CAP. 42 - Uma jaula feita de pensamentos

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*CAP. COM VIOLÊNCIA DESCRITA*
p.s.: não consegui adicionar imagens ao cap de hoje, então vai sem mesmo.

~

Savage H. Lancaster
14 de Outubro de 2012.

Será que a desidratação de tanto chorar pateticamente - como eu venho fazendo desde ontem - colabora com a minha exaustão? Talvez sim. Talvez eu tenha que olhar por esse lado.

Tudo bem que eu também não dormi muito bem a noite. Talvez umas... duas horas? Acho que nem foi tudo isso, para ser honesta. Suspiro longamente e meus olhos continuam desenhando a jaqueta que seguro com força e entre meus dedos da mão direita. Aquela jaqueta manchada de tinta de Leon Kennedy. De vez em quando eu a aproximo de meu rosto apenas para inalar os resquícios de seu cheiro que ainda estão aqui, presentes. Fico me perguntando se realmente não cometi um erro ontem a noite, mandando-o ir embora. Mas, é o justo, certo? Eu mereço que ele seja honesto comigo e ele claramente não quer isso. Então... é, foi o melhor tê-lo mandando embora, sim. E eu vou melhorar. Definitivamente irei. Eu só preciso de um tempinho. Está tudo resolvido na minha vida por agora, então, meu único dever agora, é esperar. Wiliam Verus, Jordam Chase e Devon Mclain estão mortos, fora do meu caminho. Eu tenho uma boa grana e até Carrie poderá cuidar de sua avó muito bem agora, com todo esse dinheiro. Eu só tenho que continuar com minha rotina de bosta por uns meses, para ter uma boa justificativa financeira e assim adotar Eddie. Eu não paro de pensar na ideia de simplesmente ir embora para começar do zero. Porque eu tenho certeza absoluta que se eu continuar em Miami, nunca serei capaz de recomeçar. De renascer. Eu preciso ir embora, preciso ir para um novo lugar.

Quero que sejamos apenas eu, Eddie, Carrie e sua avó. Será perfeito. Acho que... com o tempo... esse vazio imenso no meu peito também irá se curar. É, eu sei que vai. Porque é só falta dele. Do Leon. Do cheiro dele, do sorriso dele, de como ele fecha a cara de modo emburrado quando come algo que não gosta, seja para me agradar ou experimentar pela primeira vez. Estou com saudade de absolutamente tudo, de cada mínimo detalhe dele. Mesmo que eu tenha uma lista inteira de reclamações, de como ele é horrível em certos aspectos, eu entendo completamente. Aprendi a conviver com isso desde Fevereiro deste ano, considerando nosso primeiro encontro inusitado. Ele é um ser humano, assim como eu, então o mínimo, principalmente considerando tudo o que sinto por ele, seria compreendê-lo. Compreender seu jeito e seus motivos. Eu não deveria desejar mudá-lo, porque sou completamente apaixonada por quem ele é e isso eu nunca nem mesmo serei capaz de negar. Eu só queria um pouco mais de humanidade. De honestidade. Sei que sou péssima, horrível também, mas... eu não sei. Talvez eu esteja exigindo demais. Olhando bem, eu sou um monstro. Um devido monstro ordinário que nunca nem mesmo deveria ter nascido. Então quem sou eu para suplicar por honestidade e humanidade? Principalmente considerando que sou eu quem está escondendo ainda mais coisas dele. Coisas sobre mim e meu passado. Mas eu sei que se contasse tudo... ele mudaria seu modo de me ver, de como se sente em relação a mim.

É horrível e confuso demais. A cada segundo que se passa, eu fico ainda mais sem saber o que fazer neste momento.

Suspiro frustrada e aproximo a jaqueta em mãos um pouco mais de meu rosto outra vez nesta tarde. Fecho meus olhos e os pressiono com força, praticamente me abraçando ao tecido cheiroso que me conforta agora. Eu queria tanto que ele estivesse aqui. Queria tanto que Leon Kennedy soubesse de toda a história do Eddie, por trás do Eddie. Queria, honestamente... que ele fosse o pai do meu filho. Queria ter um companheiro para me apoiar num momento de angústia como esse. Eu queria uma companhia, alguém para dizer que vai ficar tudo bem. E eu não vou mentir. Eu queria que fosse ele. O Leon. Se for outra pessoa a fazer isso... não será a mesma coisa. Engulo em seco e por um momento, minha cabeça consegue finalmente ficar em branco. Eu não penso em absolutamente nada e sei que toda a culpa vem da exaustão que estou sentindo. Fico feliz por isso. Mesmo que eu esteja absurdamente cansada, física, mental e emocionalmente, é melhor assim. Não pensar em nada. Porque parece que sempre são um milhão e meio de coisas para pensar de uma vez só. Tremendamente exaustivo, me esgota ao limite e simplesmente compartilhar isso mesmo que seja para desabafar, é ainda mais desgastante. Porque eu odeio a cara de pena que as pessoas fazem quando escutam sobre tudo isso, sobre mim e sobre minha "história de vida". História de vida ridiculamente patética. E, sempre falar sobre isso, mesmo que na tentativa simples de só querer tirar um peso dos ombros, faz com que eu me sinta ridícula. Pequena. Diminuída. Sinto que estou me vitimizando e o sentimento é horroroso. Então... é melhor ficar na minha. É sempre melhor eu ficar caladinha, na minha, no meu canto e com toda a minha confusão apenas para mim.

𝑩𝒖𝒔𝒕𝒆𝒓 𝑪𝒍𝒖𝒃 - 𝑳𝒆𝒐𝒏 𝑺. 𝑲𝒆𝒏𝒏𝒆𝒅𝒚 | +18Onde histórias criam vida. Descubra agora