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Eu dormi no sofá do Félix assistindo algum filme dos anos dois mil, acho que não era exatamente isso que ele e o Lucas estavam esperando de mim.

Acordei sentindo um pouco de baba escorrendo pela minha boca, limpei rapidamente procurando pelos dois.

—Entendeu Lucas?— Ouvi a voz do Félix, ele parecia sério. — Conversar sobre sexo com outros adultos é perigoso filho, não da pra saber quais são as intenções deles.

—Se você acha que o Martin é um tarado, por que deixa ele vir pra ca?

—Eu não acho ele um tarado... Mas eu não conheço ele tão profundamente, todo homem...

—É um possível abusador, eu já sei disso Carol.— fechei meus olhos, escutar isso não foi tão legal, claro que eu entendo as preocupações do Félix, mas é um pouco triste saber que eu posso ser considerado uma ameaça de alguma maneira, e ate um um pouco estranho, se considerar o fato de que eu ja passei pela pele de ser uma mulher em uma sociedade igual a nossa, é melhor parar de falar de qualquer coisa sexual perto do Lucas, preciso ficar atento sobre isso.

—Vai escovar os dentes, eu vou tentar acordar ele, ai a gente vai pra batalha.— Vi o Lucas sair do próprio quarto indo pro banheiro, enquanto isso Félix veio na minha direção. — Martin.— Ele tocou minhas costas.— Já é oito e meia...

—hm..— Fingi estar acordando, passei a mão no rosto.— Eu dormi?

—Sim... acho que o filme estava chato.— Ele riu um pouco.— Ja ta dando a hora da batalha, é melhor você acordar.

—A gente pode ir de carro, peguei emprestado com a Marina.

—Talvez seja perigoso... eu vou perguntar pro Lucas, eu geralmente não vou nas batalhas. — Ele foi até o banheiro, voltou concordando.— Ele disse pra parar um pouco antes.

—Ele não fica com vergonha de você acompanhar ele nos roles?

—Na verdade não, tem gente da nossa idade la, a gente vai passar despercebido.— Concordei me levantando, Lucas saiu do banheiro, completamente estilizado, diferente do pai, o Lucas tinha uma pele mais escura, a roupa ficou perfeita nele.

—Cara, você ta incrível.— Estendi a mão, ele bateu nela sorrindo.— Vamos? Eu tenho uma surpresa pra vocês depois.— Lucas me olhou animado, Félix concordou saindo de casa.

— Pai a gente pode passar pra buscar o Pedro? Ele quer ir também.

—A mae dele deixa?— Félix perguntou, quando vejo ele assim, agindo como pai, enxergo uma pessoa completamente diferente da que estava comigo no clube.

—Deixa se você for, o Pedro disse que a mãe dele confia em você.

O Félix me olhou, dei de ombros, por mim tanto faz, desde que esse menino não atrapalhe meus planos.

Passamos na casa do tal Pedro, ele o Lucas ficaram no banco de trás improvisando rimas até chegarmos no lugar, estava lotado de pessoas, consegui ver que alguns meninos ja batalhavam, quando eu era menor tinha tanta vontade de vir, mas minha mãe mal me deixava ir na padaria.

Nós descemos, o Lucas e o Pedro correram na frente, Felix foi me acompanhando.

—Eles gostam mesmo disso ne?— Felix concordou sorrindo.

—O Pedro disse pro Lucas que ia ensinar ele sobre a cultura preta de periferia, e nunca mais sairam daqui.— Ele sorriu se apoiando em um poste.— eu acho legal ver esses jovens tão criativos, é interessante ver como rimam bem.

—falando assim você ficou parecendo ter cinquenta anos.— Me posicionei na frente dele, ele riu passando a mão no meu rosto.— Sera que vão achar ruim se eu beijar você?

Martin, não seja burroOnde histórias criam vida. Descubra agora