu estômago o fazendo se inclinar e tomo a arma da mão dele mas o outro bandido é mais rápido e aponta a arma pra mim e dispara duas vezes me fazendo arregalar os olhos e cair de joelhos, antes de apagar vejo policiais entrando correndo no quarto e tenho a impressão de ouvir mais tiros mas não tenho certeza.

LUCIANO

Todos se dispersam e saem do quarto de descanso a fim de realizar suas funções e eu fico feito um maluco andando de um lado pro outro feito um louco. Depois de horas quando o dia ja está amanhecendo ouço ao longe barulho de ambulância e em meu coração eu sei que é ele, saio correndo em disparada em direção a emergência e ouço pelos alto falantes do hospital chamarem pelo Adriano. Chego na emergência praticamente junto com a ambulância.

_ Paciente homem branco com cerca de vinte oito anos, vítima de arma de fogo e corte profundo no pulso esquerdo.

Assim que abre a ambulância e eu visualizo os cachos que tanto amo o desespero toma conta de mim. Eu quero o pegar de qualquer jeito e cuidar dele, pessoas me seguram e me pedem calma. Assim que vejo Adriano o atendendo e fazendo massagem cardíaca eu me desespero e começo a gritar desesperado, eles correm e trazem desfibrilador.

_ Carrega em duzentos... AFASTA.. TIREM O DOUTOR LUCIANO DAQUI ..

Nada, ele não da sinal de vida e meus joelhos despencam.

_ Não, não, não...

_ Carrega em duzentos e cinquenta... AFASTA..

Nada. Eu me desprendo de quem me segura e avanço em Adriano pra tomar o desfibrilador de suas mãos.

_ Você está louco? QUER QUE ELE MORRA PORRA? TIREM O DOUTOR LUCIANO DAQUI? Me deixa fazer meu trabalho, você não está em condições nenhuma agora mas sabe que cada segundo pra ele conta e muito, não sabe?

Me afasto no mesmo instante pois sei que ele tem razão.

_ CARREGA EM TREZENTOS... AFASTA..

Eu mesmo saio correndo dali sem conseguir mais acompanhar, entro chorando e soluçando na minha sala e um enfermeiro entra atrás de mim.

_ Doutor o senhor precisa se acalmar, vai passar mal assim.

_ Ele... ele está morto... porra ele está morto... Adriano precisa traze lo de volta... eu não suportaria...

Ele me olha e se semblante remete a pena.

_ Droga... eu o traí.. eu trai o meu amor com o homem... o homem que está tentando salvar... salvar a vida dele... ele pode mata lo...

O enfermeiro arregala os olhos.

_ Não. Não pense assim, o doutor Adriano é um excelente profissional, tenho certeza que ele fara tudo que estiver ao seu alcance pra salva lo.

_ Você acha que..

Antes de eu terminar de falar entra uma enfermeira correndo em meu consultório.

_ Ele voltou. O paciente voltou e está sendo preparado pra cirurgia. Os bandidos chegaram por outra ala da emergência e estão em atendimento também.

_ Fodam se eles.

_ Não quer participar da cirurgia deles? Enquanto isso o doutor Adriano...

_ Nem pensar, eu quero participar da cirurgia do Bernardo.

Digo saindo rapidamente da minha sala mas eles me seguem praticamente correndo.

_ O doutor Adriano pediu pra te manter longe da sala de cirurgia.

Paro e olho pra ela.

_ Porque?

_ O doutor ficou meio... meio..

Ela gagueja incerta.

_ Meio o que?

_ Descontrolado.. desculpe doutor mas eu acho que o senhor só irá atrapalhar se entrar na sala de cirurgia.

Eu penso um pouco e acho que ela tem razão mas estou com muito medo, Adriano é um ótimo médico mas sempre se lamenta por eu amar o Bernardo e não dar uma chance pra ele. E se ele? Me viro e ando decidido pelo corredor, entro no lavatório e o encontro se lavando.

_ Eu disse pra você não vir Luciano, esse paciente é meu e prefiro você longe da minha sala de cirurgia, é melhor assim.

Olho pelo vidro e vejo meu amor sendo preparado pra cirurgia e olho pra Adriano.

_ Você ira esquecer todas as suas diferenças com ele?

Ele para de se lavar e me olha incrédulo.

_ Que diferenças?

_ Você disse que queria ficar comigo e...

_ E ainda bem que não ficamos porque você está me saindo um grande filho da puta. Acha que irei mata lo pra ficar com seu precioso pau só pra mim? Não se ache tanto assim Luciano. Eu não sou um crápula, sou um profissional que ama salvar vidas. Quanto as "diferenças" as quais você se refere elas não existem, não de minha parte pois ele nunca me fez nada, pelo contrário nós o fizemos, nós o traimos. Agora me da licença que essa vida eu faço questão de salvar.

Ele sai me deixando sem palavras e arrependido. Agora espero que ele não desconte a raiva que ficou de mim em Bernardo.

APRENDER A PERDOAROnde histórias criam vida. Descubra agora