Outro corpo, mesma alma

Capítulo 48

Chegamos no hospital e minha mãe passou por uma cirurgia, agora está tudo certo e ela está estável, segura.
Meu pai pede privacidade, minha mãe ainda está dormindo na maca, saio e deixo ele conversar com ela.
Mas como eu sou eu, fico ouvindo atrás da porta o que está acontecendo:

- Como você pode fazer isso, Isla? Como... Como você teve coragem?

Diz meu pai.

- Eu te odeio por isso, como eu odeio isso! Mas eu me odeio mais ainda por não parar de te amar, mesmo depois de tantas traições vindo de você.

Então ela já o traiu antes e meu pai sabia?

- E Deus sabe o que eu sofro com você, querida, mas eu não posso deixar Zayn, ele só tem a mim agora, você o deixou.

Minha mãe continua dormindo.

- Eu só...

Então ele chora.

- Eu te amo muito, Isla, não sei quanto ainda aguento, mas peço para que você não faça mais isso comigo, por favor.

Minha mãe é um monstro, mas talvez meu pai mereça isso, ele deixou uma esposa sozinha com duas filhas, carma é fogo.

E de repente.

- Eu prometo não fazer mais isso, Nik.

- Isla! Como você está? Meu Deus, meu amor, eu estava preocupado demais, como você não..

- Calma, está tudo bem, estou bem.
Como você está?

- Eu? Não importa, você nunca se importou com isso mesmo, então eu parei de me importar com o que eu
sinto faz anos.

- N- Nick e-eu

- Não.

Acho melhor eu sair, meu pai levantou e

- Zayden!

- Foi mal.

Então meu pai saiu do hospital e Deus sabe para onde ele foi.

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Minha mãe é liberada três horas após a cirurgia, mas não pode sair da cama.
Meu pai volta e traz hambúrguer para mim e uma salada para minha mãe.
No carro o silêncio nos engole, é uma situação muito complicada e sensível.

Ao mesmo tempo que odeio minha mãe, odeio o que ela fez, eu preciso apoiar ela, afinal ela perdeu um filho, isso deve ser destrutivo.
Meu pai parece sentir o mesmo, ele pode estar morrendo de ódio pela traição, mas não deixou de se preocupar e cuidar dela nem por um segundo.

Ao chegar em casa meu pai diz:

- Pegue a matéria que você perdeu hoje, deve ter muita coisa já que estão há duas semanas sem aula.

- Mas e a mãe?

- Eu vou cuidar dela, vou ajudar ela no banho e arrumar a cama.

- Tá bom.

Vou para o meu quarto e me jogo na cama, não disse nada para eles, mas minha cabeça está tão pesada quanto uma bigorna.
Pego meu celular com a intenção de pedir lição para alguém, mas eu não adicionei ninguém, e agora?
Amanhã eu resolvo isso.

Tiro meu tênis, então as meias, como eu amo essa sensação. Agora tiro a blusa, o jeans e me rendo a minha coberta nesse dia frio.

*Sonho

Tic, tac, tic, tac, tic, tac...

Um relógio? Me lembra do hospital, a sala de medicações.

Vejo aqueles olhos roxos de Emma novamente, eles já eram lindos quando os cílios eram loiros, mas agora são mais belos ainda.
Pela primeira vez ela parece relaxada, seu respiração está tranquila e leve.

Escuto uma conversa, mas como se fosse bem longe de mim, não mais do que um sussurro:

- É engraçado o som do relógio, não é?

Pergunta uma garota.

- Sim.

Responde alguém, esse voz não é estranha...

- Cadê minha mãe? E minha irmã?
Onde estou?

- Estão lá fora, falando com seu médico.

- Que médico?

- O amigo de Anna.

- Ah Anna.

Quem é Anna?

- Eu lembro de falar com a Anna, eu estava bem nervosa.

- Estava, mas como está se sentindo agora?

- Nunca dormi tão bem. Estou tão calmaa. Olha minha mão moço, quantos dedos eu tenho.

- São belas mãos.

- Qual o seu nome, moço?

- Robert.

ROBERT, EU SABIA QUE CONHECIA AQUELA VOZ. Espere um segundo, ela está internada?

- O que está fazendo aqui, Robert?

- Cuidando de você, Lolita.

LOLITA, é essa a minha Emma??

Lolita...

Então ela começa a perguntar sobre um tal de Louis, mas o Robert demora para responder.

Louis é o cara que agrediu ela, eu ouvi ela gritando para ele parar.
Está bem, quem poderia ser Louis e quem poderia ser Lolita?

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