Capítulo 78

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Hermione acompanhou Draco até a fronteira das proteções do acampamento. Era o último encontro entre ele e a liderança da Ordem antes da troca de prisioneiros. Draco removeu seu feitiço de Desilusão e eles caminharam de mãos dadas pelas folhas do outono. Hermione se virou para encará-lo. Ele havia mudado desde que se desnudou para a Ordem. Ainda motivado, sarcástico e apaixonante, mas tinha algo mais.

Ela olhou para ele. Ele parecia resignado, mas ainda assim esperançoso. Ela se sentia nervosa e tonta, incapaz de internalizar o impacto dos acontecimentos do dia seguinte.

— Então, vejo você em Hogwarts amanhã de manhã?

— Na Torre de Astronomia. Ninguém irá para lá. — Ela ficou na ponta dos pés para um beijo e ele falou contra seus lábios. — Divirta-se atacando o castelo.

Hermione queria reapresentar Draco a todos, mas ele insistiu em permanecer desiludido para evitar qualquer interação.

— Obrigado pela compreensão — disse ele, esfregando os braços dela. Ela não tinha certeza se sabia. Sabendo o quanto ele estava sofrendo, ela estava simplesmente acomodando seus desejos, sem vontade de brigar com ele. — É difícil olhar alguém diretamente nos olhos — explicou ele. — Sabendo o que fiz aos seus amigos.

— Mas é por sua causa que ainda estamos vivos — ela insistiu com fervor. — É por sua causa que ainda temos uma chance de vencer – e uma boa chance!

Ele bufou uma risada triste e olhou para o lado.

— Honestamente, não sei o que seria pior. Enfrentar sua gratidão ou sua raiva. Eu não mereço a gratidão deles–

— Sim, você-

Draco suspirou alto com o protesto dela e ela fechou a boca, murmurando desculpas por interrompê-lo. Seus lábios se curvaram e ele gentilmente colocou um cacho atrás da orelha dela. Sua autoflagelação a enervou. Antes daquele primeiro encontro com a Ordem, ele teria defendido a si mesmo, sabendo exatamente o quão valiosas tinham sido as suas contribuições.

Maldito Kingsley.

— Não mereço a gratidão deles — repetiu ele com seriedade. — E tenho medo da raiva deles. Posso ter brincado com a Weaselette, mas... — ele fez uma pausa, talvez para enfatizar a importância do que estava dizendo. — Mas eu fiquei parado enquanto os irmãos dela eram assassinados. — Hermione se encolheu, não querendo ouvir seu papel ser colocado de forma tão direta, mas ele continuou. — Ela-Weasel não seria tão indulgente se soubesse. Não consigo olhar nos olhos dela sem ver seus irmãos ajoelhados na minha frente. Você não vê, Hermione? Este julgamento significa tudo. Isso me daria um encerramento, daria um encerramento aos outros e ajudaria a construir um futuro no qual todos pudessem acreditar.

Hermione piscou para ele. Ela não conseguia passar um dia sem ouvir os gritos de Eloise ou ver o sorriso de Dedalus. E agora ela era responsável pela matança indiscriminada de recrutas – forçados a lutar – ao sugerir que a Ordem bombardeasse os seus próprios esconderijos. Ela sabia exatamente o que era viver com atos terríveis. Mas não havia nenhuma maneira de um bando de covardes que assistiram trouxas serem caçados e ficaram sentados enquanto o Ministério era derrubado julgar suas ações.

— Não! Eu entendo! Eu juro! Mas... — seu lábio tremeu. — Mas eu quero estar com você quando isso acabar! E se você for para Azkaban?

— Kingsley disse que eu não iria. — Ela não sabia se Draco acreditava nisso. Hermione não acredita. Ela não acreditou em nada que saiu da boca daquela cobra. Olhando para ela pensativo, ele passou a mão pelo cabelo. — Isso está me corroendo e não aguento. Tem que parar.

Lágrimas recorreram por seus olhos.

— Mas você já se redimiu!

Suas bochechas coraram com seu fervor.

From Wiltshire, With Love | Tradução - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora