Capítulo 35

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Tic, tac, tic, tac, tic, tac...

- É engraçado o som do relógio, não é?

Pergunto, então um moço diz :

- Sim.

- Cadê minha mãe? E minha irmã?
Onde estou?

- Estão lá fora, falando com seu médico.

- Que médico?

- O amigo de Anna.

- Ah Anna.

Digo sorrindo ao lembrar dela.

- Eu lembro de falar com a Anna, eu estava bem nervosa.

- Estava, mas como está se sentindo agora?

- Nunca dormi tão bem. Estou tão calmaa. Olha minha mão moço, quantos dedos eu tenho.

- São belas mãos.

- Qual o seu nome, moço?

- Robert.

- O que está fazendo aqui, Robert?

- Cuidando de você, Lolita.

Mas o que está acontecendo mesmo?

- Cuidando? Eu não preciso, está tudo ótimo. Cadê Louis?

Assim que digo isso ele parece ficar sem reação, alguns minutos passaram-se e ele ainda não me respondeu.

- Cadê Louis??

O celular dele vibra e ele olha a notificação, então me responde:

- Ele está com sua mãe, fiquei tranquila.

Tem alguma coisa errada.

- Que bom.

Então Robert, é esse o nome dele? Sai do quarto.
Que quarto é esse?
Ah, é mesmo, é perto do consultório de Anna, o amigo dela está cuidando de mim.
Estou tão confusa, mas relaxada, acho que me medicaram.

* Flash back

- Vai doer um pouco, está bem? Só peço para que não se movimente.

Diz Robert.

Concordo com a cabeça, estou com muita dor de cabeça e sinto medo, um medo muito forte.

- Agora você irá dormir, esse remédio vai te acalmar.

- Obrigada.

*

Está bem, estou conseguindo recordar o que aconteceu nas últimas horas.
Estava com Alice no quarto, então tive uma crise bem forte, minha mãe me levou para o consultório da Anna, então Anna me recomendou um médico, Dr Albert.
Fomos ao consultório dele, acho que não era tão longe, lembro de dizer
" nossa, que rápido".
Minha mãe estava muito nervosa, Alice estava mais ainda, segurando minha mão fortemente.
Eu estava acabada e esgotada, achando que tinha enlouquecido de vez, não parava de escutar um piiiiiii, que barulho agoniante.
Entro no consultório do Dr Albert e conversamos, a sós:

- O que você está sentindo, Lolita?

Paro para pensar um pouco, não sei descrever o que estou sentindo exatamente.

- Não sei explicar.

- Como assim não sabe? Então me diz sobre esses transes, memórias do acidente que você anda tendo.

- Como sabe disso?

- Anna.

- Ah, sim. O primeiro foi no primeiro dia de aula depois do acidente, eu estava nervosa no caminho da escola e minha irmã foi me acalmar, então ela estendeu sua mão para mim, o que me fez lembrar de Louis, meu namorado, estendendo sua mão para mim, pedindo ajuda.
E quando eu vi eu estava lá, no dia do acidente, vendo Louis pegar fogo e o carro explodir.

- E depois, foi como?

- No banheiro da escola, eu comecei a ouvir uma voz masculina chamando por mim.

- E o que ele dizia?

- Emma... Quer dizer, Lolita.

Droga!

Então ele faz uma cara de dúvida, juntando suas sobrancelhas peludas.
Ele fica em silêncio, sempre anotando coisas em seu caderno.

- Continue.

Diz ele.

- Então eu vi fogo, gritos, meus gritos.

- Era como se estivesse no acidente de novo?

Eu não posso mentir, mas se eu contar a verdade vão querer me internar. O que eu faço?
Não foi com Louis, foi com Peter.

- Sim.

Bom, eu não menti, já que com Peter também foi um acidente.

- Está bem. Vou te ajudar nisso, confia em mim?

Como posso confiar em alguém que pode me internar?

- Sim, obrigada.

Então converso com ele sobre a crise de hoje no meu quarto, ele não diz nada, só faz algumas perguntas.
Termino de dizer o que tinha para falar, então ficamos em silêncio, só ouço sua caneta escrevendo coisas sobre mim.
Será que ele me acha doida?

- Engraçado...

Resmunga o Dr Albert.

- O que?

- Tive um caso muito parecido com o seu, só que ele tinha transes com coisas de uma " vida passada", dizia ele.

MEU DEUS.

- Nossa, que doido.

Digo dando uma risadinha.
Ele fica em silêncio, não pode concordar que um paciente dele é doido, mas o silêncio disse tudo.

- Sua cabeça está doendo? Disse que estava escutando um barulho e que sua cabeça estava explodindo. Continua assim?

- Sim.

- Está ouvindo vozes?

Emma... Lolita...

- Sim.

Olho para o chão, estou com vergonha de mim, como eu cheguei a esse nível de loucura?

- Está com medo, Lolita?

Espere, Louis?

Olho para o Dr Albert, então não o encontro, mas encontro Louis, pálido, cheio de terra.

- Lo-o-uis? Meu Deus...

Então ele avança em mim, me enforcando. Fico sem ar, caio no chão e seguro meu pescoço.
Ele não solta, eu grito, peço para ele parar, imploro, mas nada adianta.

- Arrête Louis, por favor... Arrête!

( Pare Louis, por favor, pare)

Dessa vez eu continuou no consultório, não vou para o lugar que aconteceu. O doutor sai correndo e chama por ajuda, então me seguram, tentam me acalmar e eu choro.
Choro no braço de Robert, sei que era ele por conta de sua placa com o nome.

- Fique calma...

Uma voz pacífica me diz, é muito familiar.

Sou levada até a maca, então me dão uma injeção, me acalmando.
Adormeço vendo os lindos olhos azuis de Peter, é como se ele estivesse sempre me observando, cuidando.
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Outro corpo, mesma almaOnde histórias criam vida. Descubra agora