Capítulo 61

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Que sonho doido.
Acordo e sinto Lolita tirar sua perna de cima de mim, então ela espreguiça seus braços e boceja.
Caramba, até acordando ela é maravilhosa.

- Bom diaa.

Diz ela com aquele sorriso carismático que encanta qualquer um.

- Bom dia, princesa.

Ela deita de lado e apoia sua cabeça em sua mão, colocando todo aquele lindo cabelo vermelho de lado, deixando seu pescoço à mostra.

- Ainda não amanheceu, ninguém veio aqui. 

Diz Lolita

- Sim, sorte a nossa, eu preciso sair.

Repondo.

- Você sonhou com alguma coisa?

- Sonhei. Estávamos em frente a um lago, alimentando patos.
Éramos Emma e Peter, eu acariciava sua barriga, você estava grávida, e logo depois de fazer isso eu via aquele lindo sorriso fofo que você dá sem mostrar os dentes, aparecendo suas covinhas.

Ela fica com uma cara de espanto.

- O que foi? Você está se sentindo bem?

Já pergunto assustado.

- Não, está tudo bem, é que eu sonhei exatamente a mesma coisa.

- Que legal.

- Legal? É incrível, a gente tem essa ligação doida nos sonhos, é tão bom dormir ao seu lado, foi a melhor noite da minha vida, nunca me senti tão segura como antes.

Puxo ela para perto de mim e enroscamos nossos pés.

- E eu me sinto completo com você.

Então beijo sua cabeça, mas o que queria mesmo era beijar seu pescoço, mas acho que seria cedo demais para isso, muito íntimo. Isso é complicado, eu não posso fazer isso com minha esposa, eu lembro dela como minha esposa.

- Você precisa voltar para seu quarto, vamos nos encontrar na praia, logo depois de estarmos livres do hospital, pode ser?

Pergunta Lolita.

- Claro, espero que possamos sair hoje mesmo.

- Eu acho que sim, somos um milagre, sabia? Eu nem acredito que estamos vivos.

- Nem eu.

Respondo.

- Vamos combinar um horário, pode ser no fim de tarde? Assim que o sol estiver perto de se pôr.

Digo.
É o meu momento favorito do dia, por isso quero esse horário.

- Combinado.

Diz ela apertando minha mão.

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Meu pai e minha mãe voltam para me buscar depois de fazer mais um leve check-up para termos certeza que posso receber alta.
São exatamente 13:05 e estou saindo do hospital com meus pais, não com aqueles enfermeiros doidos da clínica.
Fico feliz que eu tenha conseguido contar para eles sobre o que me ocorreu, é bom contar a verdade, um peso foi tirado de mim.

- Pronto, agora você vai ficar em casa por um bom tempo, filho, chega de loucuras.

Diz meu pai rindo.

- Mas precisamos conversar melhor,  foi tudo muito corrido e por isso não ficamos te enchendo de perguntas.

Diz minha mãe.
Como vou explicar isso da Lolita?
Eles são totalmente fechados com isso de vidas passadas.

- Eu vou explicar tudo para vocês.

- Antes, vamos passar no McDonald's e pegar umas fritas com milkshakes? Acho que vocês merecem, e eu também, claro.

Diz meu pai.

- Obaa!

Exclama minha mãe.
Está estranhamente tudo muito bem entre meu pai e minha mãe, parece que eles se resolveram, tem que ser muito forte para perdoar o que minha mãe fez com ele.

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Depois de uns 50 minutos, chegamos em casa, comemos no caminho  mesmo.
Minha mãe vai tomar banho, então meu pai aproveita a oportunidade e me chama para conversarmos na sala.

- Filho, como você conheceu a filha de Rachel? Você sabia quem era ela?

- Primeiro, não, pai, eu não sabia.
Eu conheci ela na escola, sei que sou novo lá, mas tivemos uma ligação instantânea sabe, amor à primeira vista, eu diria.

Tento mentir da melhor maneira possível, mas não sou muito bom nisso, meu rosto é péssimo em esconder emoções.

- Hmm..

E não diz mais nada durante uns 10 segundos, meu coração está batendo muito rápido, aí meu Deus, fala alguma coisa!

- Eu entendo, foi assim com Rachel, por isso nos casamos cedo. Sabe, Lolita me lembra muito a mãe dela quando jovem, o cabelo dela é mais vermelho, o de Rachel era mais claro, mas são tão parecidas.

Ufa, que ALÍVIO.

- Mas eu juro, pai, eu não sabia que era ela a sua filha. E como você está com Rachel?

- Eu e Rachel tivemos uma conversa de adultos, fomos muito maduros, até ela sair andando emburrada comigo como se fosse uma criança de cinco anos.

- Pai, desculpe, mas ela tem todo o direito, você as deixou.

- É, tá bom, ela até pode ter, mas eu pedi desculpas e disse que gostaria de conhecer minhas filhas.

- E o que ela achou?

- Ela fez o que eu disse, saiu andando pisando duro.

Meu pai mereceu isso.

- A mãe sabe?

- Ela não sabia até ontem. Eu contei tudo, antes eu tinha mentido sobre o motivo da minha separação, e também não disse que tinha filhas.
Mas ontem eu contei tudo, foi por isso que nós resolvemos, ela disse que estamos meio que  quites, eu trai a confiança dela e ela me traiu.

Tá bom, isso não está nem um pouco certo, mas fico feliz que estejam bem, não sei o que faria se eles se separassem.

- Ok, que bom então, fico aliviado.

Então meu pai levanta do sofá, sai andando, mas volta no mesmo instante e diz:

- Vem me dar um abraço, filhão, eu pensei que tivesse perdido meu filho, você não sabe como eu chorei.

Vou até ele e o abraço, então digo:

- Você acha que eu morreria tão facilmente? Eu sou muito bonito pra morrer cedo, pai.

Digo isso tentando quebrar esse clima pesado, o que funciona, pois meu pai riu.

- É, puxou o papai aqui, posso até ser seu padrasto, mas você conviveu tanto comigo que ficou como eu.

- Hahahahah.

Rio sínicamente, mas logo em seguida não consigo segurar e rio junto com ele.

São momentos como esse que me deixam reflexivo, como deve ser difícil não ter um pai, como vai ser com Lolita? O meu pai, que eu amo tanto, foi um monstro com ela e sua família, isso é um problema que preciso resolver mais pra frente.

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Outro corpo, mesma almaOnde histórias criam vida. Descubra agora