Capítulo 24

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Sonho

- Peter?? PETER!

Estou no quintal, pegando erva cidreira do jardim para fazer chá.
Mas de repente escuto gritos e sinto cheiro de fumaça. Peter, casa, fogo!

- EMMA! SOCORRO.

Então a cena toda se repete.
Gritos, lágrimas, fogo e morte.
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Acordo com enfermeiras me segurando, acho que estava gritando enquanto sonhava. Estou no hospital, meus braços estão queimando e o aparelho que mostra meus batimentos cardíacos estão apitando loucamente.

- Filha, estou aqui, tá tudo bem meu amor.

- Mãe, o que aconteceu?

Acho que fui drogada, morfina provavelmente. Meus braços estão queimados, bem queimados pelo jeito. Está tudo enfaixado, mas continua ardendo e sei que foi pelo fogo.
Fogo, o carro do pai dele...

- Cadê Louis?? Onde está ele???

As enfermeiras saem do quarto, minha mãe fecha a cara e segurando minha mão me diz:

- Ele foi embora, querida, está em um lugar melhor. Sinto muito, filha.

Não sei porque estou chocada com isso, eu já sabia que chegaria esse dia.
Quando você sabe a verdade, mas ela ainda não aconteceu, você não quer acreditar. Não até ela se tornar realidade e enfim você sentir na pele.

- Não, NÃO.

- Venha aqui querida.

Minha mãe me segura em seu colo e juntas choramos.
Choro por Louis, pela pessoa que ele era e pelo modo que acabamos a discussão.
Choro por Peter, choro por não poder pedir desculpas a Louis, por não dizer que o perdoava.
Choro por sua mão erguida para mim, pedindo socorro.
Sei que quando eu ergui a mão para ele, pedindo ajuda, Louis não me ajudou. Mas eu não posso evitar, eu o amei de verdade, mesmo depois de tudo, mesmo depois de sua morte, uma parte de mim sempre irá amá-lo.

Agora preciso curar as feridas feitas por Louis em mim e superar sua morte.
Peter vai voltar.

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Depois de um tempo, o efeito da morfina foi passando, meus braços estão doloridos.

- Mãe, meus braços, a situação está muito feia?

Minha mãe faz aquela cara de " tenho uma má notícia" novamente. Sei que algo não está certo quando ela começa a fazer tranças em seu cabelo, acho que isso acalma ela em momentos de tensão.

- Loli, foram queimaduras bem feias de terceiro grau. Você estava muito próxima do carro quando ele explodiu, causando queimaduras que vão deixar marcas.

- Mas porque não estou sentindo tanta dor?

- Pois atingiu seus nervos, então isso acaba fazendo você sentir pouca ou quase nada de dor.

- Pelo menos isso, né? Depois de tudo o que vem me acontecendo, não sentir dor é um milagre.

-Sinto muito querida, mas eu vou te ajudar a esconder elas, se quiser.

- Não, mãe, não precisa disso. Está tudo bem, toda vez que eu olhar para elas lembrarei de que eu tentei salvar Louis, lembrarei dele todos os dias de minha vida.

- Claro filha, isso é lindo. Fico feliz que você pense assim, além de estar preocupada com sua saúde física, estava preocupada com sua saúde mental. Achei que você odiaria ter tais cicatrizes pois lembraria do acidente e de uma terrível morte.

- Minha mãe me ensinou a ser forte e ver o lado bom das coisas.

Minha mãe me abraça e diz que me ama. Ela vai sair para que Alice possa me ver, só é permitido uma visitante por vez no quarto.

Estou perdendo a cabeça, não consigo acreditar que isso realmente aconteceu. Quero chorar mais, só que não tenho forças, a tristeza está mais forte que eu.
O fogo me persegue, é uma maldição.
Acho que sou ruiva pois o que aconteceu com Peter me marcou muito, o fogo me marcou.
O que eu fiz para merecer isso? Por que o fogo me odeia tanto?
Por que o fogo está fissurado em matar meus amantes?
Agora que um de meus amores foi levado por ele novamente, o que foi levado muito antes irá voltar para mim?

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Outro corpo, mesma almaOnde histórias criam vida. Descubra agora