Capítulo 27

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Estão sendo dias difíceis, não quero sair de casa, minha mãe tem que trabalhar, então ficamos eu e Alice. A escola está fechada por duas semanas, não sei se consigo voltar lá, ver onde aconteceu tudo.
Mas não posso sair da escola agora, no meio do ano é complicado.
Eu supero.

Ando sonhando muito, mas não só com Peter, com Louis também. Acordo sem ar, segurando o meu pescoço como se as mãos dele estivessem me esganando de novo.
Acordo gritando pois vi sua mão estendendida para mim, pedindo socorro.
Também acordo chorando quando vejo que minha casa com Peter está queimando e ele está lá.
Os meus maiores pesadelos estão me perturbando toda noite, não consigo dormir bem e nem comer bem.
Tive terapia on-line, não quero sair de casa e ver Louis em cada lugar da cidade.
Principalmente a ponte, aquela bendita ponte vermelha.
Nosso primeiro encontro foi na praia, como já disse antes, mas foi na praia perto do consultório da minha psicóloga, onde tem a ponte Golden Gate bridge ( ponte do portão dourado).
Éramos inocentes, felizes e melhores amigos.
Chega, pensar nisso tudo só me faz querer chorar mais.
Preciso focar em outra coisa, mas só quando as aulas voltarem.
Meu pai e, pelo o que parece, nosso irmão.
Preciso falar com Alice.

Saio do quarto e vou até o quintal, Alice está cuidando das flores.
Passando pela sala sinto o cheiro do almoço, macarronada.
Minha mãe está no telefone:

- Então o tio dele está cuidando de tudo? Ok, obrigada, estaremos lá.

Acho que é sobre o enterro de Louis.
Só de pensar sinto falta de ar, não queria ir, não consigo. Mas vou fazer isso por ele, eu preciso me despedir.

- Alice, precisamos conversar sobre o nosso pai. O garoto novo, aquele que já tem fama de louco por ter sido internado, sabe? Tenho quase certeza de que ele é nosso irmão.

- Como vamos conversar com a mãe sobre isso?

- Não sei, mas precisamos falar logo, pelo menos antes das aulas voltarem.

- Combinado.

- Eu estava pensando, poderíamos investigar sobre eles, sobre o nosso irmão e madrasta.

- Hmm, gostei Loli.

Será bom para mim, assim penso em outras coisas além de morte e fogo.

- Vamos para a varanda, lá eu penso melhor.

Digo para Alice.

- Vamos.

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Não tinha voltado aqui depois da noite que o garoto da bicicleta apareceu, foi tudo muito rápido, nem tentei chamar por ele.

- Bom, por onde vamos começar, loli?

Não ouvi nada do que Alice disse, estava concentrada olhando para o poste, onde Peter esteve.

- Ah, acho que sim.

- Acha que sim o que?

- Perdão, não ouvi o que você estava dizendo antes.

- Tudo bem Loli, está pensando no que?

- Antes no Peter, agora no enterro de Louis. Como vou fazer isso?

- Vamos estar com você, Loli, tudo vai ficar bem. Mesmo depois de tudo, ele merece nossa presença em sua despedida final, não acha? Você é forte, você consegue.

- Sim.

Digo com tristeza, mas dando um leve sorriso por educação.

Ficamos por um bom tempo procurando sobre nosso pai, mas não há nada novo, só fotos antigas.

- Aqui, uma foto com a nova esposa.

- Ela é maravilhosa.

Diz Alice chocada.

- Mas não mais que nossa mãe, obviamente.

- Claro.

Concordo.

- Não tem fotos com o filho deles, o perfil dela é privado.

- Que ódio!

Diz Alice já nervosa. O perfil privado é o terror para fofoqueiros e stalkers.

- Estou com dor de cabeça, depois procuramos mais, está bem Alice?

- Vou pegar um remédio para você, deite-se.

Vou até minha cama e pego uma almofada para dormir.
Alice chega logo em seguida com um copo d'água e o remédio em mãos.

- Aqui, tome toda a água.

- Muito obrigada.

- Quer que eu fique aqui Loli?

- Não precisa, mas obrigada irmã. Quero ficar um pouco sozinha, descansar.

Alice acena com a cabeça, então diz:

- Qualquer coisa estou aqui.

Deito e tento relaxar os músculos tensos, meu corpo todo está dolorido.
Com os olhos pesados, cabeça explodindo e o corpo latejando de dor, fecho os olhos e me deixo ser levada para os pesadelos.

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Outro corpo, mesma almaOnde histórias criam vida. Descubra agora