Capítulo 55

28 16 5
                                    

Até aí estava tudo mais ou menos bem, mas de madrugada...

- SOCORRO, SOCORRRO, SOCORROOO.

Acordo ao ouvir uma mulher clamando por ajuda.
A princípio, pensei ser mais um pesadelo, mas percebi que não era a voz de Emma, era outra pessoa e não era um sonho.

- Você ouviu isso, Anderson?

Silêncio.

- Anderson?

- O QUE FOI!

Levo um susto com seu tom de voz.

- Você não está ouvindo essa mulher gritar?

- Estou, e?

- E?

- Isso acontece sempre, deve ser só mais um louco, durma.

- Como assim, como eu vou dormir? Temos que ajudá-la.

- Não há o que fazer, eles sempre levam alguém.

- Levam para onde?

- Não sei, nunca fui levado.

Nossa, ajudou muito.

- Eu vou fazer alguma coisa.

- Se eu fosse você eu não sairia.

- Por que?

- Eu também não sei, nunca sai.

- Então vamos ver no que dá.

Sinto que não é uma boa ideia, mas eu me sentiria muito culpado se não ajudasse.
Tento abrir a porta, achei que estaria trancada, mas, pelo visto, as fechaduras são automáticas, se abre uma, abre todas.
Que burrice.
Abro a porta bem devagar, então olho para aquela corredor horrível, frio e enorme.
Vejo que dois homens estão segurando ela, tentam impedi-la de voltar para o quarto, por que alguém preferia ficar nesse quarto branco e apertado? Tem algo muito errado aqui.

- POR FAVOR, HOJE NÃO, TESTEM OUTRA PESSOA, POR FAVOR.

Testar?

- Cale essa boca, vagabunda!

Tem uma coisa que eu odeio profundamente, uma coisa que me estressa tanto, mas tanto que eu sou capaz de fazer coisas, como posso dizer, fora da lei. Essa coisa é homem escroto que maltrata mulher, eu preciso fazer alguma coisa.

Enquanto ela grita, eles a levam para um quarto, vou andando escondido, no escuro, outros pacientes estão gritando ou rindo alto, o que me ajuda ao andar.
Parece ser a sala de um diretor, deve ser do pai do Dr Albert, o verdadeiro dono, o filho é Albert junior.

- Abra a porta.

Diz um dos homens que seguram a garota, ela é morena, cabelos pretos com algumas luzes. Magra além do normal, sua perna tem hematomas, algumas marcas de corte também, eu sei como é isso, tenho algumas em meus braços.
Uma porta secreta se abre depois do cara mexer em um livro, um livro vermelho, preciso lembrar disso.

- NÃO, NÃOOOOOO!

Seus gritos doem, são agudos e parecem raspar a garganta, ela está apavorada.

- Só não te apago com um soco porque você precisa estar acordada para a análise, sua...

- Ei, relaxe, vamos levá-la e acabar logo com isso.

Diz o cara mais baixo e magro comparado com o outro.

Espero eles se distanciarem mais um pouco, estou quase entrando quando ouço passos.
Ferrou.

........................................................................

Tic, tac, tic, tac, tic, tac...

- Onde estou?

Pergunto ao acordar com o som de um relógio.

- Olá, Zayden, você está na sala de medicamentos, lembra por que?

- Não.

- Você estava tendo um pesadelo, então acordou gritando falando que precisava ajudar uma garota.

- Foi um sonho?

- Claro.

Eu tenho certeza que não foi um sonho, mas fico quieto, melhor fingir que cai no papo deles para então tentar ajudar a moça.

- Está se sentindo bem?

- Minha cabeça está doendo um pouco.

Óbvio que está, fui apagado com um tipo de bastão de ferro, algo assim, entao acordei aqui.

- Certo, vou te levar para o quarto, são cinco e quarenta e cinco da manhã, às seis o café da manhã é servido e os pacientes podem sair.

- Tá bom.

Enquanto sou levado em uma cadeira de rodas, por estar meio grogue, vejo um nome escrito em uma placa na roupa dele.
Robert, igual o nome do meu avô, pai de minha mãe.

- Robert, por que o relógio é tão alto?

- Não sei, talvez seja para acordar os pacientes, todos que vêm para esse quarto nunca esquecem esse relógio.

........................................................................

Outro corpo, mesma almaOnde histórias criam vida. Descubra agora