PROIBIDO PRA MIM - EM ANDAMENTO.

67°

Viviane Velasquez.

A Ayla desligou a ligação na minha cara e quando eu liguei novamente, caiu direto na caixa postal e na segunda tentativa, ela simplesmente desligou o celular. O que essa garota tem na cabeça? Como ela se enfia dentro daquele lugar só por causa de uma amiga? E que amiga é essa? Que eu nunca ouvi falar.

Essa história está super mal contada, tem alguma coisa acontecendo por trás dessa desculpa esfarrapada e eu vou descobrir o que é ou não me chamo Viviane.

Agora me diga, como eu vou ficar tranquila ou conseguir dormir em paz sabendo que a minha filha está dentro daquele lugar?? Não tem como! Eu preciso fazer alguma coisa!

A Ayla só pode está querendo me matar do coração... Não é possível! Quer saber??? Eu não vou ficar aqui de mãos atadas esperando o pior acontecer com a minha filha. Ela está correndo risco lá dentro! Todo mundo ali conhece a cara dela e quer a cabeça dela!!! Essa garota enlouqueceu. Como ela pode se arriscar dessa forma???? Isso não faz sentido pra mim. Ela tem um coração enorme, mas ela não é burra.

Entrei em contato com todos da delegacia, exceto a Amanda e convoquei todos para uma invasão surpresa na Rocinha ao amanhecer. Eu preciso tirar minha filha daquele lugar, e se eu der sorte, ainda acabo com aquele desgraçado do Mike!!!

Sei que estou agindo por impulso... Mas é a vida da minha filha que está em jogo, eu não posso ficar aqui apenas esperando a notícia da morte dela. Jamais iria me perdoar nessa vida!

Ela falou que está tudo bem, mas eu não consigo acreditar nisso, e eu percebi o tom de voz dela totalmente estranho. Alguma coisa está acontecendo e ela não quis me contar. A Ayla é igual a mim, acha que pode resolver e dá conta de tudo sozinha. Ela é muito orgulhosa, sabe? Sofre calada mas não pede ajuda pra ninguém.

Cheguei na delegacia e todos já estavam me esperando e como eu esperava, todo mundo queria entender o motivo dessa invasão surpresa do nada na Rocinha, já que eu tinha deixado todos avisados ontem, que só iria retomar com a missão da captura do Maycon depois que a poeira abaixasse um pouco, pois os holofotes estavam em cima da gente, principalmente a mídia.

Xxx: O que aconteceu delegada? Surgiu alguma novidade na operação?— me encarou.

Xxx: Estamos sem entender nada. Vamos invadir mesmo a Rocinha hoje?

Viviane: Vamos!— falei séria.— Quero todos na sala de reunião agora!

Eu tinha articulado um novo plano de invasão em casa mesmo, e em questão de uma hora, e repassei para todos, que prestaram atenção atentos.

Tive que contar para eles o motivo da operação surpresa, porém omiti a verdade. Informei que a Ayla foi sequestrada e todos acreditaram, afinal a cabeça dela está a prêmio dentro daquele lugar.

Eu não poderia falar que a minha filha foi parar lá dentro pelas próprias pernas e por conta própria, né?? Isso poderia me prejudicar e também prejudicar ela mesma. Nesse mundo que vivemos, tudo é motivo para desconfiança e investigação. Não posso correr o risco de ser afastada do meu cargo, e nem prejudicar a Ayla.

Viviane: Alguém tem alguma dúvida??— todos negaram.— Então, vamos!

Entramos dentro do carro e eu confesso que estava me tremendo de nervosismo, e também de preocupação. Nada pode dar errado nessa missão!

Quando estávamos nos aproximando da entrada do morro, senti às minhas mãos suarem e a minha garganta ficar seca... Uma sensação horrível! Sentimento estranho.

Assim que os fogueteiros viram às viaturas se aproximando da entrada, soltaram os fogos no céu e pularam das lajes como uns ratos. Malditos!!!

Viviane: Pode meter tiro nesses vagabundos!— ordenei.

Nós já fomos recebidos por tiros mas não recuamos, avançamos e conseguimos passar fácil pela primeira barricada, diferente das outras vezes. Pelo visto o Maycon não estava esperando uma invasão seguida da outra, né? Acho que isso não passou pela cabeça dele. Que pena!

Viviane: Lopes, Souza e Barreto.— encarei eles.— Quero vocês comigo!

Xxx: Positivo, delegada.

Viviane: Equipe um pela direita, equipe dois pela esquerda.— concordaram.— Lembrando que o foco principal da operação é resgatar a Velasquez.— respirei fundo.— O blindado, segue!!!

Os comércios que tinham acabado de abrir abaixavam suas portas desesperados, alguns moradores corriam e tentavam se abrigar e se proteger a onde conseguiam... Era uma cena complicada de se ver, confesso.

Xxx: Delegada, avançamos com o blindado.— falou no rádio.

Viviane: Positivo!

Como eu consegui rastrear o celular da Ayla ontem, eu sabia a localização exata dela e no aparelho constava que era no alto do morro, e isso só aumentava a minha preocupação e também às minhas dúvidas.

Viviane: Pode seguir! Estamos longe ainda.

O único barulho que a gente conseguia ouvir, era dos tiros... E era muito, muito tiro e também muitos gritos, principalmente dos bandidos que conversavam entre si e em códigos para a gente não entender nada.

A gente já tinha conseguido passar pela terceira barricada, alguns dos nossos infelizmente tinham sido feridos, porém eu só ia sair de dentro dessa favela com a minha filha do meu lado!!! Recuar não era uma opção!

Senti o meu telefone vibrar no bolso da minha calça, não ia atender mas a pessoa continuou ligando incansavelmente e era a Ayla. Meu coração até acelerou quando vi o nome da minha filha brilhando na tela.

Ligação.
Viviane: Filha?
Ayla: Mãe, eu não acredito que você está fazendo isso.— falou desesperada.— Recua, recua agora!
Viviane: Eu não vou recuar filha! Eu vim te buscar, não vou sair daqui sem você.
Ayla: Mãe, me escuta! Recua.— falou chorando.
Viviane: O que está acontecendo Ayla? Porque você está chorando?
Ayla: Mãe, você precisa recuar... Por favor!
Viviane: Com você correndo perigo? Jamais!
Ayla: Mãe... Eu não.— a ligação caiu.

A ligação ficou muda, encarei o meu celular e ele tinha desligado... Não acredito! Logo agora esse celular tinha que descarregar? Que ódio!

O que será que a Ayla ia me falar? Meu Deus, preciso encontrar minha filha!
Porque ela estava me pedindo tanto pra recuar?? Isso não faz sentido!

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