Capitulo Dezenove

137 15 12
                                    

O táxi me deixou na principal, há uns metros da favela, normalmente não passavam mais que isso dessa área, os traficantes tinham a terrível mania de dar sustos nos motoristas.

Paguei a viagem, agradeci e saí do automóvel.

Na entrada do morro os vapores me cumprimentaram com um aceno de cabeça, sorri em resposta e segui caminho subindo a ladeira extensa em direção a minha casa.
Não passava das 21h00min, a rua ainda estava movimentada, provavelmente o culto já estaria terminando; meu "passeio" tinha sido apenas a viagem de ida e volta de carro, pois o que deveria ser um encontro entre amigos divertido no shopping se tornou o pior momento do meu dia.

Mas não queria por nada me lembrar daqueles instantes, se pudesse apagar da minha memória esse reencontro o faria.

Precisei parar no meio da ladeira para respirar e recuperar o fôlego. E nessa pausa avistei Ana e Playboy de longe, acenei para ambos que mudaram o caminho vindo em minha direção.

"Coe, tudo de boa?" - perguntou playboy assim que se aproximou, fez um toque em minha mão e sorriu.

"Tudo tranquilo por aqui."

"Iai amiga, que saudade." - disse Analu quase me esmagando com um abraço de urso.

"Vai me matar desse jeito." - zombei em seu ouvido e ouvi sua risada.

"Tava por onde?"

"Ah, um encontro que não deu muito certo."

"Encontro é? A Souza tá sabendo disso?" - perguntou playboy com deboche e um sorriso sacana no rosto. Revirei os olhos e sorri sem graça.

"Eu e a Souza não temos nada, playboy."

"Vo conta pa ela." - ameaçou em tom de brincadeira.

"Tá querendo empacar os esquemas da mina, filho?" - perguntou Ana também brincando.

"Vocês dois são insuportáveis sabia?" - ambos gargalharam e acabei me juntando.

"Mas Iai, tá indo pa onde agora?"

"Casa, descansar."

"Bora subir junto então, tamo indo pra casa também." - ofereceu playboy.

"Beleza."

Playboy passou os braços por meu ombro e o de Ana ficando em nosso meio, subimos o resto do morro conversando e brincando como três crianças. Duas no caso, ele e a Ana, eu era o motivo da piada, eu e a Souza, já tava de saco cheio de tanta zoação, os dois insistiam que nós duas ia dar em algo, que a Amanda só vivia irritada e suspirando pelos cantos, pensando em algo, ou alguém, que eles suspeitam ser eu.

Du-vi-d-o-do!

A Amanda tava muito bem sem mim, vivia subindo e descendo com Raquel na garupa, pelo que minhas fontes - vulgo Maria fofoqueira e Marcelle compartilha histórias - me contaram. Ela só queria alguém a mais pra por na fila de peguetes dela, aquele papo que tivemos quando recebi sua carona não me enganou, já entendi o joguinho ridículo dela.

"Vai dar problema cês duas, tô te falando pô."

"Não vai dar nada playboy, Souza tá com Raquel e eu não quero me meter nessa história." - suspirei e revirei os olhos.

"A Raquel é puta amiga, tá com um e outro, não existe 'história' delas." - disse fazendo aspas na palavra.

"Falando no diabo."

Instantaneamente paramos - ou apenas eu - e olhamos ao redor - novamente, apenas eu -, de um beco qualquer saia Amanda em sua moto, sozinha, vestia uma bermuda casual preta deixando à mostra o cos da cueca CK, um top da mesma marca preto e um boné virado pra trás.

As Cores do Seu Amor - Livro II | Trilogia Amor De bandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora