Capítulo 6

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Louis pegou no sono, mas eu não.
Estava com medo de sonhar com aquela casa pegando fogo, uma vez já foi o suficiente essa semana, não quero ter que passar por isso novamente. Foi tão realista que precisei de um banho gelado para me acalmar e resfriar.
Preciso me acalmar para dormir, então comecei a pensar em carneiros fofinhos e saltitantes. Então em cavalos, uma fazenda, uma vida tranquila.
Flores, ervas...

*SONHO:

Ervas, chá.
Estou fazendo chá para o meu marido, ele pediu pois está doente.
Deixo a água fervendo, vejo se a massa da minha torta está pronta. Pego o pano e limpo minha mão, deixando-o de lado.
Vou ao quintal, pego as ervas e então sinto um cheiro de fumaça.
GRITOS, aqueles gritos de novo, estão me chamando.

(Traduzido do francês)

- EMMA, FOGO, EMMAA, SOCORROO.

Então os gritos pioram, eu começo a gritar, minha garganta está queimando, tento entrar na casa, mas seus gritos pararam.
Então eu começo a chamá-lo:

- PETER, PETER, CADÊ VOCÊ.

Então começo a tossir, está difícil de enchergar, estou com dificuldade para respirar, imploro para Peter gritar.

- POR FAVOR QUERIDO, NÃO PARE DE GRITAR, ONDE VOCÊ ESTÁ? QUERIDOO.

A casa começa a desabar, pedaços de madeira estão caindo, pegando fogo.
Tenho que sair, mas não quero, eu preciso salvar o meu marido.
Então me lembro, não posso ficar aqui por mais tempo, preciso escolher a vida do bebê em meu ventre ou a de meu marido.
Uma madeira caí em meu pé, grito de dor e seguro minha barriga. Vejo uma luz, não posso apagar essa luz, não posso fazer isso com meu bebê, Peter não ia querer isso.
Saio da casa e desabo no chão, vendo minha vida toda pegar fogo, meu amor pegar fogo e tudo virar cinzas.

Tudo fica escuro, estou na varanda, está frio, escuto uma bicicleta parando, olho e lá está ele, debaixo do poste.
Dessa vez eu o chamo o mais rápido que posso, da última não tinha tido tempo.

- GAROTO, AQUI EM CIMA

Percebo que ele já estava olhando, mas algo me assusta, seus olhos...

- Emma, cuidado, não tenho muito tempo, é Louis, ele vai embora.

- Como assim embora, quem é Emma?

- Você.

- Espere, não vá!

Então ele some e tudo fica escuro.

Agora escuto Louis me chamando, minha mãe está chorando e Alice...

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-LOLITA, LOLITA, ACORDE!!

Acordo no mesmo estado que da última vez, Louis está me segurando em seus braços, o desespero tomou conta de seu rosto.
Minha mãe está com Alice, elas estão segurando minha mão e vejo que minha mãe está no telefone.

- O que aconteceu com você ma princesse, estávamos em desespero tentando te acordar, você está pegando fogo.

Vejo arranhões no braço de Louis, então o abraço e começo a chorar. Como assim ele vai embora? Será que minha paranóia é real? Louis vai morrer?

- Eu estava tendo um pesadelo, não foi nada demais. Me desculpe por assustar vocês e me desculpe pelos arranhões meu amor. Eu achei que era real, achei que estava lá.

- Não era real chérri, eu estou aqui com você, está tudo bem.

Disse Louis tentando me acalmar.

- Filha, porque não me contou que seus pesadelos voltaram? Já falei com sua terapeuta, você vai voltar às consultas, não aceito não como reposta. E meu Deus, você está fervendo, entre no chuveiro, vou preparar um chá para te acalmar.

- NÃO, chá não mãe, por favor.

Estão me olhando preocupados e assustados, devo estar parecendo uma maluca.

- Tá bom filha, calma, está tudo bem. Louis, vá para sua casa agora, depois vamos todos conversar sobre isso, nesse momento estou sem cabeça para isso, preciso cuidar de Lolita.
Alice, ajude sua irmã ir ao banheiro e pegue roupas para ela, vou pegar água e levar Louis até a porta.

- Mãe, por favor, deixe Louis dormir comigo só por essa noite, eu não vou conseguir dormir sem ele, por favor.

- Não querida, não posso permitir isso. Alice vai dormir com você e eu também, Louis precisa ir para a casa dele, se o pai dele descobrir isso...

- Seu pai, Louis, que horas são? Meu Deus, está amanhecendo, você precisa ir agora, ele vai te punir.

- Calma amor, relaxa. Vai ficar tudo bem, já estou indo, ele não vai fazer nada, eu sei me proteger.
E Rachel, me desculpe pela invasão, isso não vai se repetir.

Minha mãe da um sorrisinho a ele , mas sei que todos aqui não acreditam que isso não vai se repetir, Louis vai voltar aqui todas as noites, principalmente depois de hoje.
Abraço Louis e Alice me ajuda a entrar no banho:

-Estou bem Alice, pode deitar, já vou deitar com você.

- Loli, porque não me disse que os sonhos pioraram? Eu poderia ter te apoiado nisso, não precisa passar pelas coisas sozinha, você tem à mim.

- Eu sei Alice, me desculpa, mas são só sonhos, não aconteceram de verdade.

- É, mas a partir do momento que esses sonhos afetam o seu físico não é mais uma besteira. Você precisa descobrir o significado Lolita, por que não pede a sua terapeuta as anotações de seus sonhos? Talvez te ajude.

- Essa é uma ótima ideia Alice, muito obrigada.

Talvez não seja tão ruim voltar para a terapia.

- Estarei te esperando Loli, a mãe também.

- Já estou indo, pode deixar.

Alice saiu do banheiro, agora preciso pensar nesse sonho e anotar ele o mais rápido possível.
Eu estava grávida, pelo menos agora sei o motivo de não ter salvo Peter, era impossível sair viva de lá, eu acabaria matando o bebê e me matando.
Dessa vez consegui ver como "eu" era, tinha cabelos loiros, era tão baixa e branca demais
O curioso é que "eu" tinha os mesmos olhos de hoje em dia e estávamos falando em francês, de novo.
Preciso me deitar, amanhã vou fazer de tudo para descobrir mais sobre esse sonho.

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Outro corpo, mesma almaOnde histórias criam vida. Descubra agora