As Cores do Seu Amor - Livro II | Trilogia Amor De bandido

Capítulo Vinte e Três

Passei pelo vão da porta com um prato cheio de torta na mão. Para minha surpresa, Catarina se embalava num sono pesado na cama, completamente descoberta, deixando a mostra aquele baby doll chamativo que se encaixou perfeitamente em seu corpo modelado. Pareceu até proposital quando ela repuxou o joelho para si ficando numa posição mais confortável e deixando sua bunda empinada.

Respirei fundo, tentando trazer sanidade para minha mente. Não era certo ficar observando ela daquela forma, ainda mais dormindo, mas era quase impossível controlar meu olhar sedento. Mais uma vez ela se remexeu sobre a cama de casal entreabrindo as pernas.

"Porra loirinha, assim tu fode comigo" - resmunguei num sussurro. Deixei o prato sobre a cabeceira e sai do quarto o mais rápido possível, antes que fizesse uma besteira maior.

Voltei para meu quarto, tomei um banho gelado e demorado e me deitei na cama nua mesmo. Precisava refrescar todo aquele calor surreal que mexia com meu raciocínio.
Não demorou muito eu capotei.

***

Os flashs de luz adentraram o quarto pela brecha da cortina, queimavam meu braço que já estava avermelhado. Me espreguicei entre os lençóis, soltei um gemido agudo enquanto esticava o corpo. Suspirei alto e me sentei recostando as costas na cabeceira, peguei meu celular entre os travesseiros e disquei o número de Playboy.

"Fala tu, putona." - atendeu no terceiro toque.

"Coé playboy, tô afim de ir hoje não, dá pra dar uma segurada só hoje?" - pedi. Ele ficou em silêncio por alguns segundos e decidi apelar. - "Coé playboy, mês todo nessa correria aí, tá ligado que tô contigo pro que der e vier, não sou de largar de mão meus trampo, cê sabe. Libera ae."

Ele suspirou pesado e soltou um estalo com a língua do outro lado da linha. Sorri vitoriosa.

"Tá ciente que essa porra vai chegar no chefe né?"

"Ah, deixa que eu me resolvo com ele depois."

"Jae, fé pá nós."

"Fé."

Na verdade, não sabia muito bem o porquê de querer ficar em casa, simplesmente não estava com vontade de ir resolver nada hoje.

Levantei da cama e fui direto pro banheiro, tomei um banho rápido, me enrolei na toalha e voltei para o quarto, caminhando em direção ao meu guarda-roupa. Mas um grito me chamou a atenção, um específico.

"DONA CINTIAAA!" - gritou Catarina.
Por um segundo permaneci parada onde estava, mas logo deixei a atitude de lado ao pensar que ela poderia ter se machucado, de novo.

Corri em disparada porta a fora até o quarto em que era dela - agora - e encontrei a porta entreaberta, pensei primeiramente que ela tinha caído tentando sair dele, mas me surpreendi ao vê-la sentada na cama com os pés para fora da cama - sem encostar no chão por ser alta demais pra ela - com os cabelos desgrenhados e o rosto inchado.

"Por que está correndo?" - perguntou quando me avistou.

"Eu... Você... Você gritou, achei que... Tivesse se machucado de novo." - respondi. Ela inclinou a cabeça e sorriu com as bochechas inchadas.

"Own, você ficou preocupada?" - disse num tom de zombaria.

"Óbvio, tu parece criança, preciso ficar de vigia até em casa." - ela revirou os olhos e bufou.

"E você? Não tem roupas?" - ela ruborizou após se dar conta do que tinha dito.

Esqueci completamente como estava por conta do ocorrido, estava enrolada numa toalha mediana de cor vermelha, vestia apenas isso.

"Por quê? Não gosta do que vê?" - sorri de lado e me aproximei da cama.

"Não comece com isso, Amanda."

"Com o que? Não fiz nada."

"Dona Cíntia vai voltar, não deveria estar aqui?"

"Por que? Eu moro aqui."

"Você é sempre tão irritante?"

"E você fica sempre tão linda nervosinha?"

Golpe final. Ela ficava realmente linda vermelha, o pescoço, as bochechas, o sorriso sem graça, me perguntei o que ficava vermelho quando provocava ela...

"Por que está aqui ainda? Já deveria ter ido embora."

"Não vou pra boca hoje, tô afim de ficar em casa."

"Traficante também tem folga?"

"Temos mais coisas do que tu imagina."

"O que? Décimo terceiro?" - brincou e caiu na gargalhada com a própria piada. Revirei os olhos e não resisti ao sorriso que surgiu em meu rosto.

"Chei de graça tu né? Tá toda piadista hoje."

"Está tudo pronto para seu banho, senhora Catarina."

"Por Deus, pare de me chamar assim, é só Cat." - ela levou a mão até o rosto quase irritada e suspirou. - "Eu odeio você por isso, sabia?"

"Se reclamar demais, vou ajudar a te dar banho."

"Não se atreva, Amanda Souza!"

Minha vez de gargalhar, dei as costas rindo e sai dali, indo em direção ao meu quarto.

***

Perto do horário do almoço foi quando sai novamente do quarto, o cheiro forte da comida exalava por toda a casa. Caminhei em direção ao quarto de Catarina e a encontrei deitada - como sempre, ultimamente - na cama mexendo na TV.

"Estou começando a achar que está apaixonada por mim, Souza."

"Iiihh tá chapando fia?" - rimos. Me sentei ao seu lado na cama e pus os braços atrás da cabeça.

"Estou morrendo de fome, vou virar uma bola aqui na sua casa."

"Tá ficando gostosa, isso sim."

"AMANDA!" - seu grito me arrancou uma gargalhada, assim como seu tapa que não causou qualquer dor em mim.

"Tô falando a verdade."

"Você é descarada, me deixa sem graça." - virei em sua direção e sorri de canto.

"E é uma delícia te ver vermelhinha assim." - sussurrei me aproximando dela. Ouvi seu suspiro pesado e vi seu corpo se arrepiar gradativamente a cada vez que me aproximava.

"O almoço está pronto, Cat..." - a porta se abriu e Cíntia passou pelo vão do quarto, mas parou no lugar quando nos viu. - "Desculpa, não queria atrapalhar."

"Não está atrapalhando nada, não estávamos fazendo nada." - respondeu Catarina, nervosa. Sorri com sua resposta e assenti com a cabeça.

"Vou almoçar, até mais tarde loirinha." - antes que ela pudesse responder, despeje um beijo estalado em sua bochecha, dei as costas e saí do quarto.

Aquela estadia em minha casa iria dar e render história entre nós duas, e agora que tirei a certeza que ela sentia o mesmo por mim, só bastava esperar ela se recuperar...