꧁ 75 - Insuficiência ꧂

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New York - 16 de Janeiro - Terça-feira - 00:22 AM

Pov Melinda

Minha felicidade?

Como ela queria minha felicidade se estava me dando uma das piores notícias que eu recebia em meses?

Três meses para minha vida virar de ponta cabeça, de novo. Três meses para enfiar na minha cabeça que eu não faria mais parte de sua família, que eu não teria mais ela ou qualquer outro membro da sua família na minha rotina. Passeios combinados, visitas marcadas, permissões para visitar nosso apartamento, não eram suficientes. Nada era suficiente para me fazer concordar com tudo isso.

Sim, eu sabia que uma hora outra esse momento iria chegar, mas os planos estavam marcados para daqui a muitos anos a frente, não a malditos três meses. Eu não conseguia me conformar, por que ela não perguntou minha opinião antes? Diz que não quer ser egoísta, mas continua sendo, como eles decidem uma coisa dessa magnitude e não me informam nada?

Senti meu peito apertar mais uma vez, a sensação era a mesma que senti na noite em que meu pai falou sobre o casamento, estava irredutível em aceitar assinar o contrato. E agora, estava aqui me derramando em lágrimas porque não queria que a droga desse bendito acordo fosse encerrado. Era irônico, eu sei. Mas é a realidade, só de pensar em me afastar dela ou da sua família me dava pânico, me deixava aterrorizada.

Cada vez que ela falava em liberdade, ou de como eu iria poder construir uma vida ao lado de um estranho, meu peito apertava e uma nova onda de lágrimas surgia por trás de meus olhos.

Só o mínimo pensamento em ficar longe dela, em não dividir mais uma vida ao seu lado, fazia meus nervos ficarem a flor da pele. E o motivo? Eu não faço ideia. Medo, talvez? Eu conseguiria construir uma relação tão parecida com a que temos? Conseguiria confiar a alguém todos os segredos sórdidos da minha vida, sem medo de ser julgada assim como acontece com ela?

E o que era esse sentimento de angústia toda vez que eu olhava para seu rosto e lembrava que agora tínhamos uma contagem regressiva para nossa separação? Minha cabeça parecia um dos estúdios de fotos, quando tinha várias modelos para ser fotografadas ao mesmo tempo, uma confusão só. Essa notícia veio como um balde de água fria em cima das confusões sentimentais que já me assolavam a um bom tempo.

Abri meus olhos observando seu rosto praticamente grudado ao meu e me afastei de seu toque, ainda bem abalada. Nossa noite estava sendo perfeita, a comida, o lugar, nosso papo, mas aí tudo foi arruinado com a introdução desse assunto. Depois desse dia tão corrido, a única coisa que eu queria era aproveitar nossa noite da melhor forma possível, não acabar assim, desolada e triste.

Ela tentou me prender a ela, no fundo, eu queria seu carinho, queria que ela me consolasse e não saísse de perto de mim, mas preciso de espaço para pôr a mente em ordem. Preciso o mais rápido possível compreender toda essa explosão de sentimentos que estava sentindo, e foi com essa intenção que disse que queria ir embora.

Ela não fez nenhuma objeção, então voltamos para dentro do restaurante e pegamos nossas coisas, pagando a conta logo em seguida. O lugar que ela havia reservado para nós era perfeito, duas grandes áreas, uma voltada para um encontro mais informal e o outro para uma coisa mais confortável.

Fora a localização, que tinha uma vista simplesmente perfeita. Era possível observar todo o Central Park dali de cima e também vários outros bairros da grande cidade. Tudo estava sendo realmente perfeito.

THE CONTRACTOnde histórias criam vida. Descubra agora