Capítulo 72

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Hermione sentou-se nua na cama do quarto de hóspedes dos pais, esperando Draco voltar do banheiro. Seu corpo ainda doía aqui e ali, mas a dor era controlável e diminuía. Ela olhou para a porta. A iluminação do corredor parecia apagada e as sombras projetadas no tapete aos seus pés eram distorcidas e não naturais.

Algo no quarto parecia estranho, como se ela não pertencesse àquele lugar. O quarto de hóspedes não parecia mais familiar. Ela esfregou os olhos, talvez fosse um efeito colateral de ter sido torturada – incapaz de se sentir segura na familiaridade de sua própria casa de infância.

Hermione ouviu os passos de Draco no corredor e ele parou sob o batente da porta. Sua boxer preta contrastava fortemente com o tom claro de sua pele, e a luz atrás dele lançava uma longa sombra no chão da sala escura. Sua sombra era estranha, parecia que ele estava usando uma capa com capuz. Ela ergueu os olhos, observando-o com curiosidade. Seus lábios franziram enquanto ele estudava a parte interna de seu antebraço e seu cabelo cobria seu rosto, ela não conseguia ver sua expressão.

Ou seus olhos.

— Algo está errado?

Ele esfregou a área de sua Marca Negra com o polegar e sibilou.

— Não tenho certeza, nunca foi feito isso antes.

Preocupada, ela se levantou e se aproximou dele.

— Aqui, deixe-me ver. — Hermione puxou o braço dele em sua direção e inspecionou a pele escura e escamosa. — Não parece diferente.

— É sensível. Quase como se coçasse.

— Não dói?

— Não. — Seus olhos encontraram os dela, as sobrancelhas franzidas em preocupação. — Isso... formiga. Nunca tinha feito isso antes.

Curiosa, ela se inclinou para inspecionar a marca mais de perto, virando o braço dele. Sua respiração ficou mais pesada enquanto ele aguardava o veredito dela. Não parecia diferente. A única sensação que ele descreveu de sua Marca Negra era dor. Gentilmente, ela traçou o contorno da marca em sua pele e ele choramingou.

Hermione ergueu os olhos bruscamente para encontrar sua expressão surpresa e de olhos arregalados.

— Isso doeu?

— Eu... eu acho... — Draco gaguejou, e suas bochechas coraram. — Não, isso... eu não entendo o que está acontecendo.

Ao longo do tempo que passaram juntos, ela memorizou o formato e o contorno da marca, traçando-a com os dedos mais vezes do que conseguia contar. Ela ainda não conseguia determinar o que havia de tão diferente, então arrastou a ponta do dedo sobre o contorno novamente.

Os olhos de Draco se fecharam e um gemido suave escapou de seus lábios. Ele se inclinou para ela e agarrou seu braço com a outra mão.

Hermione já tinha visto aquela expressão no rosto dele muitas vezes antes e ficou chocada ao vê-la agora.

— É erógeno?

Ele abriu os olhos, envergonhado, e assentiu sem palavras. Apreensiva com o significado da mudança de sensação, ela tentou tocá-lo novamente, mas ele agarrou seu pulso.

— Não — sua voz estava alarmada. — Não deveria ser bom.

Lembrando-se de como Draco queria que ela o machucasse, ela entendeu sua preocupação. A Marca Negra representava as coisas terríveis que ele fez, as escolhas erradas que fez e os pecados horríveis que cometeu quando não teve outra escolha. Ele queria ser punido por eles. A dor ardente que sentiu quando foi ativada serviu a esse propósito. Se fosse bom... seria uma recompensa, não um castigo.

From Wiltshire, With Love | Tradução - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora