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Acordei com uma conversa baixa do meu lado, abri os olhos devagar, Felix estava em pé conversando no telefone, encarei ele em silêncio.

—Ah você sabe Lucas!— Revirei os olhos, é claro que eles estavam conversando.— Tá bom, pega o metrô, cuidado ta? Te amo.— Ele desligou o telefone, encarou o espelho na frente dele.— Bom dia Martin.

—Bom dia.— Me arrastei na cama até chegar na berada.— Me da um beijinho.

—Martin.— ele se virou, estava com uma cara séria, suspirei.— Me da seu cu.— Ele deu risada, revirei os olhos dando um chutinho leve nele.

—Você quer transar?— Perguntei me aproximando, Felix deu risada colocando o cabelo pra trás da orelha.

—Pra ser sincero, eu quero, mas a gente pode deixar pra fazer isso a noite hm?— Dei de ombros, Félix sentou no meu colo.— O Lucas pediu pra arrumar a mochila dele... pode fazer isso por mim?— Concordei me levantando, ele olhou o relógio. — Vou trabalhar a tarde hoje, to indo fazer o almoço, quer algo?

—Não, obrigado.— Beijei a cabeça dele indo para o quarto do Lucas, abri a mochila dele tirando os cadernos, quanto material escolar esse menino tem? Puxei uma pasta, os papéis cairam todos desorganizados, peguei eles tentando organizar, um me chamou atenção, abri curioso.

TESTE RÁPIDO

[×] HIV
[ ] sífilis
[ ] Hepatite B
[ ] Hepatite C

Peguei o papel e corri até o Félix, ele pegou, abriu, leu em silêncio, me encarou.

—É do Lucas...— Concordei mesmo sabendo que não era uma pergunta.— O Lucas... o que?— Ele parecia tão confuso quanto eu, Felix deitou a cabeça no meu peito, amassou o teste ficando em silencio.

—Você acha que...— Felix suspirou, fiquei em silêncio sem saber o que falar.— O Lucas já fez sexo?

—Não sei...— Ele colocou o teste em cima do balcão, suspirou fechando os olhos.—Não se parece com os testes que a gente faz no meu trabalho... parece mais algo não profissional.

—Você acha que o Lucas foi tipo um... cobaia?— Ele deu de ombros, escutei a porta abri, Félix e eu nos viramos, Lucas nos encarou em silêncio.

—Que foi?— Ele perguntou se aproximando, olhou o papel no balcão, deu uma risada fraca.— Eu... sou virgem tá... isso dai é trabalho de escola.— Suspirei aliviado, Félix encarou ele.— A gente tinha que fazer uma espécie de... ai não sei explicar, é pro projeto de biologia, cada um fica responsável por um tema, o meu é HIV, o do Pedro por exemplo é sífilis.

—Sério?— Félix perguntou, ele concordou.— Você não está me escondendo um diagnóstico, está?— Lucas negou, Felix abraçou ele.— O metrô foi rápido.

—Eu vim andando na verdade.— Lucas se jogou no sofá, me sentei ao lado dele.— Mas já que a gente tá falando sobre sexo... como é que se chupa uma vagina.— Félix e eu nos olhamos.— Só pra caso eu e a Gi... bem, vocês sabem.

—Já ta pensando em iniciar sua vida sexual?— Perguntei curioso, ele corou envergonhado, dei risada. — Não tem uma fórmula Lucas.

—Filhote, você ainda é novinho.— Felix beijou a cabeça dele.— Espera um pouco.

—Pai, você sabe que não é assim que funciona, e outra, eu vi alguns pornos e...

—Não!— Félix repreendeu ele.— Não faça como nos pornos Lucas! Nada daquilo é real!— Dei risada concordando, Lucas suspirou fechando os olhos.

—Posso ser bem real?— Félix e eu concordamos.— Ela já me chupou umas tres vezes, mas eu não tenho coragem de... voces sabem.— Encarei o Félix, o que ele quer que eu diga? Na minha cabeça o Lucas ia demorar muito pra ter uma vida sexual ativa.

Martin, não seja burroOnde histórias criam vida. Descubra agora