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—A onde você tava?— Felix perguntou assim que eu abri a porta, suspirei olhando ele.— Já são quatro da manhã, sue horário é até as três, aconteceu alguma coisa?

—Aconteceu. — abracei ele sentindo o cheiro do cabelo dele.— A Marina passou mal e eu fui levar ela em casa.

—Tadinha, o que ela tem?— Encarei o chão, eu não sei se posso contar pra ele, quais são as regras de um namoro?

—Gravidez.— Falei baixinho torcendo pra ele não ouvir, Felix tossiu se afastando um pouco. — Eu vou dormir...— Puxei ele pro quarto, me deitei na cama de qualquer jeito.

Apaguei, estava tão cansado, meu corpo pedia por socorro, uma semana com a rotina de um trabalhador convencional já era o suficiente pra eu estar cansado.

Acordei com Félix se arrumando pra ir trabalhar, escutei meu telefone tocar, atendi sem ver quem era.

—Martin.— Escutei a voz da Marina.— Eu acho que estou tendo crise de ansiedade, a Natasha não tá aqui.— Me levantei correndo, Felix me olhou assustado.

—Eu ja to indo Marina, em três segundos eu chego ai.— Desliguei o celular guardando ele.

—A onde você vai?— Felix perguntou me encarando.

—A Marina ta passando mal, eu vou la.— Sai correndo, peguei a chave da moto e um capacete, apertei varias vezes o botão do elevador esperando ele abrir, desci correndo pelas escadas, subi na moto e sai, não vi nada na minha frente, não tinha sinal que me parasse nem carro que me fechasse.

Cheguei na casa dela desesperado, subi no elevador o mais depressa possível, cheguei lá em cima ofegante, bati varias vezes na porta, procurei pela minha chave, abri a porta e entrei.

Marina estava sentada na sala tentando respirar, me aproximei dela.

—Mari..— ela apertou minha mão. — Aqui, cheira.— Coloquei meus dedos na frente do nariz dela, ela cheirou.— Agora assopra.— Ela me obedeceu.

Demorei quase meia hora pra acalmar ela, quando finalmente consegui ela me abraçou.

—Todos os dois vão ficar felizes com a notícia, eu já te disse Marina, você vai ser uma otima mae.

—E se eu não der conta?— A voz dela saiu falhada, suspirei.

—Eu vou estar aqui, quando você não der conta é só me pedir ajuda, você não precisa dar conta de tudo.— Ela limpou as lágrimas, levantou indo até um armário, voltou com uma caixa.

—Tem um monte de foto nossa aqui.— Ela abriu dando risada, pegou um álbum, tinha uma foto do aniversário de quinze anos dela, eu usava um vestido comprido e uma gravata ridícula. — Minha mãe queria morrer quando eu disse que você ia ser meu principe.— Dei risada vendo a foto, me lembrava daquele dia como se fosse hoje, minha mãe só ficou sabendo na festa.— E essa!— ela me mostrou outra foto, nós dois de biquíni, me senti incomodado, ainda bem que eu fiz cirurgia. — Nossa, eu não me lembrava que tu tinha esses peitos enormes... meu sonho.— Ela me olhou. — Ainda bem que você transicionou, ta bem mais bonito agora.— Revirei os olhos rindo.

—Olha essa!— Apontei pra uma foto, ela encarou, eu estava deitado no sofá, ela estava do meu lado dormindo.— Quem tirava isso?

—Minha mãe e meu irmão, ele me perguntou  de você esses dias.— Dei risada olhando ela.— O primeiro namorado a gente nunca esquece.

—Ai que nojo, como ele teve coragem de me namorar?— olhei as fotos.— Eu era horrível.

—Martin, você era exatamente igual agora, só que com peitos e cabelo comprido.— Ela deu risada pegando outro álbum. — Esse é o de formatura!— Ela abriu o álbum, sorriu me olhando.— Você lembra dessa foto?— Encarei a foto da gente se beijando, dei risada olhando a foto.

Martin, não seja burroOnde histórias criam vida. Descubra agora