Capítulo Quatro

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Seria o cúmulo se não fosse verdade.

O maior biquíni que encontramos, era na verdade, tão pequeno quanto os outros, milimetricamente diferente.

Claro que minha reação foi motivo de altas gargalhadas das meninas, mas nada que tenha realmente me chateado. Era engraçado, na verdade. O fato de sermos de mundos completamente diferentes e mesmo assim me sentir entusiasmada em experimentar algo novo. Algo que eu realmente quisesse usar.

Não que minhas roupas fossem algo completamente imposto por meus pais - especificamente minha mãe - para que eu usasse, entretanto, mesmo sem ordens - na maioria das vezes -, eu sempre me sentia forçada a cobrir o máximo de pele possível, mesmo preferindo as peças mais leves e soltinhas.

"Ina, tu é gostosa sabia? Se não fosse crente eu caia em cima." - comentou Marcelle. Arregalei os olhos completamente sem graça e corada e a olhei incrédula.

"Pelo sangue de Jesus Cristo, Marcelle?!" - perguntei rindo e escondendo meu rosto com as mãos. Elas riram em conjunto e me guiaram para fora do quarto.

"Ah, vai dizer que cê nunca ficou com uma menina?" - perguntou Maria. Imediatamente lembrei-me de Miranda e senti minhas bochechas e pescoço quentes.

"Ai meu Deus, você já ficou com uma garota!" - constatou Maria que me encarava. - "AI MEU DEEUS!" - gritou empolgada e surpresa.

"Isso é sério Catarina?" - questionou Analu.

"Hum, quem te viu quem te vê em irmã." - debochou Joseane.

"Nos conte tudo e não esconda nada!" - pediu Ana Lúcia.

Sentamos sobre as espreguiçadeiras, eu no meio e todas as outras - excerto Joseane - inclinadas em minha direção demostrando total interesse.

Não era um momento da minha vida que gostava de recordar, mas as meninas tornaram o assunto tão leve e fantástico que logo estava contando todos os detalhes, 
Miranda tinha sido minha primeira paixonite, o momento mais aflorado da minha curiosidade, compartilhar isso tinha deixado todas em choque, até mesmo Jose em algum momento se aproximou para me ouvir, disseram que eu, toda certinha e boa moça, jamais sequer deixava imaginar esse meu lado...

"Lésbica?" - perguntei incrédula. - "Eu não sou lésbica, Maria Fernanda."

"Você nem sabe o que você é no geral, que dirá sua sexualidade, Catarina." - disse Joseane, se referindo diretamente a mim pela primeira vez.

"Mas... eu não sou, não posso ser, meus pais me matariam."

"Você não é, ou não pode ser?" - perguntou Marcelle.

"Bem, eu... eu..." - balbuciei qualquer coisa sem saber realmente o que responder.

Nunca tinha me questionado sobre aquilo, minha sexualidade nunca tinha sido pauta para mim, principalmente depois do episódio com Miranda, eu era o que deveria ser e ponto, não tinha outra opção, ainda mais vivendo com quem vivia e frequentando o local que frequentava. Na igreja todos pressupunham coisas de você, e ser hétero, era algo mais certo do que ser crente em si.

Mas, agora que tinha vindo a tona, o que eu era afinal?

"Não vamo esquentar a cabeça dela com isso meninas, hoje é dia de relaxar." - disse Analu, desviando do assunto. - "Vem, Cat, vamo toma um banho."

Ela se levantou e segurou em minha mão me levando para piscina. O assunto mudou, conversamos a tarde inteira, mas nada tirava aquele assunto de minha mente, a pergunta dando voltas e voltas em minha cabeça, mesmo tentando me distrair com as piadas e brincadeiras das meninas, meu clima não era mais o mesmo. Aquele assunto tinha me prendido de jeito.

As Cores do Seu Amor - Livro II | Trilogia Amor De bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora