Capítulo 47

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— Você não está com medo?

Hermione ergueu os olhos do livro e se virou para Harry. Eles estavam relaxando após o treinamento de combate, sentados em um banco na varanda do esconderijo de Westchester, com as pernas apoiadas na grade. Ron estava com Susan Bones em algum lugar, para alívio tácito de Harry e Hermione. Ela teve um vislumbre de Ron e Susan uma vez. Ele não tinha nenhum problema em beijar Susan, isso era certo. E Hermione estava feliz por ele estar feliz.

O trio estava cansado do constrangimento tenso causado pela rejeição de Hermione. Ela estava feliz por aqueles dias terem acabado.

Harry olhou diretamente para o sol poente, com cerveja amanteigada na mão. Ele parecia estar em um de seus humores pensativos, e estava tendo cada vez mais deles ultimamente.

— Aterrorizado com alguma coisa em particular? — ela perguntou.

Havia uma guerra. Eles não tinham ideia de onde poderia estar a Taça e estavam indo para a festa de verão dos Malfoy por brincadeira. A Ordem estava em menor número, escondida, e o melhor que conseguiam era ocasionalmente atrapalhar as operações de Voldemort. É certo que eles eram excelentes em sabotagem e em permanecer escondidos. Mas no final das contas, o futuro da guerra pousou diretamente nos ombros de Harry, Hermione e Ron e em sua capacidade de encontrar aquela maldita taça.

Era muita responsabilidade. Além disso, a Ordem estava a um ataque bem-sucedido a um esconderijo, longe da morte e da tortura, e isso seria o fim para todos eles. Pelo menos eles estavam quase abastecidos com Chaves de Portal.

Pensando em sua conversa com Remus, Hermione sabia que ele também teve momentos em que ponderou sobre o futuro da guerra e quão tênue era a posição deles. Às vezes, vencer parecia impossível, e ela se mantinha ocupada para não se afundar na impotência que sentia.

Harry nunca falou sobre suas inseguranças com outras pessoas – pelo menos não em relação à guerra. Todos o admiravam, suspeitavam que ele era a chave para a derrota de Voldemort e ele sabia disso. Além disso, Harry foi inspirador, foi corajoso, elevou a moral de todos e correu de cabeça para a batalha, sem nunca olhar para trás. Harry era um líder nato e trocaria sua vida por qualquer um deles sem pensar duas vezes.

O peito de Hermione se contraiu de tristeza.

Ele faria e ele fará.

Ela ocluiu para que ele não visse sua dor. Essa habilidade se tornou incrivelmente útil nos últimos meses, e ela poderia fazer isso sem que a maioria das pessoas percebesse agora. Com um estalar de dedos, exatamente como sua mentora havia instruído.

Harry tomou um gole de sua cerveja amanteigada e segurou-a no rosto por um segundo antes de engolir.

— Somos um bando de crianças — disse ele, agitando sua cerveja amanteigada em direção ao terreno vazio onde haviam acabado de terminar o treinamento de combate. Depois de dar um grande suspiro, ele olhou para sua garrafa. — Às vezes eu gostaria de ter pais. — Imediatamente sabendo que ele disse a coisa errada, ele se virou para ela. — Sinto muito, Hermione.

— Não, está tudo bem, Harry. Eu- — Hermione de repente estava cansada de Ocluir constantemente e manter seus sentimentos o tempo todo, então ela permitiu que suas lágrimas escorressem.

— Ei — sua voz profunda tornou-se suave, e ele a puxou para o calor de seu peito. Ela se inclinou para ele enquanto ele esfregava seu braço. — Ei. Sinto muito, isso foi imprudente da minha parte.

— Não, é só... — ela mordeu o lábio inferior. — Nós dois gostaríamos de ter pais. — Ela continuou, murmurando em seu peito. — Estou preocupada que o feitiço da memória não possa ser revertido. — As lágrimas dela caíram em gotas no tecido do short dele.

From Wiltshire, With Love | Tradução - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora