Tic, tac, tic, tac, tic, tac...
- É engraçado o som do relógio, não é?
Pergunto, então um moço diz :
- Sim.
- Cadê minha mãe? E minha irmã?
Onde estou?- Estão lá fora, falando com seu médico.
- Que médico?
- O amigo de Anna.
- Ah Anna.
Digo sorrindo ao lembrar dela.
- Eu lembro de falar com a Anna, eu estava bem nervosa.
- Estava, mas como está se sentindo agora?
- Nunca dormi tão bem. Estou tão calmaa. Olha minha mão moço, quantos dedos eu tenho.
- São belas mãos.
- Qual o seu nome, moço?
- Robert.
- O que está fazendo aqui, Robert?
- Cuidando de você, Lolita.
Mas o que está acontecendo mesmo?
- Cuidando? Eu não preciso, está tudo ótimo. Cadê Louis?
Assim que digo isso ele parece ficar sem reação, alguns minutos passaram-se e ele ainda não me respondeu.
- Cadê Louis??
O celular dele vibra e ele olha a notificação, então me responde:
- Ele está com sua mãe, fiquei tranquila.
Tem alguma coisa errada.
- Que bom.
Então Robert, é esse o nome dele? Sai do quarto.
Que quarto é esse?
Ah, é mesmo, é perto do consultório de Anna, o amigo dela está cuidando de mim.
Estou tão confusa, mas relaxada, acho que me medicaram.* Flash back
- Vai doer um pouco, está bem? Só peço para que não se movimente.
Diz Robert.
Concordo com a cabeça, estou com muita dor de cabeça e sinto medo, um medo muito forte.
- Agora você irá dormir, esse remédio vai te acalmar.
- Obrigada.
*
Está bem, estou conseguindo recordar o que aconteceu nas últimas horas.
Estava com Alice no quarto, então tive uma crise bem forte, minha mãe me levou para o consultório da Anna, então Anna me recomendou um médico, Dr Albert.
Fomos ao consultório dele, acho que não era tão longe, lembro de dizer
" nossa, que rápido".
Minha mãe estava muito nervosa, Alice estava mais ainda, segurando minha mão fortemente.
Eu estava acabada e esgotada, achando que tinha enlouquecido de vez, não parava de escutar um piiiiiii, que barulho agoniante.
Entro no consultório do Dr Albert e conversamos, a sós:- O que você está sentindo, Lolita?
Paro para pensar um pouco, não sei descrever o que estou sentindo exatamente.
- Não sei explicar.
- Como assim não sabe? Então me diz sobre esses transes, memórias do acidente que você anda tendo.
- Como sabe disso?
- Anna.
- Ah, sim. O primeiro foi no primeiro dia de aula depois do acidente, eu estava nervosa no caminho da escola e minha irmã foi me acalmar, então ela estendeu sua mão para mim, o que me fez lembrar de Louis, meu namorado, estendendo sua mão para mim, pedindo ajuda.
E quando eu vi eu estava lá, no dia do acidente, vendo Louis pegar fogo e o carro explodir.- E depois, foi como?
- No banheiro da escola, eu comecei a ouvir uma voz masculina chamando por mim.
- E o que ele dizia?
- Emma... Quer dizer, Lolita.
Droga!
Então ele faz uma cara de dúvida, juntando suas sobrancelhas peludas.
Ele fica em silêncio, sempre anotando coisas em seu caderno.- Continue.
Diz ele.
- Então eu vi fogo, gritos, meus gritos.
- Era como se estivesse no acidente de novo?
Eu não posso mentir, mas se eu contar a verdade vão querer me internar. O que eu faço?
Não foi com Louis, foi com Peter.- Sim.
Bom, eu não menti, já que com Peter também foi um acidente.
- Está bem. Vou te ajudar nisso, confia em mim?
Como posso confiar em alguém que pode me internar?
- Sim, obrigada.
Então converso com ele sobre a crise de hoje no meu quarto, ele não diz nada, só faz algumas perguntas.
Termino de dizer o que tinha para falar, então ficamos em silêncio, só ouço sua caneta escrevendo coisas sobre mim.
Será que ele me acha doida?- Engraçado...
Resmunga o Dr Albert.
- O que?
- Tive um caso muito parecido com o seu, só que ele tinha transes com coisas de uma " vida passada", dizia ele.
MEU DEUS.
- Nossa, que doido.
Digo dando uma risadinha.
Ele fica em silêncio, não pode concordar que um paciente dele é doido, mas o silêncio disse tudo.- Sua cabeça está doendo? Disse que estava escutando um barulho e que sua cabeça estava explodindo. Continua assim?
- Sim.
- Está ouvindo vozes?
Emma... Lolita...
- Sim.
Olho para o chão, estou com vergonha de mim, como eu cheguei a esse nível de loucura?
- Está com medo, Lolita?
Espere, Louis?
Olho para o Dr Albert, então não o encontro, mas encontro Louis, pálido, cheio de terra.
- Lo-o-uis? Meu Deus...
Então ele avança em mim, me enforcando. Fico sem ar, caio no chão e seguro meu pescoço.
Ele não solta, eu grito, peço para ele parar, imploro, mas nada adianta.- Arrête Louis, por favor... Arrête!
( Pare Louis, por favor, pare)
Dessa vez eu continuou no consultório, não vou para o lugar que aconteceu. O doutor sai correndo e chama por ajuda, então me seguram, tentam me acalmar e eu choro.
Choro no braço de Robert, sei que era ele por conta de sua placa com o nome.- Fique calma...
Uma voz pacífica me diz, é muito familiar.
Sou levada até a maca, então me dão uma injeção, me acalmando.
Adormeço vendo os lindos olhos azuis de Peter, é como se ele estivesse sempre me observando, cuidando.
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Outro corpo, mesma alma
RomansaLolita pensou ter encontrado o namorado dos sonhos, sua alma gêmea, mas isso não durou por muito tempo. Quando achava que estava com a pessoa certa, ela começou a ter sonhos, pensamentos intuitivos de que algo trágico estava prestes a acontecer, mas...