CAPÍTULO 17

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BERNARDO

Sinto um beijo em minha testa mas o sono está tão bom que só suspiro e me viro pra outro lado mas uma conversa baixa na porta do meu quarto está me irritando pra caralho. Olho pra porta aberta me espreguiço cheio de vontade de voltar a dormir mas reconheço as vozes e me sento na cama de onde estou não consigo ouvir o que dizem então me levanto devagar e vou até a porta e ouço " só sexo, várias vezes?" " um sexo bom mas foi só isso, agora deixa eu levar essa toalha daqui ".

Fico em choque com o que ouço, se eu não tivesse com dores no meu corpo que denunciam que eu fodi pra caralho, eu iria jurar que ele não estava falando de mim dessa maneira tão escrota, que filho da puta QUE FILHO DA PUTA.

Acabo de fechar a porta devagar pra eles não perceberem que ouvi e entro no banheiro arrancando minhas roupas o mais rápido que consigo. Tomo um banho rápido me enrolo na toalha e vou até minha bolsa, pego minha roupa de alta que trouxeram pra mim e vou com ela ao banheiro, é uma calca jeans escura e uma camisa branca, visto minhas roupas, escovo os dentes e faço um coque em meus cabelos, depois ja saio recolhendo todos meus pertences do banheiro, irei embora estando com alta ou não, pra isso existe o termo de responsabilidade.

Sento na cama e só espero o médico, esse coitado é tão vítima quanto eu só que comigo Luciano ira se foder, se ele pensa que transou comigo pra me dispensar em seguida está muito enganado, eu não sou dispensado eu dispenso.

Minutos depois Leonardo entra pra ministrar meus remédios.

_ Bom dia. Dormiu bem?

_ Bom dia. Maravilhosamente bem.

Respondo sarcástico.

_ Onde está o doutor Adriano?

_ Em sua sala. Quer que eu o chame?

_ Quero por favor.

_ Depois do café da manhã né?

_ Agora.

Ele parece ponderar mas acaba cedendo e escreve alguma coisa em seu bip.

_ Espere um pouco, daqui a pouco ele vem.

Ele diz parecendo chateado.

_ Léo me desculpa se fui rude com você, não tenho que descontar em você as merdas que acontecem comigo.

Ele da um sorriso.

_ Que isso, eu acho que te entendo afinal vocês não foram nada discretos.

_ E nem você está sendo.

Digo espantado com a ousadia dele.

_ Me da licença. Logo seu médico  chega.

_ Espera. Vem cá.

Me aproximo dele e o abraço o surpreendendo.

_ Obrigado ta. Sei que não fui um bom paciente... mas sei reconhecer quando sou bem tratado, você é um ótimo enfermeiro.

Desfaço o abraço e ele está corado.

_ Imagina... eu só fiz meu trabalho, e você foi um bom paciente sim.. gostei de você. Se cuida ta, espero não te ver tão cedo, não aqui pelo menos. Sem ofensas.

Eu dou risada.

_ Também não quero voltar aqui, nunca mais se possível.

Ele ri e olha intrigado pra minha bolsa no sofá mas não diz nada. Quando ele sai me sento no sofá e calço meu sapato, chega Adriano e me olha assustado.

_ O que aconteceu? Está sentindo alguma coisa?

_ Não. Só vou embora e preciso que você assine a minha alta.

Ele franze a sombrancelha.

_ Não pôde esperar? Eu ja viria aqui na hora da visita, estou no meio do meu café da manhã.

_ Mais um motivo pra você a assinar o quanto antes.

_ Mas porque a presa?

_ Onde eu consigo um termo de responsabilidade?

Pergunto ja estourando o que me resta de paciência.

_ Preciso te examinar, ver se está realmente bem.

_ Eu estou bem..

_ Ok.

Ele diz pegando o tablet e digitando alguma coisa.

_ Terá que passar na recepção na saída ou pedir pra alguém levar os dados do seu plano de saúde.

Não respondo nada, só me levanto pronto pra ir embora e ele pigarreia.

_ Agora que não somos mais médico × paciente, me diz porque a pressa, a foda da noite não foi boa?

Cruzo os braços e o respondo a altura da ousadia dele.

_ Foi boa o suficiente pra você estar aqui agora se corroendo de ciúmes.

Ele ri sarcástico.

_ Pra quem chegou aqui cheio de marra se vitimizando sobre ser um corno você cedeu fácil demais aos encantos do traidor.

_ Cedi porque eu quis, o corpo é meu. Pelo menos não sentei no pau de um homem casado enquanto ele se masturbava pensando no marido.

Ele fica vermelho de raiva e levanta a voz.

_ Escuta aqui...

_ Escuta aqui você sua puta de merda. Não pense que porque fez a minha cirurgia e pós operatório que pode falar o que bem entender pra mim, não levo desaforo pra casa de ninguém, muito menos de uma puta barata feito você.

_ Você deveria me agradecer...

_ O caralho que irei te agradecer, você fez minha cirurgia? Sim, mas foi muito bem pago pra isso, eu não te devo nada.

Me aproximo devagar dele olhando em seus olhos transmitindo todo o desprezo que sinto por ele, só o sinto engolindo um seco e dando um passo pra trás.

_ Sabe? Desde que Luciano me confessou que havia se deitado com você eu não paro de pensar num detalhe e vou compartilhar com você. Em nenhum momento ele me relata desejo, vontade de transar com você, em nenhum momento ele diz que não resistiu aos seus atributos, ele apenas disse que estava com tesão, se masturbando e você se aproveitou disso, por isso eu falo que você é uma puta oferecida e barata que se contenta com migalhas.

Falo e pego minha bolsa saindo do quarto deixando um Adriano espumando de raiva pra trás. Se ele achou que iria falar o que quisesse e eu iria ficar calado se enganou e muito. Ligo pro meu secretário e peço pra ele resolver a questão do plano de saúde e peço pra mandar um motorista me buscar no hospital. Me dirijo ao estacionamento pra esperar o motorista e mentalmente desejo que não me depare com o Luciano em minha frente, pois ele com certeza não iria só ouvir uns desaforos.

APRENDER A PERDOAROnde histórias criam vida. Descubra agora