capítulo 19
LOUIS
* Falando pela visão de Louis
Droga, lolita me paga.
Estou indo para casa mancando com a cabeça latejando e sem saber o que fazer.
Não posso ficar na casa do meu pai, não com ele lá.
Aquele velho não faz nada além de bater em tudo e todos em sua frente, além de se drogar até não lembrar dos erros.
Meu medo sempre foi ser como ele, desde criança eu odiava como ele vivia e me tratava.
Lembro de pensar muito que eu iria ter uma família, uma mulher e uma casa limpa e linda.
Quando conheci Lolita, pensei que fosse com ela que teria essa vida, mas parece que não.Chego em casa, se é que posso chamar isso de casa. Como sempre, está cheio de cervejas vazias, o sofá com pacotes de salgadinhos, a tv parece ter sido roubada e as cortinas estão rasgadas.
A cozinha nem quero ver, o fedor de carniça já diz muito, havia uma família de ratos morando conosco, agora não mais.
Vou até o meu quarto, minha cama está sem colchão, há pacotes de cocaína presas na madeira.
Meu armário está inteiro, mas não há muito dentro.
Minhas roupas, que nunca foram muitas, estão usadas, sujas de comida e bebida.
Meu pai vivia roubando minhas roupas, ele não lavava roupa, eu que sempre levava para a lavanderia quando tinha dinheiro.
Minha vida nunca foi fácil, desde que meu pai perdeu a minha mãe, logo quando eu nasci, ele nunca foi o mesmo.Nunca vi como ele era antes, mas ouvi de amigos e de primos sobre como ele era um bom marido e que seu sonho era ter uma família.
Ele me culpa pela morte de minha mãe, eu me culpo pela morte dela, se eu soubesse que minha vida seria assim, teria me sacrificado pela minha mãe. Mas como eu era só um bebê sem saber o que era vida ou morte, não tinha muito o que fazer a não ser nascer e viver.Vasculho minha cômoda e encontro rascunhos de minhas cartas para Lolita, junto com poemas que eu fazia quando me sentia sozinho, ou seja, o tempo todo.
Agora vejo como eu fui tratando a lolita diferente com o passar do tempo, como eu fiquei mais frio com ela e parei de fazer cartas como essas.
Eu era muito bom nisso, sempre fazia ela sorrir, mas ultimamente eu não vejo mais aquele sorriso, acredito que seja minha culpa.Acho um poema que fiz antes de conhecer Lolita, quando eu era depressivo e, mesmo com oito anos, já bebia escondido as cervejas de meu pai.
(Poema de Louis)
Sobreviver
Sim, eu acordo
Sim, eu levanto
Sim, eu como
Sim, eu vejo
Sim, eu ouço
Sim, eu ando
Sim, eu falo
Mas, eu vivo ?
Não, eu não vivo.
Eu não amo
Eu não choro
Eu não rio
Eu não sinto.
Não, eu não vivo
Eu sobrevivo.Eu era ferrado da cabeça, talvez eu ainda seja.
Quem me salvou foi Lolita, me mostrou como era bom ser criança, como era ter amigos de verdade.
Alice, eu e Loli ficamos muito amigos, eu sempre ficava feliz com elas, mas eu não queria voltar para minha casa, só queria ficar com elas.
Nem da escola eu queria sair, meu pai sempre me bateu, às vezes por espirrar ou tossir alto demais e acabar o incomodando.Em nossa última discussão, quando quase tive o pulmão perfurado, eu me lembro de dizer para o meu pai assim " a mãe não ia gostar que você batesse tanto no seu filho assim, você acha que ela teria orgulho do pai babaca que você é?".
Me arrependi no mesmo segundo, não das palavras, pois elas eram verdadeiras, mas eu deveria ter guardado elas para mim, pois depois daquilo eu fui tão chutado, socado, cuspido e jogado ao chão.
Nunca chorei tanto como nesse dia, quando eu estava quase morrendo, ele não parava, ele parecia estar possuído.Eu lembro do olhar de Lolita para mim, o medo em seus olhos e como eles não me fizeram parar por nada. Eu estava igual ao meu pai, não me importava com nada, só a enforcava mais ainda conforme ela tentava gritar. Não sei como eu fiz isso, não sei porque, ela é o amor da minha vida, ela é ma princesse, como eu pude?
Me tornei o meu maior pesadelo, o meu pai.........................................................................
Arrumo o máximo que consigo da casa, já está tarde, estou cansado e dolorido.
Lolita não para de me ligar e mandar mensagens, não vou ler, quem terminou tudo foi ela, agora ela que arque com as consequências.
Vou para o meu quarto e deito, achei que ia demorar para dormir mas, sem perceber, já estava capotado.*Sonho
Estou enforcando Lolita, ela tenta gritar, mas eu não deixo. Aperto cada vez mais forte, seu rosto está perdendo cor, vida, sua boca está pálida e a pele roxa. Seus olhos gritam por socorro, ela chora, o que me traz de volta a realidade.
O que eu fiz? Paro e ela consegue respirar.........................................................................
VOCÊ ESTÁ LENDO
Outro corpo, mesma alma
RomanceLolita pensou ter encontrado o namorado dos sonhos, sua alma gêmea, mas isso não durou por muito tempo. Quando achava que estava com a pessoa certa, ela começou a ter sonhos, pensamentos intuitivos de que algo trágico estava prestes a acontecer, mas...